sábado, 5 de junho de 2010

O porquê de eu gostar de tantas citações: sou gatuno das ideias dos outros

As citações, no meu trabalho, são como ladrões à beira da estrada, que irrompem armados e arrebatam o consciente do ocioso viajante.
Walter Benjamin, Rua de Mão Única

O coelho branco caminhando pelas estradas de ouro na Terra de Oz


Depois daquele trampo todo na quinta-feira, da arrumação de tudo na casa, ainda assistimos um filme, na verdade um documentário sobre o tráfico no Rio de Janeiro. Além das cenas daqueles que estão destinados para a cadeia ou para o caixão, cenas do cotidiano, uma ronda na favela, bailes funks, tiroteios e bangue-bangue na favela, o documentário mostra o papel que as Igrejas de papel, pentescontais, protestantes e todas as seitas possíveis tem uma estratégia muito clara para as favelas no Rio de Janeiro. Eles conseguem fazer de ex-traficantes, ao menos os intermediários, de aliados. E assim conseguem fazer um conluio com o tráfico, estabelecem um código de moral e bons costumes de convivência na favela, que visam amenizar os conflitos e possíveis mortes, decorrentes de dívidas. Eles chegam até os cabeças do tráfico e conseguem pôr toda aquela baboseira metafísica-religiosa, e fecham os cercos. Eles substituem o poder público, o estado em várias funções, como assistência, saúde, educação, chegando ao ponto de distribuir até comida e remédios na favela pra obter a moral. Esse é o trabalho social da Igreja e dos traficantes no rio de janeiro, e ainda por cima, com a conivência de alguns policiais corruptos. Vi o filme sem nenhum escrupulo, livre de todo amoralismo, só da forma como acontece, há muito de sentimentalismo e culpa cristã nos próprios traficantes, eles sentem-se mal com seus pecados, o vazio os domina, e Deus acaba sendo um refúgio para todos seus males. Quem anda pelas perifas sabe bem do que estou falando, pois em cada quarteirão, há meia dúzia de botecos, igrejas dos mais distintos e inusitados nomes, e mais e mais bocas e pontos de tráfico disfarçadas de lojas que vendem esfirra. Só Deus salva.
Ontem também foi um dia corrido. Ainda fui trabalhar ontem, pela manhã e À noite. Entre a manhã e a tarde, fomos, com cerca de 18 estudantes da escola ceneart, que fica no centro de Osasco, ao Museu da Língua Portuguesa, no bairro da Luz. Foi bem divertido e tranquilo, como sempre, fizemos o trajeto através da antiga estrada de ferro Sorocabana. À noite, tive que lidar com os fantasmas, pois não foi nenhum estudante e choveu pra burro, mas ainda consegui passar no Teatro Municipal de Osasco pra conferir a apresentação do Flávio Guimarães do Blues Etílico, mandando ver Yardbirds e muitos outros blues. E um blues, para um homem surrado, duro e mal pago sempre cai bem, como já disse aqui. E depois, encontrando amigos, com essa chuva e esse frio, preciso encontrar um bar quente para tomar uma dose de um Domecq.
E várias fantasias passam e filmes passam pela minha cabeça, voltam cenas de moleque, entre elas várias imagens de uma lady Foxtrot vestida com seus vestidos vermelhos ou aquela outra de uma saia tubinho verde com as sobrancelhas pintadas de verde também. O ser louco, o ser quixotesco num mundo em que não te compreendem, lutando contra moinhos de ventos gigantescos. A sensação de ser um suicidado da sociedade, preso com camisa de forças, num mundo em que os loucos sagrados são execrados.
Andando na bota por diversos bairros da Terra de Oz, acabo virando mais um que faz companhia para a Dorothy de Kansas City, menina do blues,  ao leão covarde, ao homem de lata sem coração e o espantalho descerebrado. Ou quem sabe eu seja o coelho branco sempre atrasado que Alice segue na profundidade da toca do coelho, comendo cogumelos, tomando chás ou sementes vermelhas de papoula de Morpheus, rumo ao país das maravilhas de Lewis Caroll e dos irmãos Warsholski, ao som de Jefferson Airplane.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Tocando a vida como posso


