sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Jogatina do amor

É sempre a mesma dor na partida
Partido o coração segue sem mais lágrimas
no fundo d´alma para serem choradas
Sempre a mesma decepção e agonia
O mesmo jogo na vida desalmada
Maldição de deuses, fatalismo, destino inexorável
Ela decidiu tudo sozinha, não aceitou o desafio
Cobranças, a pressão e as falhas
Vida demasiadamente humana demasiada
O rio da felicidade secara ou secará?
E todos os sonhos deixados de lado
A vida é não-planejar - só seguir em frente
Mais uma vez as lâminas das palavras
deram um talho no velho miocárdio
do velho comboio de cordas e fibras do coração
O sangue escorrendo das veias da lembrança
As mesmas juras e tantas promessas de sempre não honradas
O mesmo jogo de subordinar o amor ao dinheiro na expectativa
O mesmo jogo de provocações, ciúmes, inveja e paixões doentias
A insegurança atrapalhando o fluir do viver
nunca apostando, nunca pagando para ver
o risco da ponta da faca gelando a emoção
no corte da vida a sangue frio emocionante
sentindo o arrepio nas cosas suando frio em bicas

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Do fundo da loucura

Trombamos num Sábado

perdidos numa noite suja

Ela feito uma musa linda

The lady in red: vestida de modo cigano

andando como em uma dança, cigarro na mão

A conversa é fluida, longa e tranquila

ainda que com troca de farpas ciúmes e guerras

A noite acaba sutil, suave

depois das brumas de loucuras na cama

envolta de lençóis e cobertores

Ela sempre vive no mesmo jogo de seus silêncios e esconderijos

fugindo, evitando e se escondendo

Ele sonha com valsas e dançarinos

no baile de máscaras dos Capuletos vivem

uma dança suave, mas frenética: no escuro.

Os sonhos retornam, como ratinhos correndo para buracos

como uns folhetos de papel ou

 mesmo um sexo proibido debaixo das cobertas

tão real com SteMarie, índia mulata bela

que acordei de pau duro excitado parecia verdadeiro

Os sonhos voltando e passeios ao léu

revivendo tudo em andanças e passeios nas alturas

romances proibidos, procura de uma casa

o futuro numa risca e uma linha tênue nas mãos

Passeio em praças ao léu de mãos dadas na Luz

deitada em um banco ao por do sol

Passeios nas alturas beijos macios

 boca carnuda cheia de mel

Bailes de corpos fundindo-se num só

quartos de hotel ao meio dia de segunda

conversas metafísicas mas o toque da carne

brincadeiras eróticas sensualíssimas

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Soltando meus demônios

pelos dedos

Eu atiro com pistolas

no desespero

Meu canto angustiado

é certeiro

Meu pranto aperreado cai

no bueiro
Não há o que falar ou dizer sobre o que contaste meses atrás.
A vida emudeceu, sem pensamentos, um descrédito
niilismo de céticos e eféticos do espíritos se abateu sobre nós
Muito pior do que os furos, mancadas, vacilações e hesitações
Tudo passa - apenas isso não passaria, nem passarinho
O que faria se você sumisse com ele? 
alguma arte aconteceria, dentre tantas que aprontaste
A vida desceu seu chicote, deixando o couro duro e a casca grossa 
de tanto que enganaram, mentiram e passaram pra trás
O tempo andou brincado e jogando sal grosso no nosso lombo
cicatrizando, ensinando e vem o vento e leva tudo embora consigo
Nada mais é possível e passível de ser dito
A última ficha tombada na jukebox foi
um juramento de amor eterno traído
Uma dentre várias canções de amor, Bob Smith
E tão trágica a vida como uma peça de William Shakespeare
o amor, um vinho velho correndo em bicas
como o sangue no mundo

sábado, 22 de setembro de 2012

Tédio

Um novo período longo de tédio se avizinha

Tardes preguiçosas, de vadiagem

Sem querer saber de compromissos

Apenas o longo tédio nos domina

e bocejos de impaciência

encher os copos e cantis de uísque e vodka

Afinal após uma sequencia de trabalho

ainda somos humanos, e não robotizados

A história toda se repete, entre palcos

e luzes e noites enluaradas e esfumaçadas

Ainda procuramos alguma beleza preciosa

escondida no fundo de corações românticos

no eu do relicario religare -

romântico da volta ao passado

da busca por um amor perdido

alguém que valha a pena ser lembrado

e outra que merece ficar no limbo do esquecimento

Eu vi a figura do ca Tatau

na frente da casa vermelha

ele me aguardava, calado abraçado a uma dama

com seu olhar fixo no nada, junkie

noiado

de

crack

Sarau na Brasa V (primavera) 1o aniversário


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ando por ai, caçando meus rubis

Uma mulher que escreve seu diário

a rotina da mulher da vida

Cantando seus raps e mandando

brasa nos escritos

Procuro uma safada que faça a noite

Valer a pena em uma suruba no alto do castelo

copos quebrados, resultado de fodelança

Manguaça dos diabos, e no outro dia

Uma onça selvagem com olhos negros

peitos duros, bunduda, coxuda

Noite das bruxarias e de-

vassidão completa

domingo, 26 de agosto de 2012

A horta

Ela me aperta nas coxas
pressionando minha aorta
Lembro da banda Aorta
Coloco o disco pra tocar
Eu vejo coisas no Largo São Bento
São vultos que me deixam triste
Os fantasmas do passeio
no Largo da Batata
de um passado que não retornará
casas derrubadas, quarteirões
árvores e maritacas
beliscando o fruto da língua
mordendo minha nuca
com um sopro de tsunami

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um passeio pelas terras de Neruda


A tarde esperando a viagem tomando uma garrafinha de uisque ballentines com cerveja quilmes, na espera do voo quando chegarmos aos montes montanhas da coordilheira que tocam o céu na tarde procurando os lugares as casas do poeta Neruda, passando na chegada pelo mercado central, a biblioteca central, igrejas e mosteiros franciscanos, entre faculdades, universidades centrais. a avenida literdador, o hotel libertador, em uma galeria da Bernardo O´Higgens, como se fosse o bairro de soho, entramos em botecos aparentemente sebosos, que tomamos vinho Carmen com uma Chorrila gordurosa com ovo, cebolas  batatas, carne linguiça e uma jukebox tocando salsa meregue, um choro do sangue latino, entre elvis e pop dos anos 80. Pedimos mais uma cerveza. Um rapaz Chileno, calado, com ares nostálgicos, resolve conversar conosco e dá toques como chegar nos cantos de santiago do chile. Ele fez anotações num bloquinho de notas, procurou até em seu celular um Memorial. Foi muito gentil.

O povo é receptivo. Quando consigo mandar meu portanhol, eles me coopreenderam, e também compreendo, quando não falam muito rápido. Na Argentina há mais brasileiros, e também compreendi mais fácil. Mas consegui entender o sotaque mapuche e a simpatia das garçonetes das lanchonetes, as recepcionistas do hotel, com muita facilidade, para conseguirmos ir ao lugar que quiséssemos.

