Karl MARX, Teorias da Mais-valia
"O escritor deve, naturalmente ganhar dinheiro para poder escrever e viver, mas não deve, em nenhum caso, viver e escrever para ganhar dinheiro"
Karl MARX. Sobre a liberdade de imprensa.
"Numa sociedade baseada no poder do dinheiro, numa sociedade onde as massas trabalhadoras estão na miséria e onde um punhado de ricaços vive parasitariamente, não pode haver ´liberdade´real e verdadeira... Viver numa sociedade e não depender dela é impossível. A liberdade do escritor burguês, do pintor, da atriz, é tão-somente uma dependência mascarada (ou que se tenta hipocritamente mascarar) da carteira do dinheiro, dosuborno, uma forma de prostituição" V.I. LENIN
"As prostitutas do universo se dão melhor (do que os escritores)" diálogo de Henri Chinaski
O trabalho, portanto, não é apenas criação de objetos úteis que satisfazem determinada humana, mas também o ato de objetivação e plasmação de finalidades, ideias ou sentimentos humanos num objeto material, concreto-sensível. Nesta capacidade do homem de materializar suas ´forças essenciais´, de produzir objetos materiais que expressam sua essência, reside a possibilidade de criar objetos, como as obras de arte, que elevam a um grau superior a capacidade de expressão e afirmação do homem explicitada já nos objetos de trabalho.
Arte e trabalho se assemelham, pois, mediante sua comum ligação com a essência humana; isto é, por ser a atividade criadora mediante a qual o homem produz objetos que o expressam, que falam dele e por ele.
A arte, como o trabalho, é criação de uma realidade na qual se plasmam finalidades humanas, mas nesta nova realidade domina sobretudo sua utilidade espiritual, isto é, sua capacidade de expressar o ser humano em toda sua plenitude, sem as limitações do produto do trabalho. A utilidade da obra artística depende de sua capacidade de satisfazer não uma necessidade material determinada, mas a necessidade geral que o homem sente em humanizar tudo quanto toca, afirmar sua essencia e de se reconhecer no mundo objetivo criado por ele. Vemos pois, que o trabalho e a arte não se diferenciam, como pensava Kant, pelo fato de ser o primeiro uma atividade interessada e a segunda uma atividade gratuita, ou porque o trabalho busque uma utilidade e a arte o puro prazer ou jogo.
Se nos ativermos ao espírito desta tese do desenvolvimento irregular da arte e da sociedade, o futuro da arte numa sociedade dada jamais está traçado de antemão. É certo que uma formação social superior, como a socialista, abre imensas possibilidades à criação artística, até o extremo de podermos afirmar - por analogia com outra tese de Marx: a da hostilidade do capitalismo à arte - que o socialismo é, em princípio, favorável à arte. Mas assim como o capitalismo, sendo hostil à arte, pode conhecer - e conheceu efetivamente - grandes criações artísticas, tampouco o socialismo garante por si só uma arte superior à criada sob o capitalismo.
A contradição entre arte e capitalismo não se coloca com relação a uma arte que contradiga ideologicamente a ideologia dominante, mas com a arte enquanto tal. (...) Aparece com o império da produção capitalista, quando a vida se despersonaliza e se coisifica; o artista, então, ainda sem ter consciência do verdadeiro caráter das relações capitalistas, deixa de solidarizar-se com elas. (...) O artista tem de travar uma dupla batalha; por um lado, nega-se a exaltar uma realidade inumana e, para isso, busca caminhos artísticos diversos; por outro, resiste a que sua obra deixe de corresponder a uma necessidade interior de criação para satisfazer, primariamente, à necessidade exterior imposta pela lei que domina no mercado artístico. Sem compreender ou descobrir o mecanismo da contradição entre criação e capitalismo, revelado por Marx, o artista travou nos tempos modernos uma dura batalha, que conta também com seus heróis: Van Gogh, Modigliani etc. E foram heróis precisamente por não abandonarem um afã insubordinável de satisfazer suas necessidades interiores de criação, num mundo regido pela lei da produção capitalista.
A analogia entre arte e trabalho não pode levar, todavia, à sua mútua identificação. ainda sendo livre, o trabalho satisfaz uma necessidade humana material, determinada, que se expressa no valor de uso do produto. A arte, ao invés, satisfaz sobretudo uma necessidade geral humana de expressão e afirmação.
O capitalista empenha-se por tratar a arte como trabalho assalariado, ignorando o que ela possui de expressão e de objetivação das forças essenciais do homem.