Feriadão frio, gelado. Feriado é bom em São Paulo porque um monte de gente sai, especialmente a classe-média-neuras, que leva suas neuras e vais às compras no interior ou para o litoral, ou quando não vai para o exterior. É só assim que a cidade passa a pertencer àqueles que nela habitam, trabalham e ralam para construir. A barulheira pára um bocado, a agitação e o stress. Daí podermos dar uma volta pelo frio noturno e gelado, apenas para conversar, tomar um quente pro tempo passar mais devagar. Como eu trampo amanhã, vamos levar a molecada de trem até o bairro da Luz no museu da língua, e ainda  tô pegando o rescaldo do desconto da greve, então, pra minha pessoa, feriado ou não, tanto faz.
Aproveitamos- eu e a índia potiguar -para dar um trato na casa que nem nossa é, alugada, mas tá valendo. Jogamos um bocado de papel fora, algumas dessas estantes de montar de ferro, arrastamos uns móveis.  Eu fiz uns consertos para fazer a ligação de uns cabos em casa, estou ficando muito bom nestes serviços pequenos em casa, com a caixa de ferramentas, além de fazer o rango, uns filés de frango com alho, um arroz, refoguei na mesma frigideira couve-flor, e comemos com fava e pimenta. Pra sobremesa, romeu e julieta, goiabada cascão e muito queijo minas.
Estou curtindo um bocado escutar alguns sons que consegui baixar, o primeiro solo do Jon Anderson, Il Balleto de Brono, o primeirão do Jeronimo, Quaterna requiem, o Módulo 1000, o disco do Andromeda, consegui reencontrar o Jacula, uma vez que no e-mula vinham partes apenas (execelente álbum, tem um baita clima de filmes de terror), ainda tem mais descendo um bocado de coisa, Captain Beefheart (um próprio, pois já conheço aquele que eles tocam com o Zappa). Tem som que não acaba mais, é uma benção estes blogs que disponibilizam o maior garimpo de música possível, já achei de tudo, desde Elomar Figueira de Melo, Asterix (antes do Lucifers Friend) encontrei vários bootlegs do Dio, Camel, Mezquita, L´uovo di Colombo. É coisa que não acaba mais
Também pra variar estou lendo alguns bons livros. Já dei uma repassada do Benjamin e no Adorno, agora tô relendo o Que é a Literatura? do Sartre, é um ensaio muito bom sobre escrever. Também estou lendo, quando não é no trem, é um pouco em casa, o Dom Quixote. Estou me divertindo um bocado com as lutas do fidalgo e seu escudeiro Sancho Pança contra os moinhos de vento. Foi muito familiar com a greve dos professores e as cabeçadas que deram alguns dirigentes.
Consegui encontrar ontem o Satori em Paris, li umas trinta páginas enquanto esperava a índia potiguar ontem a noite, até parece ser bom. Apesar de eu não ser sovina, a gente começa a valorizar cada centavo quando passa um mês durango pra burro, e aprende a viver com bem pouco mesmo. SEmpre fico duro no final das contas mesmo, pois a grana nunca dá para pagar mesmo as contas e dívidas, mas quando se tem menos ainda é que se aprende. Só contando with a little help from my friends, que na hora do aperto são bem poucos mesmo, todo mundo desaparece, só ficam os autênticos. 
Daí que você vê que dá para viver com bem pouco mesmo, em um momento de uma pós greve, em que foi esmagado, e ainda como punição descontam seu salário em duas vezes. Há uma aperto de cintos, você aprende a descartar o que é supérfluo, abster-se de alguns luxos, e tocar para frente, ver que ainda haverá mais um longo mês pela frente em que a mesma situação perdurará, mesmo sabendo que você já ralou o saco de tanto repor aulas, e elas ainda não serão pagas neste mês, uma vez que a impessoalidade e o paquiderme do estado que arrasta sua bunda flácida pelos corredores não estão nem para você, seu patinho feio grevista.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Ainda sobre escritores

Com o flâneur, a intelectualidade
encaminha-se para o mercado. Como ela
pensa, é para olhá-lo, mas na verdade já o
faz para encontrar um comprador. Nesse
estágio intermediário no qual ainda tem um
mecenas, porém já começa a familiarizarse
com o mercado, ela aparece como
bohème. À indefinição de sua posição
econômica corresponde a indefinição de
sua função política.” 