Na manhã seguinte, vamos de metrô conhecer o Memorial e Museu dos Direitos Humanos, no bairro Quinta normal. É fácil andar pelo metrô, e ele tem três preços variados durante o dia, em horários de pico. Quando se aprende, fica muito fácil. Passamos pelo Baquedano, em que há uma conexão ou baldeação, e seguimos para a Quinta normal. O memoria e museu fica ao lado, nas estações existem mosaicos e pinturas e até mesmo grafittis, sobre paisagens do Chile, as cordilheiras, o povo, entre outras. Também me diverti com alguns animais, como ursos, um tigre de bengala empalhado, um búfalo, no metrô. O memorial é muito interessante, logo na entrada pelo metrô, alguns neons em uma exposição, os cartazes de manifestações. Você aprende um bocado sobre o que foi o fascismo bombardeando uma nação e destruindo o povo, indios de origem mapuche, a casa do poeta Neruda e toda a civilização. Lá tem tudo mesmo, desde os brinquedos de mais de milhares de crianças desaparecidas, mortas e torturadas, a cama elétrica das torturas,  até materiais da campanha de redemocratização.

O passeio da volta foi até o Bairro da Bellavista, bairro com casinhas vermelhas, descemos no Baquedano, a Praça Itália, e logo encontramos a Rua Pio Nono, que dá acesso até o Parque Municipal, passando pelos bares e restaurantes da Bellavista. Na entrada do Parque, vendem umas empanadas bem grandes por mil pesos chilenos, cinco reais aqui (meio caro, pois há alguns lugares mais baratos em sumpaulo, mas é bem grande). Também é passagem para La Chascona, nome da mulher de Neruda, a descabelada Matilde. A casa tem na frente uma espécie de ágora, uma assembléia ou mini teatro grego, no canto, e um monumento, pois detonada pelos Militares em 1973. A casa de Neruda é mágica, divide-se em vários locais, desde o bar no sótão, em que recebia artistas, pintores, viveu com suas mulheres.
Existe uma passagem secreta que usava na sala de jantar, para saber se falavam mal dele, em que se retirava repentinamente. Lá passaram Vinícius, outro entendido em mulheres, Toquinho, Bunuel, e tantos amigos homenageou naquele lugar. chamou atenção o sapatão no bar de verão, as fotos da Biblioteca de Withman, Rimbaud, Baudelaire, Poe. O cara era um colecionador (lembrei de um poema que escrevi faz tempo, o colecionador, essa minha mania de juntar coisas velhas, troços, trecos), junto sua casa em Isla Negra, tem de tudo, garrafas, areia, besouros,  borboletas, copos coloridos que acreditava dar mais sabor as bebidas. Na entrada do metrô, tem caras que mandam ver no Jazz, pedindo um troco. Descemos uma estação antes e fomos em um museu, abaixo do palácio La moneda, o mesmo que fora bombardeado com Salvador Allende dentro, que lutou até o fim contra o fascismo. Havia uma exposição fantástica, com objetos dos Mapuche, 15 mil anos, utensílios, crianças mumificadas, anzois, arpãos, roupas, até objetos de transe alucinógenos, instrumentos musicais e estátuas que afastavam maus espíritos. Muito bonito.

São passeios fascinantes, a praça em Bellavista é linda, com a casa roja, detalhes, casas coloridas, portões cheios de adereços, e monumentos contra a barbárie e ditadura fascista ocorrida, para jamais ser esquecida. Já almocei de volta perto do centro, em outra casa. A noite na Bellavista é boa também, bares, botecos, discotecas, alguns tocam jazz, outros musicas locais, com jukebox, e também há um centro em que tocavam Phil Collins, é tudo muito interessante, músicos entrosados, as pessoas hablando um portanhol, outros estrangeiros de terras estranhas, mais vinho barato pro bucho, as cervejas são pesadas por conta do frio, só tive que andar de touca, pois era uma friaca, na primeira noite sofri sem as luvas. O metrô fecha cedo, e esta foi a desvantagem para voltar no meio da madruga. Tivemos que encarar o busão, mas era só uma reta, não tinhamos o bilhete, não dá para pagar em cash, então o moto deixou-nos passar. Descemos em frente ao La moneda, e voltamos um tanto, pois passamos do ponto, pegamos uma água, com gás, dá muita sede mesmo com o frio.

no outro dia acordamos tarde, ficou dificil, pois saimos e voltamos tarde. Dá uma caganeira verde beber vinho, e pulamos para o café e já rumamos de metro para estação Universidad Catolica, de onde saem onibus para diversas regiões. O guri tinha nos explicado no boteco da primeira noite, então ficou fácil. Uma estação depois da Central, lá estávamos. Descobrimos que haviam pacotes, e teríamos que reservar a ida na casa de Pablo em Isla Negra. Conseguimos ligar pelo telefone e nos inscrever para ir. Pegamos uma água, a moça se divertiu com meu embaralhamento, mas pego logo a forma, e ela despediu-se rindo com um obrigado e eu gracias. Pulei para o ônibus, a nega dorme, eu fui apreciando as montanhas e descidas, uma hora e meia, passando por outras cidadezinhas, e logo o mar, o grande Oceano pacífico, anúncios de frutos do mar começam a aparecer em restaurantes com mais intensidade.

Logo saltamos, e observamos aquele local, mais restaurantes, um estacionamento com a cara de Neruda, enfim, uma moça atravessou e comprou o bilhete, que depois descobrimos que seria o correto, mas fomos direto, poise estávamos em cima da hora para nossa visita marcada. Começou com um fone, já entrando, vemos um peixe, além do saguão da casa, frente ao mar. Uma maria fumaça gigante, frases de poema em sua casa, muitas estátuas, de anjos, marinheiras, medusas olham para o mar, suas porcelanas e copos coloridos. A casa dele era mágica, cheio de maluquices, até a mesa que encontrou no mar e fez de sua escrivaninha, as pinturas de Matilde duas caras por Rivera, entre outras coisas, como o cavalo que conseguira da infancia. Até chegarmos ao barco que nunca navegara, só para tomar uns tragos com amigos, à proa que está enterrado, com mastro e banco atrás, com vista pro Pacífico, como se deveria esperar de Neruda.

Fechamos com um rango muito bom, um prato de mariscos e salmão, acompanhado de vinho e uma sobremesa, celestino, que é bem em conta por lá, e as coisas foram bem, o ônibus demoraria, pois já haviam comprado os bilhetes, e até chegarmos, demorou mais ainda. Mas a viagem de volta foi tranquila, antes tivéssemo descido nos Pajaritos e tomado o metro, evitariamos a volta, mas foi bem também, só passamos pelo Baquedano para pegar umas coisitas, lembranças, e fomos para casa, comer um rango, um sanduba que tem abacate no meio, assim como os hotdogs de lá, todos tem este creme, uma pasta de abacate, que é bom. Mandamos uma breja pro papo, e fomos dormir, pois logo cedo teríamos que voltar para o Brasil.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Lembrança do gosto de rabo-de-galo
Cynar com Velho Barreiro no copo
Nas calçadas do rock, ensandecidos
Bombeirinhos em copos de plático brancos
tingidos pela groselha das seis da matina
Em um desses botecos da Liberdade
Xanas cheirosas nas estações de trem
escadões e cantos escuros da madruga
Damas da noite morenas coxudas no sobrado
de uma casa velha
Tudo tinha o gosto doce de maria-mole
Breaco na madrugada com camaradas
Nas casas da noite, de vovô
Rezando pro deuses dos chápeu de sapo
e mandando estoura peitos bombas ativas
E vinhos velhos vomitados em manchas
de camisetas brancas

Quero deflorar a meia noite, o útero da madrugada
Comer sua boceta arrombada
Chupetas e fodas quentes em fuscas
Sonhos molhados
esperma da polução
noturna

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Homenagem ao meu xará, Celso Blues Boy


Essa ai é a quem abre a bolacha que rola na minha vitrola

Aumenta que isso ai é rock and roll!

