quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A Antologia para vocês curtirem



Informo-lhes que estarei um tanto afastado dos documentos e de internet. Por conta disso, deixo aqui um pouco da antologia de poemas, feita em 1999, divulgada até 2000aproximadamente, em botecos de Sampa e outros lugares. Depois parei um tanto com estas coisas, e voltei aqui pra colocar algumas coisas antigas e outras mais novas.



Antologia poética
Poemas (1994 - 1999)
Celso Torrano



Concepção da obra

A característica de “Fragmentos do viver diverso” e outros poemas (obras não-publicadas) é o fato de possuir a temática lírica, existencial, entre outros. Temas estes que não são novos, porém próprios à angústia e a dor expressos na metalinguagem da sua poesia, no fazer poético do autor.
Quanto ao estilo, o poeta prefere trabalhar sem métrica ou rimas, sendo que isto não constitui regra. Além disso, percebe-se a concisão e precisão conferidas às palavras de um verso, as brincadeiras com as palavras e aliterações, momentos em que o poeta expressa seu caráter lúdico, irônico e sátiro, dialogando com seus contemporâneos.
(Eu mesmo escrevi, critiquei minha própria obra na época; não preciso de bajuladores ou paus-no-cú que posam de entendidos ou especialista para fazer isto).

Agradecimentos

Agradeço a todos amigos, colegas, companheiros, parentes e público que, ao longo desses anos, têm colaborado com o desenvolvimento destas obras, seja lendo, opinando, criticando, enfim, apostando neste trabalho, que só pode ser realizado conjuntamente. Apenas não agradeço àqueles que têm barrado o acesso e a garantia de livre expressão: estes tem feito da História mentirosa.

Celso Torrano.










o desconforto
quando em si absorto
demonstra a tristeza
de seu eu morto






*






Marmelada e caganeira






Vamos embora, vamos, camarada.
Vamos tomar aquela pinga mardita,
das brabas, cagar e mijar de rir.
Vamos ser profetas apocalípticos
de todo nosso mundão desgramado.
Vamos deitar e rolar de rir
talvez, até chorar um pouquinho.





Prefácio de um amor






Quintal interiorano
nossos sonhos se enlaçam
nossos corpos se abraçam
dançam ao luar arcano.

Os seus negros cabelos
cobrem qual denso manto
véu noturno, seu encanto
nossas bocas se beijam.

Árvores, nosso teto
universo, verso único
porta para o infinito
amor a desvendar.

Boca tinta de sangue
provara de meu vinho
e todo meu carinho
inunda feito um mangue.

Seu perfume de flores
suavemente me embriaga
levemente me afaga
coisas belas da vida.








Aurora da vida






Quero fazer as coisas mais lindas
que o homem, em vida, pode fazer.
Eu quero viver intensamente
até o dia em que eu vier a morrer.

Todos amores que estão por vir
devo amá-los, eu quero vivê-los!
Todos medos que prevalecerem
devo enfrentá-los, hei de vencê-los!

As coisas perecíveis
pobres, reles besteiras
deixarei-as para trás
viverei a vida, descerei ladeiras.

Desejo levar ao meu próximo
todo o legado de minha vida.
E que este tome parte, desperte
também recomece o seu viver.










Consciência






A cabeça cortada agora rola
esquecida, chutada, feito bola
perdida, sem rumo, pelas sarjetas
passa a depender de certas muletas.

Palavras a esmo, lançadas ao vento
caídas no asfalto, observam o momento
sereno da noite, almas embriagadas
poucas razões, paixões utilizadas.

A cabeça deixada em qualquer canto
cria teia difícil de ser removida
leva-se vida muito mais sofrida
muita lágrima é perdida no pranto.

Não pelo fato de tê-la cortada
mas por ter consciência às traças jogada
corroída pelo tempo e pela vida
grava no peito uma grande ferida.











Utopias da poesia






Esta linguagem proferida
já ficou muito desgastada
todos os meus versos
perderam o vigor da vida.

Só resta-me agora procurar
concretizar o meu desejo
por certo não-lugar
onde repouse sem poesia.

Não haveriam necessidades.
Num lugar tão pleno como esse
não haveriam sequer vontades.

Pois nenhuma gota de lágrima
seria, então, necessária à página.
Não há motivos para chorar












II






Já não basta mais escrever:
palavras não foram ditas?
Não sei, já não sacia mais
encontrar, fazer poesia.

