REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Benjamin: o gato filósofo
No meu prédio tem um gato filósofo
todos gostam daquele felino branco
com umas manchas pretas na cara e nas costas
uma gato vagabundo muito louco chamado Benjamin
Ele sobe nos carros para aquecer-se sobre o motor
Ele mia um bocado: miaur, miaur
e todos abrem a porta para o gato doido entrar
Todos garantem o seu rango, e ele garante suas gatas
Benjamin foi judiado pelo careca veado
Um pilantra que deu injeção de ácido
na gengiva do Benjamin e numa árvore e deu área
As pessoas são piores que os animais
estes ao menos não diferenciam, não são nem bons, nem maus
Estão para além destas oposições gregárias e humanóides
Cabra macho
Sou casca grossa assim mesmo
Não sou de muito lero-lero
Não curto muito tititi
nem mesmo enrolação
vou direto ao ponto
vou direto ao assunto
comigo é facada no bucho
golpes rápidos de martelo na lata, na fuça
Não faço frescura
sou pedra, sou fogo
Nâo nego fogo no jogo
Minha fala é ferina
Ferida aberta cheia de pus
Minha ação é certeira
não vacila
em cima
da hora
Lampião desde cedo
domingo, 27 de setembro de 2009
Genealogia
Tenho que procurar uma foto antiga que minha mãe possui, com meu bisavô, que minha mãe chamava vovô Batista. Ele era uma italianão, vindo de Pávia, no norte da Itália. Veio de Navio, como muitos imigrantes no início do século passado, para ser meeiro, lavrador, no interior do estado que é o que está no registro da carteira do meu avô também, o Augusto, de quem herdei o segundo nome.
Eu era um pirralho, mas já estava lá naquela foto, com a família imensa, na beira da Cachoeira das emas, em Pirassununga, terra da pinga, vizinha de Casa Branca, onde moravam. E nela estava este velhinho, o Batista, tão citado.
Eu eo meu véio Vô materno, lavrador, o Augusto, o original
Do lado materno, conheço mais, meu avô morreu quando tinha sete anos, mas lembro muito bem dele até hoje, com seu cigarro de palha, falando "ô, porqueira!" quando alguém aprontava alguma coisa errada. Esse veio do lado de Batista, da italianada. Do meu tio Nenê eu lembro também, e das complicações de sua morte, algum problema no fígado ou no pâncreas, como sempre, por conta de cachaça. Era uma magrão, careca, de bigode. Foi o primeiro que escutei falar: "ô, veiaco!" Ele se foi por volta de noventa, noventa e um, fui no seu velório, era um matuto de primeira, gente finíssima.
Eu esmiuçava bastante com parentes mais velhos, que diziam que éramos descendentes em parte de índios, da italianada que veio de navio, outros que vieram da Bahia. Até sei de uma história de uma parente, tataravó ou trisavó, que fugiu para casar com um negro, isso na Bahia. Minha bisavó, que todos chamavam Sadona, veio da Bahia pequena, e minha avó Umbelina era mineira, quase a ponto de minha mãe nascer em Guaranésia, em Minas Gerais, mas acabou nascendo no lado paulista, Casa Branca. A minha avó materna não conheci, morreu antes de eu nascer. Isso pelo lado dos Castoldi e Carvalho, entre outros da linhagem da minha mãe.
Conheci a avó paterna, mas que não dava muita trela para nós, netos, pois segundo ela mesmo disse, para não se apegar. Aliás, do meu velho, sei pouco, só sei que morou no Jardim da Glória, no Paraíso, na Casa Verde. Sua família era de Cajuru, que conheci uma vez, na época de Reis magos, tinha festa de Reis nas ruas da cidade. Em Mococa também, 30 kilometros de Casa Branca, dai a razão da minha existência, o encontro de meus pais numa viagem de ônibus. Mas meu velho é um bocado sem paciência, sempre foi, um tanto estouradão, herdei algumas características, mas mil vezes mais calmo com certeza. Nunca tinha tempo para isso, depois que conseguiu, também se embrenhou nos caminhos pantanosos sem volta, os da alma e de Deus. Nunca foi muito bom de contar estas histórias dos antigos e antepassados.
Dos Torrano sei muito pouco mesmo, vou descobrindo aos poucos cada coisa. O meu avô que todos falam tanto, o Osvaldo, não conheci, partiu antes de eu chegar. Fui conhecer uma parte dos meio-primos (o danado tinha outra mulher lá em Goiás), isso por volta de 1986. Havia uma rua chamada Galileu Torrano, uma marceneiro, próximo da antiga casa, e falei com o Torrano, professor de grego, que disse que sua família é de Cajuru, e que todos Torranos são da mesma família. Assim como conheci um professor do interior, mais precisamente de Ribeirão Preto, que disse ter aulas com um tal de Geraldo Torrano, na mesma região de Cajuru. Agora, virou nome de escola.
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