(E pensar que era pra eu ter curtido um som dele no sesc, mês passado e perdi...)

Saudações, 5/1/1956 a 6/8/2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012


Na estrada da seca - todos os seres passam para o nada da morte e da fome
Não somos nada na viagem - a vida pede passagem no monte da teta em Cabugi
somos como o jumento morto secando - couro e ossos - beira de estrada semiárida
Camas de rede no vento oceânico de Tibau
Comendo olhos de taiobas na beira do mangue, observando os caranguejos na lama
Andando quilômetros em trilhas de areia como nossos ancestrais
Comendo xique xique alucinógenos, sorvendo água da cabeça de frade,
beijando jararacas e cascavéis escondidas em macambiras
Vendo as pinturas rupestres feitas por índios extraterrestres 
nas pedras dos montes há milênios atrás
Enquanto Batman o cavaleiro das trevas metralhava todos no cinema
Eu estava em parques de diversão no sertão de Caicó
O Sertão das políticas como dizia Lua Gonzaga
Do comício nas Rocas em que estava Jackson do Pandeiro com Manoel
Ouvia-se um candidato a vereança pedir votos a exclamar:
"Votem em mim que sou pobre
O Rico dorme numa cama de colchão de mola
enquanto eu sou pobre durmo numa cama de pau duro"

quinta-feira, 19 de julho de 2012

nas terras dos cabras que derrotaram os cangaceiros de Lampião


Na rua cheia de flores do Alecrim, na dez na tres e na vila da aeronáutica, uma andança descompromissada, o vento brisa desalinha meu cabelo e refresca o calor de minha barbas na face. Eu chupo um picolé de jaca pra refrescar o calor por dentro, depois mando mais um de mangaba, o calor é pra derreter os miolos. Na beirada da praia, eu vejo aqueles lanches, hot dogs, baurus. Tem um menino com cara de malvado, cabeludo, magro camiseta do palmeiras, com notas de vinte na mão. Garotos de vidas na rua sempre serão mais ligeiros e espertos na sobrevivência. Tem gringras, argentinas, mas as nativas de coxas e bundas bem feitas são imbatíveis, douradas de sol. Tem uma característica ímpar. Aqueles sanduíches com pães amarelados são sagrados, muito caprichados e bem servidos, eles salvam minha vida no calçadão da praia dos artistas. A brisa suave da noite me refresca do calorão medonho em pleno inverno em Mossoró. Tem macaxeira, carne de sol, carne de charque, carneiro, cuzcuz, tapioca, tudo que deixa os cabras arrochados e fortes pra andar no sertão. E um toque de lirismo, pois como uma pinha, a fruta do conde que apanhei do próprio pé, além de acerolas que colhi na altura da mão.








segunda-feira, 16 de julho de 2012

cenários potiguares



Um congresso em que o sonho se fez presente. O surrealismo, a energia e a pulsão tomando chimarrão. Para quebrar a passividade e a acomodação. Depois de ir embora mais uma vez de trem, fui assistir Na estrada, filme do ano, no cinema. A noite viajaria para longe, farpas trocadas por mensagens telepátiacas. Lendo os diários Não expurgados de Anais Nïn, após devorar os livros de  Helder, Apollinaire, Nerval, a espiã na casa do amor da própria Nin entre outros tantos. Chego em Natal, o friozinho nos recebe, com chuva, na madrugada. Uma hora para chegar em Pitangui, Extremoz. As dunas e coqueiros valem a pena, compensam meus glóbulos vermelhos, assim como escorrego pelas areias nas palhas e nas sombras dos cajueiros, a noite haverá festa de são Pedro fora de época. É churrasco, cerveja, uísque, ice e tudo do bom, forró com direito a poeta cordelista do conjunto residencial Santa Catarina e Panatis. A farra vai até o dia seguinte pela manhã, bebos homens e de ressaca pelos supermercados, buscando mais bebida para curar a ressaca. Caminhamos sob a brisa, mais chuva, até a viagem de volta a Pitangui. Desejos noturnos, sensualidade desenfreada, não troco nada pela minha rede, com a brisa que só tem aqui. Muitas muriçocas, que nos sugam o sangue das pés e mãos descobertos. Anais me faz companhia, junto de Artaud e Henry Miller. Manhã passear pela praia, andando entre lagostas, polvos voadores e lulas no ar, piso sobre manjubinhas, falar com pescadores, caminhada pela areia picolé de cajá graviola. Manjando um peixinho cioba com pimenta e milho boliviano, nas dunas da lagoa de pitangui, entre coqueiros e cajueiros, tomando uma pina colada.O abacaxi levanta o seu chapéu e começa uma dança de esquibunda.

Dia dos namorados fingidos

No dia dos namorados todos fingem, dissimulam
Levando flores para amores falsos
como compram flores na frente dos velórios
carregando o amor para o túmulo

caminhamos sob as árvores, 
derramando seivas, aromas, perfumes
tomamos vinho na taça de um cranio
e faremos amor no desespero


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Histoire d'O 1975


Clássico livro erótico, sadomasoquismo.

Li este livro, da Pauline Réage, a História de O, e fiquei sabendo a existência do filme depois.

Ai está, subi esta maravilha. Compartilho, para que todos possam "desfrutar" e se "deliciar"!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Um brinquedo legal, que subi para o You tube; outro que encontrei (participação Burroughs); e o Sarau na Brasa de inverno


La Lune dans le caniveau, 1983
A lua na sarjeta
Adaptação do livro de David Goodis
Dir. Jean-Jacques Beineix
Com Gerard Depardieu, Natassja Kinski






A feitiçaria através dos Tempos






Sarau na Brasa Inverno - 24/6 V. Romana




quinta-feira, 7 de junho de 2012

Vagabundos de bom coração


Nas semanas passadas do mês de Maio, estava relembrando de bons tempos, ao exibir para a moçada e rapazada o filme Sem Destino - Easy Rider, de Denis Hooper (1969). Os sonhos não envelhecem. Lembrei de uma penca de aventuras que já fiz por este Brasilzão, seja a pé ou de caronas pedidas de beira da estrada. Lembrei do Na estrada que o Walter Salles fez, sobre On the road, ou dos Diários de motocicleta de  Guevara, que é o nosso pé na estrada latino, sul-americano.