Reconheço, dói-me muito
ser um dos olhos do mundo
preencher páginas em branco
com tormentos da cabeça.

Deve haver certa maneira
algum lugar, uma forma
de fechar esta torneira.

Tudo isto faz da vida arte
mais sedenta, lastimosa
quebra meu ser em pedaços.








Mundo palco






“Afinal, o que se faz da vida senão uma grande peça?
Uns são os espectadores, outros os atores.
Uns, passivos, outros, ativos.”


Entra em cena uma peça atraente
dirigida por deus, estrelada por gente.
Atuam de diversas maneiras, em diferentes cenários
contracenam com outros atores a dádiva de viver!

Meras atrizes, carpinteiros,
borracheiros e fazendeiros.
No grande teatro desta vida
constróem a peça cotidiana.

Tropeçam na avenida, sentam na praça,
macaqueiam no picadeiro, levantam um muro.
Bolinha de gude, som na viola,
malandro, mulher e cachaça.

Esses atores trombam-se nas ruas
construindo um novo espetáculo a cada minuto.
Muitas moças roubam seus corações, feito luas
e ninguém sabe o que será de toda essa gente.







A busca humana






Se algum dia perguntares
- o que sou? de onde venho?
não lhe darei respostas
nem sei se esta é a proposta.

Sei que devemos viver
a vida e seus momentos
seus sabores e odores
são consolos ao saber.


Buscar a luz na escuridão
o desconhecido no porão
as infinitas possibilidades
que fazem da vida grandiosa.

Não temos nada a temer
não sabemos do que correr
certamente chegaremos
pelos caminhos da vida
e repousaremos plenamente.






As bocas grandes






Eu conheço muitas bocas
que comem mais do que podem.
Eu conheço várias bocas
que falam mais do que devem.

A boca entalada comeu muito depressa!
Agora, julga tudo da boca pra fora...

As palavras brigam na garganta
para ver qual irá sair primeiro.
Algumas, muito precipitadas
sem propósito algum irão surgir.

Não falo do Boca do inferno
não é sobre a boca do lixo.

As palavras narcísicas julgam
por seu poder, as palavras matam.
Saindo das bocas cantos tiranos
o que será dos mudos, meu deus?!

As palavras podem ser mutáveis
para tornarem-se um camaleão.
Se elas saírem da boca maldita
são utilizadas com má intenção.








Está para a boca falante
o silêncio de ouro e observação.
Está no peito do viajante sereno
a calma e a moderação.

A boca louca não é a máxima consideração.
Meu irmão, mais vale o brilho mudo de um bom coração.

Mais vale a palavra lavrada
cultivada e emocionada.
Palavra brotada em cafezais
palavras que ecoarão por mais.

As palavras bem pensadas
surgidas do olhar do calado
obtêm mais resultado
do que palavras proferidas.

Para que tanta palavra dizer
no intuito de expressar o que sentes?
Basta sentir sinceramente
o que acontece com a gente.











O homem-lixo






O centro negro de São Paulo
são torres, são homens
os profetas de barro!
Erguidos na praça
como árvores fincadas no asfalto
sua barba suja e enorme, sua face baça
em meio a multitrapos
farrapos, barracos e sacos
o homem de gestos!
Numa metamorfose lenta
o homem-lobisomem
que tudo consome
quando tem fome
é ignorado por uma multidão.
Lá está ele, em meio a montanhas
cordilheiras de sacos pretos
o homem-lixo ensaia seus passos
nessa dança
surda, muda e cega
em que ele valsa,
somente para si














sou um homem de múltiplas faces
muitas facetas
cara-de-pau
boi da cara preta
desenhando
criando formas
rompendo
com todas suas normas
o meu estilo
já superou
seu asilo
vovô
sou escritor
já vôo
ando no escuro
e não faço frescura



















Trilogia dos loucos (parte III)






O velho andarilho caminha na noite
não está só: anda consigo mesmo
e com os gatos que bebem sangue
dos ratos caçados.
Louco, selvagem, não toca sua harpa ou sua lira
mas é no som de seus passos que ele delira,
que expõe sua ira.
Em versos cantados, versos mudos
parece a noite cantar com sua saudosa boca
mas sou eu quem arranca sua máxima expressão louca,
sua roupa, fazemos amor, geramos poesia.










O poeta clama






O poeta está no alto da montanha
cantando seus versos para o vento.
Está a gemer, cansado de toda essa dor
está a procura de um verdadeiro amor.