BENJAMIN, Walter. Passagens


“O desenvolvimento das forças
produtivas deixou em pedaços os símbolos
dos desejos do século anterior, antes
mesmo que desmoronassem os monumentos
que os representavam. No século XIX, tal
desenvolvimento emancipou as formas
configuradoras da arte, assim como no
século XVI as ciências se livraram da
filosofia. O início disso é dado pela
arquitetura enquanto construção de
engenheiro. Em seguida vem a fotografia
enquanto reprodução da natureza. As
criações da fantasia se preparam para se
tornarem práticas enquanto criação
publicitária. Com o folhetim, a poesia se
submete à montagem. Todos esses produtos
estão a ponto de serem encaminhados ao
mercado enquanto mercadorias.” 

BENJAMIN, WalterPassagens.


“Em vossa opinião a situação social
contemporânea o força a decidir a favor de
que causa colocará sua atividade. O
escritor burguês, que produz obras
destinadas à diversão, não reconhece tal
alternativa. Vós lhe demonstrais que, sem o
admitir, ele trabalha a serviço de certos
interesses de classe. O escritor progressista
conhece essa alternativa. Sua decisão se dá
no campo da luta de classes, na qual se
coloca ao lado do proletariado. É o fim de
sua autonomia." 

BENJAMIN, Benjamin. Passagens.


 Ainda não consegui digerir o que ocorreu lá no mar da faixa de Gaza, em que os israelitas atacaram o navio e mataram dez pessoas. Guerra é guerra, não tem nada de santa, mas o que uns judeus sionistas estão fazendo com palestinos, prisões, prendendo e encurralando-os na faixa de Gaza lembra o nazismo e o próprio Holocausto que eles próprios sofreram. 
O mesmo vinha ocorrendo com o Irã. Tinha gente querendo ver sangue, parecido com o mesmo pretexto que arrumaram para invadir, rapinar e surrupiar o Iraque. Depois de sete anos, cadê as tais das armas de destruição em massa do Iraque? É a mesma ladainha de sempre, enquanto Texaco, Shells, Essos da vida vão enchendo suas burras com o sangue negro (ou melhor, mouro, moureno, muçulmano). 
Um escritor, um professor, um poeta ou quem quer que seja que lide com palavras e idéias não pode se omitir ou deixar de falar nisso, sob pena de cair na banalização ou na idiotização coletiva do silêncio, da omissão ou na mecanização de apenas escrever, produzir mercadorias e vendê-las como uma besteira qualquer ou repetir fórmulas e papaiadas, pra poder continuar enchendo seu bucho e continuando a viver na falsa consciência e na má-fé.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A educação para desgarrar do rebanho

A pseudoindividualidade é um processo para compreender e tirar da tragédia sua virulência: é só porque os indivíduos não são mais indivíduos, mas sim meras encruzilhadas das tendências do universal, que é possível reintegrá-los totalmente na universalidade. A cultura de massas revela assim seu caráter fictício que a forma do indivíduo sempre exibiu na era da burguesia, e seu único erro é vangloriar-se por essa duvidosa harmonia do particular e do universal.

ADORNO & HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento.