Sim, pois estava falando sobre Liberdade, e calhou de voltar na memória deste filme. Sim, pois ele é um marco de gerações dos anos 1960, desde a geração anterior, dos beats, passando pelos hipsters (hippies), claro, além de toda a contracultura e dos movimentos comportamentais (sexo, drogas e rock and roll) juvenis que sacudiram o mundo naquela década de 1960, mas principalmente no ano de 1968.

Penso que foi a melhor escolha, e eles serão muito gratos de terem visto este filme, pois quase não se fala mais nele. A cena do início, com o Capitão America Peter Fonda, jogando o relógio fora, antes de entrar com sua moto na estrada, dispensa qualquer comentário. Ou do advogado alcóolatra que os tirou da cadeia, e que disse que as pessoas temiam o que os dois viajantes representavam, ou seja, a própria liberdade. Viviam como queriam, e não apenas no plano do discurso, mas faziam. Todas as pessoas se diziam livres, mas vendiam-se no mercado, e não aceitavam que os outros dissessem que são livres. Ele próprio, o advogado, acabou por ser morto por espancamento da ignorância provinciana sulista dos USA.

O interessante foi que fiz toda uma relação com os livros que lhes são referencias, desde On the road, de Jack Kerouac, entre outros (Dharma Buhms, Lonesome Travellers etc), mas principalmente O vagabundo americano em extinção, deram mote e inspiração a relacionar com o filme, principalmente nas cenas em que lhe recusam um quarto de motel para dormir e o preconceito e discriminação provincianos e conservadores no bar, em que s]ao motivo de chacota, e que os leva ao sacrifício trágico.
Claro que não faltaram as referências ao Lobo da Estepe de Herman Hesse (que inclusive, está na trilha sonora com Born to be wild e The pusher); entre outros viajantes que inspiraram o próprio, como Jack London de Vagões e Vagabundos, Thoureau de Walden ou a vida nos bosques, entre outros. A lista é muito extensa, passaria por Walt Whitman e todos os vagabundos e andarilhos do mundo de Brueghel, Dante, Virgílio e outros.

Espero que, com isso, consiga libertar o lobo selvagem e solitário, ao menos dar aquela faísca, para que pensem com autonomia e independência, que tenham um pensamento selvagem, radical e crítico nesta sociedade que vivemos. Mantendo-se sempre vivos, com o espírito livre, em tudo que fazem. E que aprendam a tolerância, a não discriminar o diverso, o diferente, muito menos agredi-lo e violentá-lo. Que sejam humanos melhores.


terça-feira, 5 de junho de 2012

Estilo - Charles Bukowski (LEGENDADO)



Estou de molho, torci o pé no final de semana, fui no hospital ontem.  Como estou de molho - e só quem sabe ficar de molho, e conseguir fazer coisas boas, e não se entediar com sua solidão e repouso, na companhia de bons livros, bons filmes.

Só quem consegue se suportar e ter a solidão de águias em regiões hiperbóreas,de montanhas nevadas e alpes gelados, como afirmava o Nietzsche, é que é verdadeiramente um cara com caráter e capaz de encarar aos outros, pois encara a si próprio sem medo. Afinal, ele mesmo dizia que "Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia." E boas companhias são as  pessoas e idéias perigosas, de pessoas extraordinárias, que movem o mundo para frente contra a mediocridade e conformismo reinante.

Estavam comentando e brincando com a mesma foto do topo do blogue, em que apareço fumando um charus cubano, enviado pelo Fidel Castro, direto de Havana, para uma festa cubana. Até que uma colega falou em estilo. Sim, daí lembrei do velho poema "Style"do "Crônica de um amor louco", lido pelo ator Ben Gazzara, que interpreta o Véio China, o véio safado do Bukoswki, sobre o estilo dos homens.

Feita esta observação, voltei para o meu repouso e costumeira solidão. Pois só quem tem estilo sabe o que fazer quando aparentemente não há nada para fazer, só o repouso e o encontro com seus próprios demônios.

sábado, 2 de junho de 2012


Apenas procuro nos corpos, na pele, na carícia
nos sorrisos, trazer o passado de volta
Eu te procuro nas outras pessoas, mas elas não me completam
Estou sozinho - a solidão é minha única companhia
Love Hurts, diz a canção do Nazareth
O amor tem sido mesmo um cão dos diabos
só penso em você
As verdades que dizemos nos momentos
nas circunstâncias e no calor da paixão 
são as que mais expressam com mais sinceridade
o que somos e sentimos
com a clareza de um relâmpago
Nossa diversão está garantida, baby
Precisamos de muito pouco para isso
Enquanto muitos não sabem o que fazer
à meia noite trancam-se em suas casas
temendo o tremor que vem da rua
Cheios de medo, com suas espingardas e fuzis,
trancados em suas mansões labirínticas
Enquanto nós respiramos o fumo-hálito da noite
Quem ousa ser diferente é tratado
como um indigente, marginal do lixo cultural
banhado pela mediocridade dos burocratas
inúteis, parasitários e censores-ditadores
que toleramos no cotidiano corriqueiro de mesquinharias
Todos os loucos e doidos varridos
os sujeitos extraordinários, estão se esvaindo
Beleléu-nego dito, Jacobina
o herói das estrelas foi-se dançando
num maracatú atômico
Esta cidade parece sufocar-te
com a sujeira e a poluição de punheta
Tomo um caldo de caramujo 
em casas surrealistas 
está nevando até de manhã
A moça da por trás do balcão
Da bocavermelha, carnuda
sorri, linda


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Circulo por todos os bairros da metrópole
Pela noite, escuridão venho do velho Ipiranga
Vila Monumento, passando pelo Cambuci, Aclimação
Descendo pelo velho centro, salto na Sé
no Páteo do Colégio, nas paredes rosadas do Solar da marquesa
Eu sinto vossa presença, como que num olhar onipresente
Sei que você está me acompanhando feito um vulto gigante
Uma fantasmagoria, você é um espectro
no bairro japonês da Liberdade, desço na Praça Carlos Gomes
O caminho é sombrio, eu deparo contigo na Igreja nas almas
Passando pelo viaduto da Condessa Joaquina, as noites são tão ébrias e sombrias
Descendo pela conselheiro Ramalho, da madame satã do Bixiga
Luzes e cores, o fogo queimando, desço na bota pela Rui Barbosa
A noite me chama, a noite vela, ela me quer
Trepar em um viaduto sobre a nove de julho
no glamour da Avanhandava, circular dentre as estátuas
de Luis de Camões com seu grandioso coração
Dante Alighieri e sua amada beatrice me enche de tesão
Eu caminho muito pelas ruas todas as noites solitárias
Esperando por um contato seu, você finge que ignora
Mas sei quais são seus planos, prefiro seguir solitário