Ele voa em nuvens douradas
contemplando o oceano de nescidade.
Toda carência, toda ausência
toda a necessidade.

O poeta clama suas estrofes
para seus semelhantes.
Com um grito de agonia
guia todos os errantes.

Antes, porém, o poeta erra
o poeta sofre, o poeta geme, o poeta berra.
Ele quer, mas está distante
de seus sonhos, delirante.

Ele cai, rasteja
suja seu corpo na poeira
trava uma luta grandiosa
por sua honra e dignidade.

O poeta vê a miséria, mas a detesta.
Contudo, está pronto para a festa
e quer viver, quer ser feliz.

Já sofreu, quer amar novamente
seu amor é fecundo, lança a semente no mundo
espalha sua luz, seu viver.

O poeta não é um visionário
somente enxerga o que outros olhos não vêem.







*







Relógios






Quanto tempo perdemos
olhando para relógios!
Assim como os caretas
que enxergam a vida
através de lunetas
corremos atrás de ponteiros
aos quais nunca alcançaremos.


se paro para minha paranóia
é para pintar a poesia
você, quando pára
pira, pira, pira, pira...

*

o artista é vaidoso
quando mostra sua arte
é mais ainda
quando a esconde

*

escrever poesia
é como gerar um filho
dedicar-lhe o devido cuidado
para que ele volte-se contra você
principalmente se for torto e
levado como sou

*

um bom artista
rescreve seu verso
pois necessita
revivê-lo ao reverso

*

quem faz da arte
parte de sua vida
assume a loucura
ou cura a ferida



há pássaros
presos em suas gaiolas
não suportam ver
os demais livres a voar

*

o poeta voa alto
mas o querem no chão

*

a noite em mim é um branco sal
suor pingando da pálpebra
lágrimas escorrendo nas faces
não preciso sentar em lótus na calçada
uma garrafa de vinho me acompanha

*

tudo se tornando
tudo se vertendo
tudo vindo a ser
tudo se dispondo
tudo no gerúndio

*

estragos, rasgos
tudo o que resta da vida
faz com que seja vivida
com a máxima intensidade


a vida é como um pesadelo
nascemos, somos jogados no turbilhão
tentamos sempre buscar o centro
a maioria despenca
é levada pelas rodas da vida
poucos mantêm-se em equilíbrio
mesmo com todas vicissitudes
atingem a plenitude de ser

*

Augusto

Sob uma chuva fria de verão
um peito quente de afecções.
O combate do homem
quer seguir seus impulsos
o outro, interioriza a paixão.
Augusto, profano e santo
segue seus passos embriagados
o coração mais apertado
do que o abraço do tamanduá.

*
Parece o poeta o asceta do amor
padece de dor, queima o peito
chamas infernais consomem-no
na cabeça, leve embriaguez.
Mentes racionais, dialéticas
corações frios, parcos sentimentos
menor expressão da loucura
o tesão-paixão-explosão
retrai os temerosos e presos.
Bastaria apenas um beijo
para desencadear o frenesi
palavras não cobrem o que senti.




Noite, ó dia infindável!
Não sabes como regozijo em ti
e espero a próxima para gozar.
A errância, a peregrinação
os licores e vinhos.
Tudo fica em minha memória
a saudade martela em meu peito
cuspo rajadas de sangue
apaixono-me desmesuradamente
tentando levantar um amor vão.





*






o poeta-raso é um vaso d'água
sedimentos vão ao fundo
basta uma centrifugação frenética
paixão desmedida
para levá-los à tona








Conceitos burgueses são medíocres:
todos pensam ser o máximo
um mais bosta que o outro.
As pessoas mais pobres da rua
não fizeram faculdade de publicidade
deram caras a tapa e aprenderam a profissão.
Não são músicos posudos
caíram nas estradas e aprenderam
compõem e tocam suas músicas.
Não são Homens machistas
sustentados pelo ralo da mamãe
respeitam a força e as dores do parto.
Prezam muito as companheiras
apaixonam-se pela luz de seu olhar
nem por isso precisam provar algo.
Pegam no batente logo cedo
superam qualquer medo
a vida é seu aprendizado.

*

Há pessoas caindo nas ruas
não por doenças de rico
convulsões, ataques epilépticos
- Mas de fome.
Quando um homem
perde a dignidade a tal ponto
o que fazer?
- “Mata um homem e come”?