O trabalho artístico é um trabalho concreto e, como tal, produz um valor de uso: satisfaz uma necessidade humana (de expressão, afirmação e comunicação através da forma dada a um conteúdo e uma matéria num objeto concreto-sensível).
Todavia, o fundamento objetivo da concentração do poder criador artístico em indivíduos excepcionalmente dotados é o mesmo que provoca a ausência de talento criador em grandes setores da população trabalhadora, na medida em que este fundamento aliena e coisifica sua existência. Portanto, os frutos trazidos pela concentração do talento em indivíduos excepcionais tem como contrapartida - sobretudo na sociedade capitalista - o esmagamento das aptidões criadoras de milhões de indivíduos.
A hostilidade do capitalismo à arte que, como vimos, se manifesta tanto no plano de sua criação, quanto no de seu gozo ou consumo, expressa-se igualmente na divisão de trabalho artístico que conduz à concentração do talento criador em certos indivíduos, à separação entre o artista e a sociedade. Tão somente quando o indivíduo vir na comunidade não um limite, mas a condição necessária de seu desenvolvimento, bem como quando desaparecer o dilaceramento interior do homem concreto e real, a arte deixará de ser uma esfera exclusiva e privilegiada. Isto sucederá, segundo Marx, com uma mudança radical da sociedade: com o comunismo. Desaparecerá então a divisão entre arte profissional e arte popular; a necessidade verdadeiramente humana de criar e gozar os frutos da atividade artística não será sentida apenas por um setor privilegiado da sociedade, mas se converterá numa necessidade comum, uinversal. Precisamente porque o homem, por essencia, é um ser criador e porque esta sociedade o recolocará na posse de sua natureza criadora, a atividade artística converter-se-á numa necessidade humana cada vez mais vital. Naturalmente, esta capacidade criadora apresentar-se-á com diferentes intensidades e com resultados diversos, de distinta qualidade, nos diferentes individuos, mas se manifestará em todos, em maior ou menor grau, pois o próprio trabalho, ao deixar de ser totalmente um trabalho alienado e ao converter-se numa atividade humana criadora, já levará em seu seio um princípio estético como ´criação de acordo com as leis da beleza´, principio que se plasmará na arte em um nivel superior.
Portanto, não se trata de que todos os homens sejam, na sociedade comunista, criadores excepcionalmente dotados, mas de que todo individuo, enquanto ser criador, seja -em maior ou menor grau - um artista.
Todavia, o fundamento objetivo da concentração do poder criador artístico em indivíduos excepcionalmente dotados é o mesmo que provoca a ausência de talento criador em grandes setores da população trabalhadora, na medida em que este fundamento aliena e coisifica sua existência. Portanto, os frutos trazidos pela concentração do talento em indivíduos excepcionais tem como contrapartida - sobretudo na sociedade capitalista - o esmagamento das aptidões criadoras de milhões de indivíduos.
A hostilidade do capitalismo à arte que, como vimos, se manifesta tanto no plano de sua criação, quanto no de seu gozo ou consumo, expressa-se igualmente na divisão de trabalho artístico que conduz à concentração do talento criador em certos indivíduos, à separação entre o artista e a sociedade. Tão somente quando o indivíduo vir na comunidade não um limite, mas a condição necessária de seu desenvolvimento, bem como quando desaparecer o dilaceramento interior do homem concreto e real, a arte deixará de ser uma esfera exclusiva e privilegiada. Isto sucederá, segundo Marx, com uma mudança radical da sociedade: com o comunismo. Desaparecerá então a divisão entre arte profissional e arte popular; a necessidade verdadeiramente humana de criar e gozar os frutos da atividade artística não será sentida apenas por um setor privilegiado da sociedade, mas se converterá numa necessidade comum, uinversal. Precisamente porque o homem, por essencia, é um ser criador e porque esta sociedade o recolocará na posse de sua natureza criadora, a atividade artística converter-se-á numa necessidade humana cada vez mais vital. Naturalmente, esta capacidade criadora apresentar-se-á com diferentes intensidades e com resultados diversos, de distinta qualidade, nos diferentes individuos, mas se manifestará em todos, em maior ou menor grau, pois o próprio trabalho, ao deixar de ser totalmente um trabalho alienado e ao converter-se numa atividade humana criadora, já levará em seu seio um princípio estético como ´criação de acordo com as leis da beleza´, principio que se plasmará na arte em um nivel superior.
Portanto, não se trata de que todos os homens sejam, na sociedade comunista, criadores excepcionalmente dotados, mas de que todo individuo, enquanto ser criador, seja -em maior ou menor grau - um artista.
ADOLFO SÁNCHEZ VÁZQUEZ, As ideias estéticas de Marx