domingo, 27 de maio de 2012


A feiticeira mística afrodisíaca apoderou-se da minha alma
Profetiza os traços da vida na palma da mão - uma cigana
Enquanto o senhor Xangô dá a linha dos búzios com Oxum
O exu meia noite vem trazendo tudo o que é bom
Encontros inusitados com a dama da meia-noite
O vento sopra entre árvores tristes, sangrando lágrimas em seivas
São brigas seculares de amor, passeando pela paulicéia
Praça da República com suas estátuas e Álvares de Azevedo no largo São Francisco
Continuas a ser a grande musa dos encontros fantasmagóricos, casuais, instigantes
Se vacilas o charme de pai Xangô traz outras deusas e damas e musas
Deixando-a ciumenta, mas sempre és a predileta
O tempo parece ficar no Absurdo paralisado
Voltamos a ser crianças azuis, perdida no devir espiral
As ruas ficam encantadas, árvores choram, estátuas mórbidas ganham olhos
passeando pelo Bixiga ou no grito da independência do Ipiranga
Arremessado ao vento o coração de um errante andante da noite
perdido, sem vela, sem nau, sem leme e mesmo sem rumo
Procurando por alguma batalha de alguma guerra que ainda valha à pena
Deitando uma ficha na Jukebox atrás daquela velha canção de Rod Stewart
Inundando as estações lunares da percepção
Incursões noturnas do caminhante pela paisagem da velha Roosvelt e baixo Augusta
Passeando de ônibus da República, Paulista até Pinheiros
Ruas esburacadas pelas obras do "Progresso"
Levando passageiros madrugada adentro, noites de insônia e uísque
Repletas de bruxuleantes morganas circulando pela imaginação
As idéias dos vencidos, as ilusões vem de metrô
Inundam como afluentes -
amor e ódio são fluentes em uma paixão violenta
Procurando por aqueles que ainda estão vivos
Por quem ainda tem sague nas veias dos olhos
Por quem não se enredou nas engrenagens da burrocracia
desumanizante feito um processo em tribunal da santa inquisição
Por homens e mulheres que sangram, choram, transpiram
tem raiva e seus momentos de fúria e explosão
Os que não se entregaram ao absurdo da rotina cotidiana da máquina de moer carne
E ainda procuram pela beleza e simplicidade das coisas
A jovenzinha que vem instigando e empurrando com a fúria de sua paixão
A madura e experiente sedução, com seu intelecto me completam
Só me completo com as duas - com a rebeldia e a fúria da juventude, o seu turbilhão me arrastando
junto à maturidade, a experiência e a sapiência da mulher balzaquiana
O poeta atrevido, cara de pau, malandro Zé Pelintra, poeta bandido, banido
Macunaíma, poeta da noite e da boemia, procurando por algum sorriso
e um bom par de coxas para secar no metrô às cinco da matina
Aguardando ansiosamente por alguma mensagem sua, que venha fluindo em ondas magnéticas
do alento, do encanto, da esperança romântica
Aguardando alguma notícia sua, escutando Don´t let me be misunderstood
Pedindo pelos restos de sua compreensão ou mesmo alguma mensagem desaforada sua
alguma ofensa, um xingamento ou mesmo a sua braveza significa ainda reconhecimento
Continuo o mesmo garotão com a mochila ou a sacola à tiracolo
sonhando contigo toda gordinha das faces, passeando pela casa de interior

Balada dos anjos perdidos

A noite corria tranquila. Carlos descia do cinema, havia assistido um filme, Absolute Begginers, sobre os baby boomers, o jazz do Soho, com o David Bowie, Sade, entre outros no elenco. Descia tranquilo, pela Consolação abaixo, no bairro escuro dos Jardins, passando na porta das casas em que se dizem baladinhas mais diversas possíveis. Foi cortando as ruas, cruzando-as suavemente, ouvindo o Joe Cocker esgoelando-se e alternando com a calamaria de seus blues. Também enquanto a bota mandava ver, e ele passava pelos cemitérios, olhando em busca de seu João, ouvia Koko Taylor esgoelando seus blues. Seus fones mandavam ver, passando pelas encruzas, esperando topar com um exú. Seguia seu rumo, tranquilo, procurando por uma festa, para rever os conhecidos, mas não encontrou nenhum, e nem mesmo o endereço da festa. Procurou de cabo a rabo: subiu, desceu a rua, mas não encontrou aquele número, aquele endereço, até que tangenciaram em uma informação. Desistiu, entregou os pontos naquela procura, depois de muita peleja, mas parece que no tempo em que foi comprar um lanche e um trago, esperando o buso na Teodoro, chegaram dois doidos, uma baranga loira desbocada com um malandro mamado com uma lata na mão. A mulher loira queria subir de qualquer jeito, mesmo que fosse de táxi. Perguntou a Carlos sobre ônibus, que deu-lhe a informação sobre o intervalo maior dos ônibus, na madrugada. Nisso, chegou uma moça, na verdade, com uma cara de menina, assombrada, dizendo ter sido assaltada, que tinham levado seu dinheiro, procurando o ônibus para Santo Amaro. Orientaram que ali não tinha, que era no Largo da Batata. O malandro se interessou, dizendo que ela era uma menina, que não andasse por ai, pois seria um corpo estendido, boiando no rio no dia seguinte. Sua mulher logo enciumou, ficou possessa, dizendo que não tinha nada de menina, que naquela idade não tinha de criança, que ela se virava, que era problema dela, e que o cara queria ir, que fosse, galinhar para cima dela - isso muito possessa, vendo a arrastada de asa que dera, e logo chamou um táxi e entraram. Os caras não se proporam. Carlos, ali no ponto, enconstado, esperando meu ônibus a pouco, tomou atitude, e disse que a levaria, pois pegaria ônibus na Rebouças, e que dali não custava nada, desceriam juntos. A menina foi seguindo. Era uma menina mesmo, com cara de boneca, olhos grandes, pretos, cílios destacados, vestia uma jaqueta cinza, blusa azul, tinha cabelos cheios, castanhos escuros e pretos, um rosto branco, que Carlos viu quando ela perguntara se estava vermelho, mas na verdade estava pálido. Ela usava ainda uma meia calça, um sapato que parecia uma bota, tinha as unhas pintadas de preto, anéis, colares, pulseiras, coisas de uma moça daquela idade. E Carlos foi acompanhando, tentando acalmá-la, ela reclamava do frio, que estava com dor de cabeça, de passara o susto, que ficara nervosa, mas que agora, vinha a preocupação com a perda da carteira roubada, cartões, documentos, que teria que tirar tudo novamente. Carlos foi acalmando, que o importante é que nada acontecera a ela. Ela agradecia, dizendo que Carlos era um anjo, mas na verdade aquela mocinha é que era um anjinho caído na terra, de asas quebradas, e que não poderia ficar perdida pelas ruas, abandonada e desprotegida. Ele disse que a ajudaria, pois ela teria que tomar um ônibus até o terminal Santo Amaro, e depois, seguir rumo à Interlagos, tomando outro. Orientou um cara que procurava por um restaurante fast food Árabe, atravessando a rua. Perguntou como ela se chamava, ela disse que era Giovana, Carlos disse o seu, e ela disse que era um prazer conhecê-lo. Passaram em frente aos risca-faca e os inferninhos do Largo da Batata, tocando forró eletrônico, funk e sertanojo. Giovana vinha atrás, Carlos se preocupava se nenhum função mexeria com aquela princesinha. Os comportamentos lascivos davam-se ali mesmo em frente, e o cenário era tomado pelos carrinhos de churrasquinho de gato, cachorro quente, pipoca. Perguntaram a respeito do ônibus, disseram que saia do canteiro central. Tiramos a prova com o rapaz da barraca de tapioca. O ônibus saira à meia noite e quinze. E só sairia às cinco e cinquenta. Giovana gelou. Carlos trocou o dinheiro, uma nota de cinco, e deu a ela. Giovana resistia. Carlos dizia, você auxilia alguém depois, sem problemas. Pensou em uma solução. Chamou-a para a Rebouças, pois era o melhor meio de tomar um ônibus e adiantar sua vida, indo para o Centro. Aquela menina era linda, ela tinha ainda um lenço amarelo e outras cores. Mas em nenhum momento Carlos abusou ou tirou proveito desta situação, conversaram, sobre em que ela trabalhava, disse que fazia fotografia de cabeleireiros, que não devia ter saído, que fora falar com uma amiga, que fora o pior dia. Ele fora consolando, que o mais trabalhoso eram os documentos. Ela perguntou porque ele estava até aquele horário, e Carlos contou toda a história. Ele trocou o dinheiro em um posto, deu mais, ela recusou. Ela dizia que estava ou tinha estragado a sua noite. Ele já tinha mesmo entregado os pontos, pois não achara o endereço da festa, disse-lhe. Ele tinha esta missão, ele fora designado para ajudá-la, para tirá-la daquele apuro, naquela hora, era mais do que um acaso objetivo desses. Chegaram no ponto da Rebouças com a Faria Lima, Um cara perguntava apara chegar no Ibirapuera. Ele iria na bota. Um outro rapaz lá estava, confirmou o roteiro que Carlos lhe disse. Ela estava com frio, sono, sentou-se, esperando o ônibus, que levou mais vinte minutos. Dormiu no banco junto a ele, perguntando. Ele disse que à noite era rápido, não havia trânsito. Ela dormiu de boca aberta, seus cílios grandes, os lábios carnudos abertos, mas em nenhum momento Carlos insinuou-se, não esboçou nenhuma tentativa. Ajudava sem interesse, sem exigir nada em troca. Apenas tinha interesse em conduzir aquele anjo lindo, aquela moça bonita, perdida na noite, para seu destino. Era um andarilho da noite, um boêmio que conhecia todos os seus caminhos e quebradas. Enfim, chegaram até o Terminal Bandeira, ela conseguiu carregar seu bilhete, despediram, ela ficou lisongeada de anjos que a ajudaram, que deram de si, e o sorriso dela foi o que mais valeu a pena no peito de um maluco doido, que foi dormir mais tranquilo. Alguma bondade o chamava, alguma boa ação, para ajudar, sem interesse em levar nada em troca. Apenas levar aquele anjinho para seu destinho, era ele um recolhedor de almas aflitas e perdidas na noite. Giovana até agora pensava em não cair em mãos de um fascínora, e dera sorte de trombar no seu destino um maluco andarilho, sincero e de bom coração que sabia o rumo de todas as quebradas e armadilhas da noite. Esperava que ela tirasse dali uma conclusão e outro conceito de um maluco. Carlos seguira tranquilo para sua casa, com a leveza do espírito, por ter feito uma boa ação. Chegou na sua casa. Tomou uma dose, para ajudar na recuperação. Sentou-se ao computador. No bate papo, uma mulher o chamava, exibia seus dotes, os peitos enormes, em uma foto muito provocante. Disse que o adicionara devido à sua barba, que tinha tesão por homens barbudos beatnicks. Ela tinha alguns conhecidos. Ele elogiou aquela foto, muito bem tirada, naquele ângulo. Depois dela sair, afinal, já era quase de manhã, Carlos desabotoou a calça e mandou ver, descascou uma banana em homenagem a esta gordinha e à todas garotas perdidas pela noite, porque também ninguém é de ferro.

