Na rua cheia de
flores do Alecrim, na dez na tres e na vila da aeronáutica, uma andança descompromissada, o vento brisa desalinha meu cabelo e
refresca o calor de minha barbas na face. Eu chupo um picolé de jaca pra
refrescar o calor por dentro, depois mando mais um de mangaba, o calor é pra
derreter os miolos. Na beirada da praia, eu vejo aqueles lanches, hot dogs, baurus. Tem um menino
com cara de malvado, cabeludo, magro camiseta do palmeiras, com notas de vinte
na mão. Garotos de vidas na rua sempre serão mais ligeiros e espertos na sobrevivência. Tem gringras, argentinas, mas as nativas de coxas e bundas bem
feitas são imbatíveis, douradas de sol. Tem uma característica ímpar. Aqueles sanduíches com pães amarelados são sagrados,
muito caprichados e bem servidos, eles salvam minha vida no calçadão da praia dos artistas. A brisa suave da
noite me refresca do calorão medonho em pleno inverno em Mossoró. Tem
macaxeira, carne de sol, carne de charque, carneiro, cuzcuz, tapioca, tudo que
deixa os cabras arrochados e fortes pra andar no sertão. E um toque de lirismo, pois como uma pinha, a fruta do conde que apanhei do próprio pé, além de acerolas que colhi na altura da mão.
REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
cenários potiguares
Um congresso em que o sonho se fez presente. O surrealismo, a energia e a pulsão tomando chimarrão. Para quebrar a passividade e a acomodação. Depois de ir embora mais uma vez de trem, fui assistir Na estrada, filme do ano, no cinema. A noite viajaria para longe, farpas trocadas por mensagens telepátiacas. Lendo os diários Não expurgados de Anais Nïn, após devorar os livros de Helder, Apollinaire, Nerval, a espiã na casa do amor da própria Nin entre outros tantos. Chego em Natal, o friozinho nos recebe, com chuva, na madrugada. Uma hora para chegar em Pitangui, Extremoz. As dunas e coqueiros valem a pena, compensam meus glóbulos vermelhos, assim como escorrego pelas areias nas palhas e nas sombras dos cajueiros, a noite haverá festa de são Pedro fora de época. É churrasco, cerveja, uísque, ice e tudo do bom, forró com direito a poeta cordelista do conjunto residencial Santa Catarina e Panatis. A farra vai até o dia seguinte pela manhã, bebos homens e de ressaca pelos supermercados, buscando mais bebida para curar a ressaca. Caminhamos sob a brisa, mais chuva, até a viagem de volta a Pitangui. Desejos noturnos, sensualidade desenfreada, não troco nada pela minha rede, com a brisa que só tem aqui. Muitas muriçocas, que nos sugam o sangue das pés e mãos descobertos. Anais me faz companhia, junto de Artaud e Henry Miller. Manhã passear pela praia, andando entre lagostas, polvos voadores e lulas no ar, piso sobre manjubinhas, falar com pescadores, caminhada pela areia picolé de cajá graviola. Manjando um peixinho cioba com pimenta e milho boliviano, nas dunas da lagoa de pitangui, entre coqueiros e cajueiros, tomando uma pina colada.O abacaxi levanta o seu chapéu e começa uma dança de esquibunda.
Dia dos namorados fingidos
No dia dos namorados todos fingem, dissimulam
Levando flores para amores falsos
como compram flores na frente dos velórios
carregando o amor para o túmulo
caminhamos sob as árvores,
derramando seivas, aromas, perfumes
tomamos vinho na taça de um cranio
e faremos amor no desespero
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