Breve currículo

Celso Torrano nasceu em São Paulo. Estes poemas começaram a ser escritos em 1995, e desde então vem divulgando-os em jornais de bairro e independentes, escolas, bibliotecas municipais, casas de cultura, centro cultural, além de filas de teatro e bares, onde a divulgação de folhetos e marcadores de livros com suas poesias é feita pessoalmente.
A sua primeira criação, intitulada “Fragmentos do viver diverso”, bem como as mais recentes, “Rebentos de vida” e “CRIA-DOR” (obras não-publicadas), são divulgadas de forma independente, enquanto procura “patrocínio” para a publicação. Participou de oficinas literárias, como a Poesia Viva, coordenada pela poeta Eunice Arruda em 08/09 de 1998, na Biblioteca Circulante; do grupo de poesias O Tabefe, e de concursos como o Poesia falada, Nascente e III Festival Universitário.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Terra dos anões, dos magos e duendes do Dileno, o anão camarada, preso



Outra viagem que Augusto fez para São Tomé de Minas foi com uma camarada anão, o Dileno, que ficou até uns tempos atrás preso. Hoje não se sabe do seu paradeiro, Augusto não o encontra mais, só nos bons tempos de Centro Cultural. Marcaram de ir para São Tomé. Ele já tinha feito uma viajem louca, a viagem do Love Machine. Esta foi bem interessante. Teve que ir de forma que um ônibus só não deu. O Dileno foi antes, Augusto foi depois. Como de costume, levou seu suco de laranja com etílico de cana. Foi se embebedando no caminho, para variar.
Teve de descer na estrada e pegar carona. Algum piolho, algum “hippie” pilantra, chupim, microbão aproveitou-se e roubou uns 20 mangos na estrada do Augusto meio bêbo, o que o obrigou a dar um trampo a mais para reconquistá-los em Minas. Quando chegou lá, o camarada cedeu um espaço na barraca pra guardar os trapos, uma vez que pouco dormiu. Ficava nas noitadas, conheceu um casal camarada, que curtiu os seus poemas. Eles fazíam umas trilhas para as cachoeiras, e depois se encontrávam na noitada, bebendo.
Augusto vendia seus folhetos nos bares de São Tome pra se levantar do prejuízo. Até acabou discutindo e empurrando de leve uma mina de uma escada de um bar, pois ela estava enchendo seu saco com inutilidades, dizendo bobagens. Mas também tinha uma mina meio hippy que deu uns moles, Augusto pode tirar um sarro de leve com ela. Lá tocava um Zé Geraldo.
Também tinha um camarada que curtia um Belchior e sua maconha, foge da sua memória agora o nome dele. Banhavam-se no rio, nas cachoeiras. Para voltar, também tomávamos chá de cadeira nas rodoviárias, esperando pelo próximo ônibus.

Syd Barret vive entre nós! Ele e mais trocentos Thimothy Leary mundo afora!


Cachimbos



As baladas que acabavam em fumo eram sempre massa. Iam para os meios do mato no interior, muita caminhada, com mulheres. Às vezes dava jogo, mas nem sempre. No bosque, Às vezes a sensação depois de mandar um era dar umas passadas de mão num corpinho de uma mocinha púbere, que MAL tinha pêlos na xaninha. Na caminhada, às vezes achávamos bois, vacas no meio da escuridão. Muito massa, ponte da gabiroba na escuridão. Ou mesmo em Mococa. Os malvados do pedaço chegaram. Mandavam um esoturadão no pé da Igreja. Pecavam muito bem, mas ainda assim acabavam no céu estrelado. Uns caras ficavam tirando barato, que ele sentou na merda da vaca. Mas era tudo mentira, só para tirar um barato. Acabavam a manhã acordando na boçoroca, mandando um, vendo o amanhecer, todos loucos.