sábado, 19 de maio de 2012

Novo Aeon: Um banquete de lixo servido para mendigos na Cozinha do Rock



O Marx pediu que eu resenhasse um disco do raulzito para um banquete de lixo e de mendigos na Cozinha do rock, pratos transbordando “nova iorque, catchup e caviar”. Trabalho hercúleo, pois tudo o que o mestre mandou é de primeira. Ainda mais quando o disco escolhido é o Novo Aeon (escolheria o Panela, mas este vem em primeiro) que tem o peso de ser o preferido do Marcelo Nova (e também resenhado pelo mesmo) e de outros caras, amigos raulseixófilos meus desde a mais tenra juventude.

Novo Aeon é um disco  recheado de mensagens filosóficas, sátiras aos modismos contemporâneos de Raul, poética, além de abordar temas mais do que variados, como amor, sexo, morte, além de claro rock and roll, comportamento, gerações, consumismo, ideologias, política, entre outros temas, como apenas o Raul soube tratar com sua marca pessoal. Seu parceiro era o letrista Paulo Coelho, hoje membro da ABL e mestre me adaptar contos orientais para fazer vender Best Sellers do momento, como Diário de um mago e o Alquimista, entre outros "livros agourentos, que ninguém entende, mas todo mundo quer ler"...
A primeira música do disco é uma balada, com uma guitarrinha bluesy, um coral, o hino dos perdedores que nunca entregam os pontos: “Tente outra vez”! Lute, nunca desista!
“Rock do diabo” é um rock que Raul costumava mandar como abertura em shows no inicio da década de 1980, que era seguida de uma história do rock and roll que Raul contava e mandava as principais músicas do rock no meio. Raul retoma a relação do blues com o diabo (mais precisamente com Robert Johnson) e a rebeldia do rock para desmistificar a figura do diabo pintada pelo cristianismo (“aquele do exorcista”). No livro Baul do Raul de Toninho Buda e Silvyo Passos, a menção ao diabo na obra de raulzito é mais detalhada: contém até uma figura de um diabo, um bode feminino, como fonte de conhecimento, de experiência e sapiência por ter ousado provar a fruta do conhecimento e desafiado deus. Raul coloca o diabo nesta música mais como uma fonte de experiência, o diabo da os “toques” (entendido em sentido amplo, de autoconhecimento), discutindo até a psicanálise freudiana.
Raul e Paulo Coelho dão um show de lirismo em “A maçã”, consegue discutir temas como o amor, o ciúmes e a idéia de amor livre, um amor que não trata o amante como propriedade ou mercadoria, como se dão as relações capitalistas.

