Já vi homens com mais classe entre
caminhoneiros de macacão sujo
borracheiros de mãos engraxadas
begrões nos vagões de trens da CPTM
Bebuns de banco de praças
Ladrões e bandidos abrindo a porta do ônibus
Que escritores e pensadores
Já vi mais filósofos na sarjeta
ou moscas de bar
Mais poetas nos botecos ou santas em bordéis
O estilo e a sacada e a pegada estão no lance
no golpe de vista e dos dados lançados
Putanheiros, loucos presos em seus corpos de mendigos
ou de mulheres doidas e tarados
Aprenderam a cagar nos cantos da rua sem frescura
Poucos homens sabem o que fazer
quando não há nada para fazer
Nunca me animo em acordar cedo
rotina mas no máximo aguento cinco horas
depois tenho que
saber comer azeitonas chilenas com um palito
abrir uma cerveja e um charuto
são também uma arte
Apenas não me gabo
nem acho mais importante
por isso estou lá no meio
não coloco uma coroa de louros
na cabeça
Claro que é melhor ficar vagabundeando
Só isso pode melhorar um homem
sua vitrola, uns livros e litros
pra seguir adiante
Prefiro o estilo que manda tiros curtos
golpes certeiros à prosa prolixa
Quem escreve deve também exercitar
seus músculos e cérebros em
alguma outra coisa
Já me meti na arte da guerra
como muitos talvez já entraram
Hemingway ou Neruda ou Garcia Lorca
estourado na Guerra Civil espanhola
ou qualquer um que meteu a mão na merda
talvez isto estrague, talvez não
por estarmos atolados na mesma merda
quebrar a cara e ser como uma ave desengonçada
neste meio é quase que uma regra
Ou quem sabe, há tantas pessoas
desprezíveis e fúteis e medíocres
e insanas e dementes nesse meio
que os momentos solitários
ou com a negra e índia
fazendo o rango
tomando uma birita
são infinitamente
superiores
a qualquer
uma
dessas
outras
coisas
REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
Eles fazem
isso
isso
com toda
sua
idiotice
sua
idiotice
com
toda
sua
empulhação
sua
empulhação
sugando o
que
não
não
temos
até
o
dia
o
dia
em que
o
mais
calmo
deles
o mais
calado
calado
aquele
quieto
no
quieto
no
seu
canto
levanta
saca
o seu
canivete
o seu
canivete
emputecido
chuta o balde
toca
pra
foder
foder
dá um
foda-se
foda-se
para
tudo
e
tudo
e
todos
Eles fritam
nossos bagos
em óleo
de
cozinha
fervente
com todos
seus
seus
procedimentos
com toda
sua
sua
rotina
Fazem
cobaias
seus
métodos
métodos
seus
estudos
estudos
enquanto
só quero
sossego
só quero
sossego
ficar
no meu
canto
lendo
música
brincando
bebendo
comendo
curtindo
a dor
foda
da
vida
curtindo
a dor
foda
da
vida
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