sábado, 2 de janeiro de 2010

Para a última lua de 2009



Ninfa pequenina

Menina linda e graciosa

Olhos cheios de malícia e tentação

Cabelos de seda, pretos, noturnos

Boquita de cereza e vinho tinto

Pele clara e macia

Tornozelos de camurça

Coxas e pernas de uma gazela

A delicadeza e gentileza em pessoa

Sexo de orquídeas

perfume doce, líquido

úmidos, prazeres gozosos

beijos na nuca da própria

graça em pessoa


31/12/2009
(não deu tempo de postar em 2009)

Chuvarada e o Zé alagão



Mais de 1,8 milhões de veículos sairam da capital. Eu fico me perguntando: pra que? só se for para entupir as estradas, ficar na fila de padarias no litoral ou pra fazer uns cagalhões na praia. E dá-lhe frango com farofa. Se o rumo foi o interior, também, foi só pra ficar dentro de casa. A chuva fez estragos e acabou com a festa de aproximadamente 6 milhões destas pessoas (considerando 3 por veículo, em média). Sem contar os que ficaram, no Jardim romano, já está uma lagoa faz mais de um mês. Pra estes, nã orestou mais nada.

A cidade está bem tranquila. Está muito bom para dar uma caminhada, não há trânsito lento, as ruas estão vazias. Tão vazias que nem ônibus intermunicipal passou para irmos até Pirapora do Bom Jesus, na região metropolitana oeste, dar um giro diferente com os velhinhos. Foram quase duas horas de espera, e nada. No final, conseguimos dar uma passeada pela Teodoro, tomar umas no bar e chegar em casa antes de despencar mais água por cima das nossas cabeças.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Primeiro dia de 2010





Foi boa a farra da virada. Fizemos a bagunça na casa do Nando e Rose, no sexto andar de uma travessa da Augusta, já perto do centro. Os nordestinos eram maioria absoluta na parada, só eu, a Milena e um chegado do Jocélio eramos os "paulitas", como eles falam.
Tivemos nossa propria serezta, quem tocou a viola foi Jocélio, um paraiba de Cajazeiras, mais um daqueles que "pesou no Norte e caiu no Sul, grande cidade", segundo a lei da Gravidade de Newton, e como escreveu o também nordestino Belchior. O Jocélio é funcionário dos Correios (qualquer coincidência com o véio China é pura coincidência mesmo), e investe na sua música também.
Ele mandou um repertório de carnaval, músicas de Lamartine Babo, Mario Lago, Lupiscinio, Cartola, Nelson Gonçalves, Adoniran Barbosa e cantores nordestinos Zé do Norte (da mesma terra dele), Luiz Gonzaga e outros passaram pela noitada. Veja Jocélio Amaro tocando Literário amor na virada
As do Lamartine fizeram recordar das matinês do carnaval em Casa Branca, que brincava, e do saudosismo de alguns amores passados. Lembrei também que nos reuniamos pra assistir as comédias do Mazzaroppi lá na casa do meu vô, era só gargalhada. "O corintiano", por exemplo, em que o Mazza perguntava, na primeira vez que conhecia o pretendente de sua filha, qual era o seu time, e ele responde que era o São Paulo. O Mazza já rebate: "-Já começou errado, não dará certo". O caipira em Bariloche também, vieram com a lembrança quando ele tocava "bregões" de Gilliard, de Fernando Mendes, entre outros líricos. O brasileiro é um lírico, romântico que sangra e destila a paixão na música, dá pra sacar?
Lembrei do meu véio curtindo Charles Bronson, Ilha da Fantasia, o Mr. Spock e outros seriados que ele gostava de assistir.
Filmei Dona Juvita cantando "Sertaneja". Veja D Juvita cantando Sertaneja na Virada de 2009 para 2010. Foi uma farra da boa que acabou lá pelas 5 da matina, om direito fogos em frente, duas champanhe vagabunda chuva de prata, vinho, cervejas e até uma cachacinha, que bebemos até secar. Nem eu, nem ninguém passou mal. Todos dormiram, até numa rede, e acordamos depois do meio dia, pra continuar na birinaitagem e na comilança. Só agora, no momento em que esses nodestinos com pique de ferro deram uma parada na frente da TV, sobrou tempo pra usar o PC deles pra postar aqui este texto.
2010 pode até ser legal. Ou não, quem sabe? Ao menos começou bem tranquilo, regado a álcool etílico, como sempre. Se o fígado seguir funcionando bem, o coração batendo, o resto é por nossa conta.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Coração de pudim

Foto deste Natal, na casa dos meus pais: minhas mãos; meu velho; nando; manoel e cleo; (ao lado que não aparece), meus "sobrinhos",  irmãs, mãe, tia e mais um bocado de gente