Em “Eu sou egoísta”, Raul vomita uma série de impropérios contra a religião, a moral e os costumes contra os ismos totalitários, e retoma a sua afirmação do egoísmo de Max Stirner, autor  de O Único e sua propriedade. Sem delongas, o filósofo anarquista invidualista, discípulo de Hegel, dechavado por Marx na Ideologia Alemã critica o aspecto falso das Igrejas e Estado  autoritários, configurando um libertarismo anti-autoritário. Raul já cantava em primeira pessoa desde os primeiros discos, como Gita (Eu sou a luz das estrelas, eu sou a cor do luar...) com a intenção de que quem cantasse, valorizasse seu eu, seu ego.
Em “Caminhos”, Raul consegue trazer a belíssima síntese de contrários que é o Real, o mundo, a contradição heraclitiana, o fogo e a água, o caminho do sangue é o chicote, do errado é o certo, o caminho da vida é a morte, que será retomado no lado B em Caminhos II.
Raul e Paulo Coelho fecham com chave de ouro as cortinas do lado A com “Tu és o MDC da minha vida”. Propositalmente cafona, brega, uma letra de amor piegas, satirizando um tipo de classe média modista, moderninha. Emplacam até uma rima do tipo “eu me lembro do dia em que você entrou num bode/quebrou minha vitrola e minha coleção de Pink Floyd. Satiriza marcas e programas que muitos nem conhecem hoje, Flávio Cavalcante, Casas da Banha, Pepsi-cola, Gradiente, representando o consumismo de modinhas e modernismos misturavam com Shakespeare.
O Lado B traz um tema ainda presente nos nossos dias, como o choque das gerações. Em “A verdade sobre a nostalgia”, retoma a discussão: qual é o rock melhor? Qual é a poesia melhor? O dos cinqüenta ou dos setenta? Raulzito ainda manda: “o rock hoje em dia já virou qualquer coisa, por isso cortei meu cabelo”, sempre polêmico.

Um dos pontos altos do disco é “Para nóia”, em que Raul fala sobre timidez, vergonha de mostrar seus escritos, bem como o sentimento de culpa cristã para com a masturbação e o temor de que Deus estava lá, vendo tudo o que se faz dentro do banheiro.
Peixuxa, o amiguinho dos peixes, é o netuno ou poseidon com seu tridente. Tem uma levada à la Beatles proposital, parece infantil, mas na verdade traz uma mensagem ecológica, denunciando a poluição dos mares – tão atual quanto o desastre no Golfo do México “E quando eu olho/ o mar com petróleo/eu rezo à peixuxa que ele fisgue esta gente”. Raul profético? Uma prévia do que Raul faria em Carimbador Maluco, passando sua mensagem e se vestindo de Proudohn nas barbas do Monstrosist. Pra entrar num buraco de rato, de rato você tem que transar, diria raulzito.

Em “Fim do Mês”, Raul recorre ao seu famoso sarcasmo contra uma vidinha acomodada, uma crítica ao modismo de maria-vai-com as outras “já fui hippy, beatnick, tinha um símbolo da paz pendurado no pescoço porque nego me dizia que era o caminho da salvação”. Algo que o capitalismo faz e nos leva a uma situação absurda kafkiana: preocupar-se com nossa morte em vida, e não aproveitar essa: “eu já paguei a prestação do meu tumbão”. Enfim, o sufoco pra pagar as contas, o preço do feijão que não cabe no poema, e corremos, nos matamos pra ganhar dinheiro e pagar mais contas do mês seguinte e nunca aproveitamos a vida como deveria ser.
Assim como no Krig Há, temos uma música em inglês neste disco, Sunseed, com sua parceira da época, Spacey Glow.

A faixa Caminhos II emenda com o banjo da faixa título, Novo Aeon. Nesta letra, os princípios que Raul já havia delineado sobre a Sociedade Alternativa, a Lei de Thelema: “sociedade alternativa, sociedade novo aeon, são retomados: é o direito de ser ateu ou de ter fé... direito de ter o prato entupido de comida que você mais gosta... e até o direito de deixar Jesus sofrer”

Disco imperdível e fundamental na coleção de qualquer um que curta o mestre Raul. É impossível não pensar em alguma situação ou não ter passado por alguma reflexão ou vivência descrita por Raul. E pra quem estranhou que citei o tempo todo lados, como diria Durval Discos, é que toda vida tem o seu lado A e seu lado B.
(esta é uma resenha que fiz, a pedido do Marx, em 24/06/2010, sobre o disco Novo Aeon, do Raul Seixas. Faz quase dois anos, não encontrava, agora vi, repasso)

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A psicóloga sorridente sabe fazer com élan na práxis
psicanálise tesuda em diversas posições - gosta disso
Deu o toque, procure apenas no inferno, não se apegue
Junto com seu João e seu Zé que guiam o Ser
Um cheiro de sândalo povoa o ar
Pairando sobre nossas cabeças
Bruxas morganas de olhos negros que reaparecem das cinzas
Junto à cigana com cheiro de cravo e canela
que se agarra em um mel -abelhuda que é

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Noites de luar em samba encantado
Descida praieira, de serra do mar
Um samba do ouro verde em quadra
de futebol de salão, calor, cervejas
A brisa marinha bafejando em rostos
Noites de lua, cadeiras, mesas na rua
Eu converso com seu João na semana
Incorporando no final do dia

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sexta-feira da paixão de Cristo caminha pelas ruas escuras de Pinheiros
Ruas de vento lixo e baratas pelo chão da Paes Leme aqueles cabarés
portas no térreo e salão no sobrado mesas de bilhar ao centro
O cheiro de incenso exalado pelos recipientes sacolejados pelos padres
Aquela acústica de cantos divinos e celestiais
Toma a praça toda, subindo aos céus a procissão da Igreja do Largo de Pinheiros
Jesus coberto sob uma túnica púrpura olha para as coxas libidinosas da moça loira
vestida com shorts curtos, delícia de pecar
ter uma consciência pecadora dentro da igreja sem culpa e pecado, nada é gostoso
o barato e o tesão da coisa toda é a culpa, o sagrado ao lado da profanação
bares e botecos do cú do padre, balcões ensebados
salgados pura gordura e fritura e cerveja derramada E conversas passadas que a nada levam
Bebuns doidos quebrando espelhos de bordel batendo copos com a bebedeira na cabeça
chapados até o último fio de cabelo de sua careca lustrosa
Durinhas e outras gordinhas conversando horas a fio
Ou malucos que desenham você em troca de um rango no meio da noite
A noite solta seus urros de delírios cor púrpura enquanto rola na jukebox
Ball and chain da Janis ou Break On through do The Doors
São iluminações terríveis, bestiais e monstruosas que mordem o cérebro
Procura em vão alguma beleza e a volta do lirismo com toda força
em ruas de miseráveis cheias de nóias profetas barbudões
Uma gira dança nua no meio salão agarrada no ferro
Ela é uma Sibila, que lança suas falas advinda do oráculo do vodu 
de seus olhos de feiticeira, advinhadora, profetiza, sacertotiza dos terreiros do candomblé 
por Ogum, Xangô e toda a sorte de Exus, Zé Pilintra,
do ouro canta todas as profecias e previsões de sua vida
em apenas uma fala direta, dá toda sua vida e expõe as armadilhas e ciladas
Uma aventura leva a ruas desertas, cinco e cincoenta da manhã
Ruas do centro, pessoas passando, hotéis e padarias abrindo
pronto para um amor selvagem e furioso em uma cama do motel
após uma noite de fúria, som e música e muita vertigem de sonho de ópio
sonho com feiticeiras e profetizas negras da umbanda e candomblé e do vodu
Sonha com serpentes traiçoeiras correndo que o picam na barriga
São como vampirescas sanguessugas chupando sua energia e bondade
Mantenha distância do seu quebranto e mau olhado.