Escrevendo ontem sobre a mafalda e os presos políticos da Diane di Prima, entre outros assuntos, veio hoje à minha lembrança a questão da emancipação, da educação dos sentidos, da desbarbarização do sujeito na sociedade moderna, tal qual identifico a pequerrucha argentina e a autora das cartas revolucionárias.
Neste tema, é mais do que necessária uma referência aos pensadores do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, mais conhecido como escola, embora hajam muitas diferenças entre eles que não possam constituir uma escola propriamente dita. O que há de comum entre Adorno, Horkheimer, Marcuse e Benjamin são as suas fontes para compreender a modernidade, sejam eles Marx, Freud, Nietzsche e Hegel, alguns Kant também, no conceito de esclarecimento, autonomia do sujeito e saída de sua menoridade. Questionando o progresso e o Iluminismo, o projeto de autonomia da razão, de esclarecimento, que tornou-se em fetiche e razão instrumental da indústria cultural, mais uma vaselina para completar a servidão voluntária dos indivíduos ao capital e às suas corporificações.
Há em suas obras o impacto de Auschwitz, da perseguição e do exílio em obras de Adorno e Horkheimer, e o trágico suicídio (?) de Walter Benjamin na fronteira da França com a Espanha, perseguido pelos nazis. Mas eles também não deixavam barato para o estado capitalista dos EUA, com sua "indústria de felicidade", o sonho americano, assemelhando-se ao totalitarismo em sua época macartista. Bem como à crítica também era feita ao stalinismo, à burocratização do socialismo e institucionalização promovida ao marxismo diamat. Nada que reduzisse o indivíduo crítico, a massa crítica, aqueles que jogavam  e os que ainda teimam em jogar areia na engrenagem à nulidade escapava destes filósofos sociais.
Lembro-me dos livros de Marcuse, o Ideologia da sociedade industrial: Indivíduo Unidimensional, Eros e Civilização, a Dialética do Esclarecimento, Educação e Emancipação, entre outros dos autores. Dos conceitos da Grande recusa de Marcuse, do conceito de uma história aberta e sem finalidade, das teses sobre o conceito de história benjaminiano de escovar a contrapelo a história, sempre escrita do ponto de vista hegemônico. O que vemos hoje é a mediocrização geral, a barbarização, e a falta de audácia e o conformismo geral. O pensamento único tomou conta, a era pós-moderna do vazio, da liquidez das relações  e dos vínculos entre os sujeitos enquanto reina o Deus mercado e seu sacerdote, o dinheiro, o capital, é o imperador do mundo.
Daí que mesmo  a tentativa de singularidades, de pessoas únicas serem imitáveis, como as da contracultura, que está integrada mais do que possível. Antes ainda tinha aquela aura ou mesmo uma mística, haviam movimentos de mulheres, de jovens, estudantes, de negros, mas o tempo e o dinheiro fizeram o que o Belchior descreveu bem em Como Nossos Pais. Hoje vejo hippies e bitniks terem postura mais adaptada, mais capitalista e burguesa do que muitos burgueses quando estão em seu mangueio ou mesmo quando sacaneiam e microbeiam os outros vendendo artesanato, artefatos industrializados. Nada de solidariedade ou camaradagem. Alguns possuem práticas e pensamentos que se identificam mais com a liga das nossas senhoras católicas em defesa da sacrossanta propriedade privada dos seus direitos autorais explorados pelas editoras do que antes se via. Daí não espantar declarações imbecilizadas e descontextualizadas, pois a mediocrização é geral. Até quando você propõe um debate sobre algum tema, você se vê achincalhado ou infatilizado pelo clima geral de desqualificação pessoal do que argumentos que refutem os seus de fato.
O ato mesmo de querer se diferenciar,  de ser rebelde tendo como referenciais estereótipos, de superfície ou seja , se significa apenas comportamentalismos ou modismos que não mudam a vida e a sociedade pela raiz,  só faz integrar mais ainda na universalidade. Não há mais nenhuma recusa ou sequer alguma crítica pertinente por parte destes elementos que se dizem  ou se autoplocamam marginais ou rebeldes, na forma e no conteúdo em que se apresentam. Não passam de uma sombra falsária daquilo que tentaram ser outrora, mas de modo muito, mas muito mais adaptado à ideologia do pensamento unidemensional, a vaselina do poder.

Escrita de gabinete

A civilização atual a tudo confere um ar de semelhança
M.Horkheimer e T.Adorno – a Indústria Cultural, 1947
O novo não é o caráter mercantil da obra de arte, mas
o fato de que hoje ele se declara deliberadamente como 
tal, e é o fato de que a arte renega sua própria autonomia,
incluindo-se orgulhosamente entre os bens de consumo,
que lhe confere o encanto de novidade. 