Posso até parecer o comunista-ateu-durão-comedor de criancinhas

Sou duro com os inimigos na batalha

Mas também sei ser romântico

sei endurecer, pero sin perder la ternura, diria o comandante Che

Sem isto parecer piegas ou ser clichê

Curto muito meu velho careca e minha velhinha

Fizemos um Natal mestiço

Miscigenado, mameluca, negro e branco

Cheio de gente, como deve ser, tudo misturado

E ainda depois os mais animados foram beber

A vida não deve ser de ressentimento

Vida é alegria, não teme felicidade

não ter medo de nada, do novo, da revolução

a classe operária só tem a ganhar o paraiso

No nascimento do Jesus Cristo, o crucificado e Dioniso esquartejado

Fizemos da ceia um banquete dos mendigos

todos tem que ter do bom e do melhor

muita fartura, sem miséria ou sovinimo

na verdade, é o nascimento do novo homem, liberto

revolucionário, que ameaçou os poderosos

Como pregava a Teologia da Libertação na América Latina

execrada pelos papas reacionários Dom Paulo II e Bento XVI

Que unia a fé e política, palavra e ação, praxis

como os padres e poetas fizeram na revolução sandinista

iam aos campos ensinar

a revolução das crianças nicaraguenses

visitada e defendida pelo poeta Ferlinghetti

não o verbo-oco alienante e mistificante

não palavras sem ação, que são só verborragia

mas palavra comprometida com a mudança da vida

como diria Rimbaud, a prova histórica pela ação

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Vagabundos autênticos e aqueles que nunca dormem no ponto



Ontem estive no CDHU perto de Piraporinha em Diadema, era aniversário de alguns moleques, filhos de uma amiga da Cléia, que resolveu fazer uma festinha lá. Eles foram criados por uma mulher da creche de lá. Eles têm mais condições que o resto da molecada do CDHU, com certeza. Num segundo, me vi preparando cachorros-quentes e sanduíches de carne louca para toda a molecada, de diversos prédios do conjunto. Eles ficavam tímidos, mas eu falava pra eles pegarem, Era uma diversão que só, até brincar com a molecada, brinquei. Eu me dou e sempre me dei bem com criançada, de todo e qualquer lugar.

Relembrei-me uma vez, que estava com um camarada, o tocão, na frente da casa de meu velho avô Augusto. Era começo de uma noite quente interiorana. Eis que se aproxegaram dois vagabundos, fedidos, sem tomar banho há alguns dias no mínimo. Também cheirava a cachaça, e parecia que vinham na caminhada na bota. Rumavam para Tambaú, uma distância de uns 20 quilômetros, metade terra, metade asfalto. A terra do Padre Donizete, das romarias até Aparecida. Simpatizei com os dois e fui lá dentro da casa buscar algum rango. Busquei uma polenta cozida, com queijo, molho de tomate à bolonhesa que sobraram do almoço. Levei. Pude ver a felicidade nos olhos daqueles dois vagabundos, o brilho nos seus olhos. Eles nos abraçavam, ficaram contentes, fizeram promessas de nos dar uma paranga que eu sabia que não cumpririam, mas nunca pedi que cumprissem também. Eles sempre alegres partiram, rumo a Tambaú, na descida da casa do meu avô.

Relembrei disso revisitando o velho lobo do mar, de Vagões e Vagabundos, Jack London, velho lobo solitário e escritor socialista, radical, como se deve ser um lobo, que nunca vacila na boca da noite da luta de classes e é sempre solidário com sua família ampliada, que não são só laços de sangue, também importantes, mas muitas vezes há amigos que são mais nossa família que nossa própria família consanguínea. Nunca espera algo em troca, cargo, dinheiro ou fama.

Pois socialismo digno deste nome é a democracia ampliada entre @s trabalhadores/as. É radicalmente democrático, ou não é socialismo. Também não acredita nas deturpações que a grande imprensa da burguesia faz do socialismo, na sua versão totalitária, burocrática, na verdade, mais um capitalismo de estado, como a via asiática ou do leste europeu. Há mais chacinas da polícia em paraisópolis e no rio de janeiro, repressão do tráfico de drogas e armas nas favelas que em qualquer lugar do mundo. Se mata trabalhadores e crianças-aviõezinhos a rodo, como máquina de moer carne e ninguém faz porra nenhuma. Como se um menininho da favela também sonhasse pro seu futuro ser "aviãozinho"... ou uma menininha ter que se prostituir por uma cachorro quente... é muita besteira irrefletida o que leio e escuto...
Ainda mais um inglês, como podia esquecer a guerra do ópio e o passado colonial da China? os chinas não se esquecem, são um povo que sabe sua história na ponta da língua. Vacilou, dormiu no ponto, já era, não tem dó, nem tem piedade, e isto não é apenas força, mas cultural, contra o que o ocidente levou para eles.
Só ao se matar um filho da burguesia ou pequena burguesia, classe média, que se levantam "protestos" farisaicos e oportunistas no rio ou em sampa. Os EUA, democracia liberal por excelência, mantém a pena de morte em estados, a vergonha da prisão de Guantánamo, no Iraque e Afeganistão, vergonha mundial em relação aos direitos humanos.
O lobo nunca se ilude com ela e sua sociedade capitalista, que mata lentamente com a fome, com o desemprego em massa, a guerra imperialista e o fascismo-chauvinista que ela produz. Ao menos, se pode ler em um cartaz em Cuba: "Hoje, milhões de crianças dormirão nas ruas no mundo. Nenhuma delas é cubana". Não queremos a repetição de nenhuma Candelária, do Carandirú ou massacre de moradores de rua. A democracia e o combate à violação dos direitos humanos fazem parte da luta pela igualdade e justiça social, não há nenhuma contradição.
Sigo seus passos de lobo solitário e incompreendido por essa floresta de pedra, Mr. London.

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