sábado, 24 de março de 2012



Vou lembrando da delícia de sorvetes comidos com casquinha
saboreados no remelexo das franjinhas e pequenos lábios
lambidos e sugados nos mamilos
Fico pensando na beleza e delícia da existência
Nos fetos triturados feito algodão-doce nas bocas
Abortados em camisas de vênus furadas
Na doçura da vida elegante, nas suas dores e delícias
Nos prazeres, tragédias, andando no Jardim das Delícias de Bosch
com as feridas corporais, sarampos na alma, micoses perebentas no corpo, chagas  espirituais profundas
Os sonhas mais úmidos com lágrimas choradas
O assovio do vento
levando consigo a poeira do passado

quarta-feira, 7 de março de 2012

Apenas vê hoje o tempo escorrendo entre os poucos fios de cabelos já escassos na testa calva
Como desejaria nunca conhecê-la ou que nunca tivesse existido: tudo ficou tão triste e mais assombrado
A decepção e o esvaziamento do seu ser esvair-se em prantos hoje tudo secou
E não acredita mais em fantasias, em sonhos e fantasmas, segue cada vez mais cético
Com a fuga as mancadas  pisadas na bolas o charlatanismo e a picaretagem

Tempos em que se discutia Restiff La Breton e Marques de Sade nas alcovas horas a fio
Em noites da musa mousiké, o fio da espada, o frio na espinha, a navalha na coluna e na carne
Cheias de emoção e brilho nos olhos de mentes imagem ativas  sem travas na língua
A intensidade e o êxtase com as noitadas molhadas, noites de neon, noites suadas, noites bêbadas
Em viagens doidas no mato, acampamentos na cachoeira, ermitão dormindo ao relento em pedras conversando em redes até a aurora embriagado de brisas à beira mar


Agora tornou-se um velho chato e carrancudo não tem mais a alegria de outrora
Tudo é a rotina e a mesmice do cotidiano e a vida segue sem sal e sabor
Como um carcaça apodrecendo a cada dia um pouco uma nau perdida sem leme
Como uma vela acesa no meio de uma tempestade de neve
Os olhos derretidos e secos de chorar tantas lágrimas em vão.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quarta-feira de cinzas


quando todos papam 


hóstias e se recolhem


para a quarentena


Continuamos tomando 


cachaça


Para nós, sempre é e 


sempre será carnaval


Vai queimar no inferno 


herege 


Vai queimar na fogueira 


herege

Quaresma no inferno, 

uma temporada no 

inferno rimbaudiana, és 

eterna

sou um reles mortal

Sonho com gatos 

chorando lágrimas 

pesadas sob uma navalha

Gatos melancólicos e 

filósofos e

um julgamento e leituras 

de poemas e homenagens

à Suassuna

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Da boca saem jatos de cogumelos atômicos


E borboletas de cristal voam como efemérides


Nunca o passeio foi tão longo e estranho numa noite de bebedeiras


Solitário por noites loucas, os caminhos de néon em corredores da morte


Noite dos nóias zumbizando mortos vivos procurando pela pedra sagrada comestível para tragar e entorpecer seus brônquios de metal


E putas mais doces de saias curta e coxas grossas e outras magras loiras morenas todas angelicais
umas bundudas outras peitudas passeiam pelas ruas próximas da Rua Mauá na Estação da Luz


outras doidas e sorvendo o líquido da vida a mil por hora, cantando e fumando narcóticos aspirando o hálito vital da noite em pó


Enquanto uma dança feito louca dança mascando chiclete com cara de insana louca e demente


Libidinosidade andando pelas ruas de papel e creme comendo sanduíches gordurosos de realidade


Vendo filmes pornôs muito sacanas e surreais em que as mulheres fazem mil caras e bocas quando chupadas no grelo e falsamente gemem quando penetradas, curradas feito éguas em posições malucas


A noite passa como fios de néon, alucinadas, com luzes e cores mortais acesas em brasa gritando e clamando em seu seio por mais suavidade e tranquilidade nos corações aflitos por mais


Com sede de amor, famintos por um pouco de afago e carinho em almas perdidas


Clamando por mais imaginação e criatividade em noites loucas e delirantes

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Mulheres bruxuleantes povoam meus sonhos falando comigo


-  em sonhos lilases com fantasmagorias


dissolvendo a droga em tubos de ensaio com bicos de bunsens


deitando todas as ampolas e puxando com as seringas conversam comigo


assim como minha velha avó aparece em sonhos


dizendo que está em um asilo de velhos loucos

pedindo que a visite no sanatório da igreja em que ela se encontra

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Fetos mastigados como chiclés de bola

O amarelão no cérebro faz recordar de veras


Como era linda em sonhos de chocolate em bombas de explosão


Do suco vaginal que a fazia dormir, embalava sua criança em limonadas da testa


A rainha da paz não voltará mais com suas lontras assassinas


Deusa de olhos brilhantes uma druida celta cinzenta


Ganesh ou a aranha spinozana do universo


Ornitorrincos arranham a minha caixa craniana


Enquanto busco papagaios nas grutas de suas gargantas


Revoadas de maritacas em meus pulmões de de cimento e concreto


Das flores, violetas, orquídeas, azaleias que nascem entre os pentelhos de sua boceta


Pendurado nos úberos de suas tetas de loba magra


E nos ossos finos de leopardo corredora com dentes caninos à mostra


Devorando os sanduíches do sonho e as vísceras podres da realidade


Partiu sem medo e sem dúvida rumo aos peixes espadas e raias e


enguias dentro de seus intestinos e do sexo furioso e cortante das barbatanas do tubarão

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


Beijo as cloacas dos nóias e
                                              junkies dormindo feito ratos


Na cracolândia sob lonas pretas


                                                Mini fogões de boca


Zumbis diuturnos guardam em vigília


                                                       pelas ruas feito exus e pomba-giras


Trepando no meio da rua meninas grávidas


                                                                 Ávidas por mais um trago na fumaça


Pra acalmar os brônquios


                                        bocas famintas do vício crack e óxi


Lambo os pratos e marmitas e quentinhas largadas no chão


                                                                      No mesmo lugar que defecam suas merdas


Líquidas marrons amareladas ou


                                                     Até pretas com sangue e o cheiro de mijo


Da urina dentro de casas abandonadas no quarteirão


                                                           Prefiro chupar as feridas de cogumelos
Atômicos purulentos


                                mais limpos que


senhores engravatados 


                                   governantes mentirosos


Devoro os seus cachimbos de


                                            gambiarras canetas papel alumínio


a lamber as botas dos gambés
                                                
                                             Tiras que os varrem, noiados


Expulsando-os da cidade burguesa


                                                       para quem são o extorvo e a escória a


face pútrida de uma sociedade em de-
                                                                                              c
                                                                                                              o
                                                                                                                              m
                                                                                                                                             p
                                                                                                                             o
                                                                                                              s
                                                                                                                             i
                                                                                                                                             ç
                                                                                                                             ã
                                                                                                              o

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Pilotando a banheira do Manoel nas dunas

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seguindo após Pitangui até Muriú-RN

Tatoo you

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Outra caricatus

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Desenhista do bar e restaurante Salada Record

Mix, podi mandá "uma" aí?