ADORNO&HORKHEIMER. Dialética do Esclarecimento.



Lanço um sorriso de ironia aos artistas e escribas executivos de gabinete que se dizem descolados
aqueles que se dizem viver sem "nenhuma" burocracia, livres, leves e soltos
Tornaram-se mais burocratas e idiotizados no que escrevem do que a média sempre mediocre
Eles são medianos e menores, seu ofício tornou-se uma repetição do mais do mesmo
Só fazem o beabá e o feijão com arroz e nada mais além disso, arrotam peru quando comem mortadela
Seu ofício é como freelancers, pequenos executivos e acionistas da bolsa pequenos burgueses e novos ricos
A sua única preocupação é a respeito do direito autoral, daí pensarem ser o lobo da estepe desgarrado
mas se apegam tanto à propriedade intelectual, lembram a defesa feita pela Tradição Família e Propriedade
Como se o fato de ser explorado por editoras fosse uma Grande novidade para quem é explorado todos dias
A obra de arte deixará de ser uma criação esquizofrênica e paranóica, solipsista e egocêntrica
com os artistas sem nome e sem rosto, vários fazendo e se diluindo numa obra em processo
Não se iluda com a aparência ou alguma promessa de diversão com a rotina do sua escrita monótona, batida, calcada numa fórmula manjada e já há muito repetida
Não têm mais o sangue nem o fervor dos que correm o risco, dos que quebram a cara pra valer, dos fodidos que ousam fazer algo mais além do seu ofício
A pinta de outsider marginal é apenas mais um fetiche ou embrulho embromador pra vender pelo rótulo
"quem quer bananas? promoção a dúzia por dois real!!!!!"
Não são a sintonia do seu tempo, não sacam o lance mais, só repetição de fórmulas manjadas
Sua vidinha classe mérdia mediocrizada só faz reproduzir o status quo e pra fazer cena em grupo
Levando uma vida mais $o$$egada do que encarar certas saias justas e quebradas da vida real
Qualquer um poder sair por ai também embromando um bocado de gente desavisada
é mais fácil  do que compreender o que acontece nas ruas, o que acontece com aqueles que ousam  dar uma bica em um barril de nitroglicerina pra ver o que ocorrerá de verdade
e não em ficções imaginárias inventadas num quarto com ar condicionado

domingo, 30 de maio de 2010

Mafalda e Diane di Prima: libertem os prisioneiros políticos!

