sábado, 10 de dezembro de 2011

Alguns trechos pra conferir de O fracasso do golpe para o bem

Enquanto o meu rebento não vem, espero com esta "gravidez" de ideias e criatividade, o filho que ainda não veio, vamos gerando esta obra, que deu como fruto um romance. A gestação desta criança, assim como será o seu parto, tem sido doloroso, mas vamos em frente, pois já passam de uma centena as páginas.

Segue uma pequena amostra da narrativa, bem em seu início, para os amigos conferirem. Depois coloco mais trechos, para o meio, da narrativa, ela fluiu muito bem, em cerca de um mês que comecei a escrever, foi saindo vomitando, depois os últimos pedaços da memória vão sendo regurgitados, e tudo vai dando certo e se encaixando, da cachola para o texto.

É um romance, e tinha até um título definido, O golpe para o bem,  mas provavelmente será alterado, por conta de alguns acontecimentos, para Golpe fracassado ou o Fracasso do golpe, por enquanto fica "Fracasso do golpe para o Bem", dependendo do desfecho do livro, que está em aberto, ao menos, ou será um daqueles livros sem fim, um FIM sem FIM, como o Jorge Mautner costumava fazer em seus livros.

Só sei que a ficção está boa, e são golpes em golpes, golpes furados e fracassados, poderia ser também o Golpe no golpe fracassado, ainda não é definitivo, estou pensando, e aberto a sugestões.

Enfim, o importante é que o esqueleto já está pronto, já tenho mais de noventa e poucas páginas, só estou nas revisões, e também no acabamento, lembrando se não falta algo, os famosos retoques finais:


"Ela era uma pequenina musa, uma verdadeira criança no tempo, tinha apenas dezoito anos completo, havia toda uma energia e uma vivacidade nos seus olhos, uma vontade vivaz de conhecer o mundo, e a sua história foi envolvendo-o, e ele propôs um desafio, de que se ela era capaz de convencê-lo e conquistá-lo, e naquele momento, ele desafiou sem saber o diabo."
(...)


"Ela deu-lhe um leve e suave toque com os lábios nos seus, o que o instigou bastante, e houve uma pequena declaração sobre o tipo de amor que ali tiveram, e que ela queria ficar sob seu peito e sobre o seu corpo um bocado de tempo, o desafio da conquista foi lançado, e ela disse que não foi tão difícil o primeiro convencimento, e que posteriormente ela diria que naquele dia ele apostara sua cabeça com o diabo, desafiando o demônio como fizera o Fausto."

(...)


"Quando o metrô estava quase pra fechar, ele resolveu entrar na estação, e tomou o trem que seguia para a estação do metrô, e resolveu descer na bota. Uma caminhada à pé até o Largo. Foi quando teve a péssima ideia de adentrar naquele recinto e sentar-se. A noite estava movimentada naquele antro, balões coloridos, brancos, rosas, decoravam aquele lugar. foi recebido pelo caolho de bigodes. Tudo girava, o chão parecia escorregadio, seboso. Ele percebeu de longe a sua amada, que ela estava por lá transitando do outro lado, mas que não se aproximara, e ele ficou ali sentado naquele canto como que de costume. A sua vista já estava demais por turva, e foi quando ele percebeu e notou o vulto de uma loira aproximando-se, cumprimentando-o sentando-se ao seu lado e perguntando algumas coisas, como o seu nome, pedindo um drink, sendo que do resto, pouco lembra. Só quando a sua pequena e doce anjo estava furiosa, rasgou a carta e jogou-a em mil pedacinhos em seu rosto. Lembrança sentida e vivida, através de um lapso de memória forçada quando a loira contou-lhe aquilo, enquanto ela tomava o uísque que ele lhe pagara.


O resto Osleco só lembraria no dia seguinte, andando à pé para sua casa, tentando pular o portão de tão bêbado, o que conseguiu, mas chegou até sua porta e notou que estava sem a chave, com as pernas doídas, e pelo que lhe contaram, que dera trabalho, baile e vexame, querendo pegar um outro carro ao acordar, dizendo que era o seu, quando na verdade era de uma garota, e também ele nem tinha carro, estava a pé. Depois dera falta de sua mochila, que estava com tudo dentro: sumiram celular, chaves, livro, carteira, aliás tudo o que ele tinha. Ele ficara naquela condição, rapelado, descobrindo as coisas, teve que pedir guarita naquela bodega de diversões noturna, e pediu ao dono do bar para tirar um ronco em uma daquelas alcovas, pois não tinha sequer um tostão para pagar nem mesmo uma bala de hortelã.
Acordou atordoado, depois do meio dia a casa funcionando e teve de lembrar-se que estava sem nada, e que demoraria demais para a noite seguinte, e sentiu-se como que largado, um trapo sujo de graxa, e fora tomando pé da situação em que se metera, tudo rodava. Ele perguntou por suas coisas, ele fez um pente fino minucioso por todos os bares que eram caminho de sua casa, e ele foi logo surpreendido por uma mulher lá de trás, amiga de Aibuna, dizendo que não foi ela que pegara suas coisas, mas que devia ser ele que as perdera em qualquer um desses botecos imundos por ai que ele foi passando pela manhã, pois ele era um bebum, o que o escorraçou mais ainda. Era só o que faltava, sentiu-se tratado como um cachorro vira-lata sujo e sarnento, chutado pelas sarjetas, era como ele se encontrava, e até riu da sua própria desgraça com aquele comentário."
(...)

"Tentou colocar a mão e alisar as suas coxas magras e macias, mas foi repelido, e ela disse que queria rever aquilo, e reclamou que ele pagava bebida para outras e nada para ela e que beijara a loira na boca e que ela nunca tinha chorado tanto em um lugar como aquele, e que todo mundo tinha visto aquilo e ficaram estranhando, ficaram espantados com aquilo, todo mundo em silencio, e depois pôs-se a dizer que isso mais cedo ou mais tarde aconteceria, e que ele a magoou muito, o que ele rebateu:

- você também me magoou demais ontem, com as suas atitudes e provas idiotas. O que fizera com o guarda foi bobagem, foi mais pelo que dissera depois.”

(...)

"E assim o velho cachorro pulguento e sarnento Osleco pegou suas tralhas e seguiu seu rumo para casa com mais um chute na bunda, coisa que estava já acostumado, pois sabia muito bem ser um derrotado, para tentar dormir com uma ressaca no corpo que não o permitia fazer isto de modo algum, pois a coisa era mais espiritual do que qualquer outra coisa, e essa ressaca pegava fundo no seu corpo e na alma, as perturbações eram grandes, as tormentas com aquilo que ocorrera, o que o levariam a uma meditação profunda sobre todas aquelas coisas, meio irônico, com aquele riso no canto da boca que tanto irritava Aibuna, pois esse riso tinha um tom que lhe dava o troco, e o riso maroto significava que só os malandros, cafajestes, vigaristas e malvados são amados, porque se santificam, são santos."

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