A estação da Luz numa tarde insólita

Vista do alto, ao som de piano
passam os transeuntes

Pessoas andando apressadas

com caras monstruosas

A praça da Luz tem seus coelhos

e estátuas retorcidas

Os mendigos dormem nos trapos

Fumando crack com fumaça caveirosas

O DOPS é fantasmagórico

Das suas janelas saem filmes

de presos e torturadores

No trem da Julio Prestes

os trabalhadores

se espremem e saem como

filas de formigas operárias

gado andando no currau

de abatedores

tão tristes

A desilusão e a decepção

São como navalhas

Cortam os sonhos

E trazem de volta

a realidade sangrenta

o pão bolorento

do cotidiano


E eis que ela volta
em promessas e delírios
Para dar um fôlego
Uma nova brisa
Com seu espírito 
e gênio fortes
Para me ajudar