Por falar em América Latina, e por pensar em algumas declarações sobre o tráfico nas fronteiras com a Bolívia, sobre a Venezuela e a construção da revolução bolivariana, lembrei-me dos quadrinhos da Mafalda.
Estes são alguns exemplos de algumas tiras da Mafalda, personagem mais famosa do cartunista Argentino Quino. O espírito de humor e a rebeldia, a contestação são a marca desta menina. Que esta menina de espírito de Sidarta, de lobos da estepe, dos Lobos do Mar de Caninos Brancos londonianos, aves de rapina ou Zaratustras, verdadeiros James Deans sem destino que não usam apenas de uma máscara social para ganhar uns trocados. Nunca se render, sempre contestar, sempre mudar e revolucionar o mundo; eis a lição da Mafalda rebelde, crítica e contestadora que certamente aprendeu as lições com seu conterrâneo Che, o verdadeiro Jesus numa moto pela América Latina afora. São estes que ajudam a desgarrar mais pessoas, para tirá-las do rebanho e que se tornem aves de rapina e passem a ser uma verdadeira ameaça!
Pseudos pensadores, pessoas que você julga ter uma capacidade de compreensão, que reproduzem chavões  como Chavez ditador, sem saber o que fazem, decepcionam. No máximo, ele está fazendo grita e retórica com o petróleo, mas desde que invista na mudança das condições de vida do povo pobre vale bem mais do que submeter o povo à exploração neocolonialista, toma um rumo próprio, autônomo e soberano. Pra isto, nem precisa fazer coro com a própria imprensa sionista e o histriônico do Jabor e outros: já basta ela mesma se referir à revolução bolivariana como ditadura. Omite que se apoia na constituição e na maioria obtida em eleições, em que derrotou os golpistas. Reprodução da mesma ladainha que o pequeno rebanho medroso e medíocre escreve ou veicula diariamente em jornalecos com intenções políticas bem determinadas, temendo não obter renovação de concessões na mídia fuleira no país, em uma possível conjuntura que lhes seja desfavorável (em nome da mentirosa e abstrata "liberdade de expressão", que nada mais nada menos  significa a liberdade apenas para os empresários da comunicação publicarem o que bem entendem) não se presta a alguém que se propõe ser um espírito livre, um Oscar Wilde da alma do homem sob o socialismo ou um Rimbaud, para quem não basta mudar a sociedade, mas também mudar o indivíduo, a vida, antes de tudo, com a poesia.
É muito mais fácil escrever baboseiras, ser mais um escritor medíocre que assina sua coluna social de má fé em um jornal qualquer sob ar condicionado ou escrever e vender seus best sellers, ganhar seu dinheirinho, viver feliz e fingir que nada está acontecendo, convencer as paredes do quarto e dormir tranquilo, como dizia o Raul.
Tem articulista que finge ou mente deliberadamente que não está compreendendo o que está acontecendo e escreve um monte de besteira, não está se conectando à transformação que está acontecendo neste continente e mesmo no mundo como no caso do acordo com o Irã, que nos coloca como insubmissos aos países mais ricos, que vem mudando a vida de negritos, de cocaleros, nas missões bairro adentro, e para mulheres, para jovens, para gays, para lésbicas, para deficientes físicos, loucos, prisioneiros, meninos internos da fundação casa libertando e emancipando todos eles prisioneiros políticos, como diria a Diane di Prima e todos os amigos que contribuiram muito para as mudanças em curso e que irão se aprofundar, pro medo e desespero de lacaios e mentes tacanhas, domesticadas e estas sim, colonizadas à sua pequenez e mediocridade de ser apenas mais um bunda-mole impotente.


Ocaso

São quase seis horas da tarde enquanto o céu vai exibindo cores fantásticas ao entardecer na minha janela
vermelho encarnado com um laranja e um amarelo com nuvens escuras cinzentas num céu ainda claro anil
Parecem cores de tintas em uma tela as cores vivas de um Henri Rousseau em sonhos claros
Na vitrola a agulha corre os sulcos e traz um Roberto Carlos cantando como um cabrito triste Nasci para choraaaaaaaaaaar
ieeeeee uoooo ie ie ie down down down down e aquele instrumento de sopro que traz mais melancolia
Had to cry today quando escuto Blind Faith Steve Winwood com sua voz blue enquanto o mano lenta vai solando tiuriu tiuriu tiririu
Faz lembrar do meu bem, que ainda há pouco estava comigo, saiu e logo logo voltará para casa
Pipocar de fogos anunciam o fim do jogo atrapalham um pouco meu sossego tão bom de estar a sós comigo

Fim de festa

Era poesia era diversão todos cantavam e dançavam ao som de uma música cafona saída daquelas caixas de som
Era poesia era dança todos rimavam ao som do corte ao talho de um lâmina aguda faca afiada no afoito da noite
Era poesia era música todos na brincadeira sem malícia ao som da agulha nos sulcos em pratos rolantes com feltros
Era poesia era brincadeira ninguém se importava naquela festa se estava ridículo ou com o que os outros diriam
Era poesia era clichê a intenção mesma das roupas danças e discos escolhidos pelo DJ naquele fim de noite fria
Era poesia era etílica tinha pinga rum whisky com petiscos torresminho além daquela última cerva tomada na volta
Era poesia era urbana como noite na divisa metropolitana entre mato represas e uma estrada sem fim no fim do mundo
Era poesia era final como tudo acaba sairam aos poucos como bichos cada um se mandando e sumindo na madrugada

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