Apenas vê hoje o tempo escorrendo entre os poucos fios de cabelos já escassos na testa calva
Como desejaria nunca conhecê-la ou que nunca tivesse existido: tudo ficou tão triste e mais assombrado
A decepção e o esvaziamento do seu ser esvair-se em prantos hoje tudo secou
E não acredita mais em fantasias, em sonhos e fantasmas, segue cada vez mais cético
Com a fuga as mancadas pisadas na bolas o charlatanismo e a picaretagem
Tempos em que se discutia Restiff La Breton e Marques de Sade nas alcovas horas a fio
Em noites da musa mousiké, o fio da espada, o frio na espinha, a navalha na coluna e na carne
Cheias de emoção e brilho nos olhos de mentes imagem ativas sem travas na língua
A intensidade e o êxtase com as noitadas molhadas, noites de neon, noites suadas, noites bêbadas
Em viagens doidas no mato, acampamentos na cachoeira, ermitão dormindo ao relento em pedras conversando em redes até a aurora embriagado de brisas à beira mar
Agora tornou-se um velho chato e carrancudo não tem mais a alegria de outrora
Tudo é a rotina e a mesmice do cotidiano e a vida segue sem sal e sabor
Como um carcaça apodrecendo a cada dia um pouco uma nau perdida sem leme
Como uma vela acesa no meio de uma tempestade de neve
Os olhos derretidos e secos de chorar tantas lágrimas em vão.
REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
quarta-feira, 7 de março de 2012
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