Os bailes etílicos regados à meninas



Nem precisa contar das ressacas que passaram. Várias vezes especialmente uma aos dezesseis anos, ficou estirado no chão, depois de tomar tantas caipirinhas, os colegas rodiando. De dentro do fuscão furgão que foi lhe buscar para tomar uma glicose, ergueu sua mão e deu um positivo para os camaradas. Todos comentaram o feito, e depois comentaram sobre a coincidência.
Quando atingiu a maioridade, também foi demais. Caído, com blusa branca, para variar, porre de vinho acaba manchando, o que se tira com sabonete, fica uma mancha azul, que depois sai. Com camaradas perto de uma praça do antigo lar, eles conversavam, bodeado, depois de muitas cervejas, vinhos e uma coquinho. Deitou e dormiu na frente duma padaria, bebinho. Quando os camaradas chamaram, prontamente levantou e saiu andando. Aquele tempo não tínham frescuras. Dávamos certo trabalho, mas nada comparado. A bebida era forte, o fervor do sangue da juventude,  idem. Pensávamos que podíamos tudo, não tinhamos limites, nem pra a morte.
Também houve o dia com a Michelinha. Ele tinha dado uns beijos nela sóbrio, foi bom. Ela tinha aparelho nos dentes. Disse que queria ficar com ela, já havia observado desde moleque, queria comê-la. Assim eram os catos. Mas melhor foram os malhos quando estava breaco. Uma vez, dando uns beijos na Michelinha, no colo dela, passou mal, vomite, enrolou a lingua fingndo dar trampo para os camaradas. Ela mesmo se preocupou. Também a Sandrona, passadas de mãos nos peitos e bundas, agarros e beijos na rua, ano novo após bebedeiras, foi muito assa carnaval. Sempre mulheres, música e bebedeira.

Experiência única na vida


A experiência mais chapada foi a que comeram, sim, degustaram cogumelo. Eles e o finado Guga. Foram para o lado do desterro, em uns pastos, logo pela manhã. Também havia outros moleques, o Preto, que conduzia. Eles os levaram ao paraíso. O Pasto estava carregado, os bois e vaquinhas presentearam-nos com seu estrume santo, mágico, e choveu na noite anterior. Foram logo cedo. Acharam os guarda-chuva de sapos. Eles tinham uma fitinha preta. Todos muito bons. Pegaram a cabeça dos guarda-chuvas e mandaram para dentro, uns com limão, outros com leite condensado que um dos caras descolou.
Foram para a praça. Depois de um tempo, o preto, que estava com a namorada na praça, longe dali, começou a não se segurar. Eles três também. Particularmente, começou a ver os pássaros em câmara lenta, os matinhos, às vezes, moitas, davam pulinhos, andavam. Foi só chapação e muita risada. Fora os ventos bruscos que vinham e rachavam de rir, os chamados "ventão". Finado Guga não se agüentava, começou a baixar as calças no meio da rua, o que chamou muita atenção. Quando chegavam perto dos outros camaradas, não se agüentavam. Caíam na gargalhada. Resolveram ir para o bosque, aquela coisa não passava, e era bom. Até o fim do dia, quando foram tomar banho, jantar, o arroz, dos furos das paredes, parecia que saiam vermes. É a abertura máxima que a alma pode chegar. Em outra oportunidade, experimentaram um chá mal feito na casa e no fogão de um deles. Mas não deu certo, foi com água e não vinho, nem se comparava com a primeira vez. Sairam para a rua.

*

O mais cômico foi a vez que toda turma, Viviane, uma baixinha, a irmã da ângela e a própria. Pegaram uns lírios lá da frente do Centro Cultural da Vergueiro, voltando pra o apê da V. Mariana e arrancaram. Levaram para casa, e fizemos um chá, a som de Jethro, Judas e outras coisas boas mais. Não fez o efeito esperado. Sempre ouvira falar que lírio despirocava, enquanto o cogu deixava mais centrado, uma loucura melhor. O único efeito que sentiram depois foi uma caganeira, que fazia soltar uns peidões na privada.

Mais aventuras à la Oliver Twist



A viagem na praia de Camburi



A viagem de Camburi foi muito chapante. Já tinhamos feito uma estada parecida também na Prainha branca de Bertioga (ano anterior, 1997). Fomos de trem até Mogi, descemos de van, pegamos balsa. Era muito deserta na época, acampamento na praia, sem as construções avançarem tanto na areia, o que não ocorre mais hoje.
Foi um final de ano que resolvemos, num caminhada pela noite de Guarulhos, armar um esquema para ir até camburizinho, em Ubatuba, na divisa com o Rio de Janeiro, divisa com TRindade, Laranjeiras, em Paraty. Fomos em uma galera, da capital e interior, bem representada, Mococa, Casa Branca, Jundiaí, que acabou se perdendo e dividindo, por entrar em um ônibus errado. Saltamos na estrada. Tivemos que descer levando uma super-barraca de um camarada, em que todos dormimos, nas laterais ou na varanda da frente; além de caixa com mantimentos, comida etc. A descida foi a pé, ao lado de cachoeiras. Escurecia. Quando chegamos, começamos a montar a barraca na beira da praia. Armamos tudo e fizemos o rango. Tinha que ser tudo lavado, o barro era deitado no mato, o banho, na cachoeira.
Neste banhos de cachoeira, eu e o Pablito, voltando trêbados de cachaça de Party, no ônibus, resolvemos tomar banho na cachoeira da descida para a praia. Achamos umas minas, que queriamos agarrar, gostosas, mas elas deram àrea.
À noite, tinha um esquema bom num bar, forró de Alceu, Fagner das Antigas, Zé Ramalho, que ia até o amanhecer. Música tocada. Tinha umas gostosas que topavam dançar. Negras, morenas, com peitão, bundudas, todas muito tesão. Eu quase arrastei uma mina, loira, magra, gostosa de corpo. Mas ela acabou indo parar na barraca de um camarada, o Pablo, que conseguiu comê-la. Foi uma virada do ano muito doida, estávamos na praia de manhã. Uma mina, Adriana, resolveu dar chilique, rolar na areia, ficou como milanesa. Sem contar as rodadas de violão etc que nos animavam, davam alguma perspectiva na noitada, agregavam a gurizada na praia ao redor.



A serra de Caraguatatuba


Quando moleques, no segundo grau da Nasser Marão, tínhamos uma galerinha que se enturmou. Conseguíamos fazer várias noitadas, pelo Morcegóvia, no Bixiga. Também saíamos da escola com as “tias” para bebericarmos cachaça no boteco. Até uns fumos de corda rolavam, que nos deixavam zonzos. Aquela turma dava trabalho. Várias vezes aprontamos, chegávamos travados em casa, chapados, íamos dormir, para acordar só no outro dia. Foi uma época de farras homéricas.
A molecada aprontava. Ralavam churrascadas, umas “chamadas” (o nome dado ao benzeno, nos intervalos e aulas vagas). Teve até uma vez que resolvemos viajar para o Litoral. Iam umas gurias que moravam no centro de São Paulo. Como foi bom conhecê-las. Tinha uma, o apelido era Lele laranja, que virou acerola, pois valia por 100 laranjas. Ela até chegou a dar mole, mas foi por meio de "conversinhas", fofocas, portanto, não se concretizou, não chegamos às vias de fato.
Chegamos na praia de Caraguatatuba, ficamos batendo um fut lá, pois tínhamos que pernoitar, até o ônibus chegar no dia seguinte, pois o local que tínhamos como objetivo era a casa de uma tia do Capeta, um camarada nosso. A gurizada era indie, gótica, só nós curtíamos um pouco de tudo, rock´n´roll etc. Ao pegarmos o ônibus, pedi um copão de cana, o que impressionou os camaradas, pois era de manhã (o ônibus pinga-pinga só saia pela manhã).
Ao chegar lá, nos acomodamos. A casinha era interessante, rolava sons, várias idéias, enquanto os ecos de Pink Floyd reverberavam na sala. Meu camarada Daltônico aproveitou para tirar um cochilo, depois que procuramos em vão uns cogus no pasto. A galera tinha que se espremer nos poucos cobertores levados (como sempre, esqueci o meu), e encostar a cabeça na mochila veia.
Teve uma noite que resolvemos pescar na cachoeira, por idéia de não sei quem. Só sei que fomos, uma galera. Levaram umas dessas lanterninhas de vela. A conclusão foi de que chegamos no meio da Mata Atlântica, e ficamos por lá perdidos. Todos desesperados. As lanternas se apagaram, restando apenas uma. Um camarada usou sua meia para fazer uma tocha. Depois de muito procurar, conseguimos sair são e salvo e ver a lua numa clareira. Fomos dormir.
No dia seguinte, conseguiríamos chegar à cachoeira, nadar um pouco. Uns camaradas pescaram uns peixinhos nanicos, que serviram de almoço logo depois.

Seguidores

Pilotando a banheira do Manoel nas dunas

Pilotando a banheira do Manoel nas dunas
seguindo após Pitangui até Muriú-RN

Tatoo you

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Woman of night; Strange kind of woman; Lady in black; Lady evil; Princess of the night; Black country woman; Gipsy; Country Girl

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Desenhista do bar e restaurante Salada Record

Mix, podi mandá "uma" aí?