segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Seção Ruckleberry Finn: memórias de moleques



Ele recordou do primeiro porre para valer que tomou. Para valer mesmo, pois antes já faziam brincadeiras com cachaça. Quando íam na roça de um certo tio, o Antônio, toda a molecada ocupava o chiqueirinho de um TL, jogavam baralho numa mesa velha de madeira, ao lado do fogão de lenha. Era um jogo chamado porco, que o castigo para quem perdia era uma rolha queimada na cara (apagada, lógico) só para sujar o caboclo. Também havia uma modalidade com um copinho de pinga, mas não usavam muito, só uma vez e pronto. Não era bebedeira. Mas a primeira vez que ficou zonzinho foi numa copa do mundo, ele tinha 13 anos, enchera a caneca de cerveja, um primo mais velho, casado com uma prima sua. Putz, que legal ver o mundo rodando. Das outras vezes, deu trabalho também, mas nada se compara com a primeira visão do mundo completamente zonzinho.

*

Estava lembrando de algumas coisas da juventude, mais tenra, de uns 12 a 14 anos mais ou menos.
Lembrou que ia até a terra de mi madre, no interior. Para lá íam, alguns moleques, primos, amigos, numa sorveteria. Pedíam um sorvete chamado vaca preta, que era de passas ao rum com coca.
Saiam no começo da noite. Eu aproveitava para ficar olhando as meninas, suas bundinhas e peitinhos em formação, por baixo das roupinhas. Lembra-se das casquinhas que tirava, não do sorvete, mas das gurias, mas em frente da sorveteria, uns beijos e uns amassos. Como as coisas, a própria malícia era de uma inocência sem medidas.

*

Ele também estava lembrando de umas partidas de futebol que tirava com a molecada da vila ao lado da casa do meu avô, na mesma cidade. Batia um bolão, jogavam às vezes até em campeonatos pequenos, amadores, que armavam entre si e disputavam na quadra da industrial.
Mas o mais legal eram as peladas atrás da Igreja matriz. Ali a molecada se arrebentava para jogar.
Certa vez, uns moleques diferentes, três, para ser mais exato, quiseram levar uma com ele. Andaram falando umas besteiras, incentivados pelo Baiano, um negrinho que morava na vila e gostava de agitar. Ele lembra que no dia seguinte foi atrás dos moleques pra tirar a pratos limpos.
O Primeiro era um baixinho que ele pegou em frente do Mercadinho. Pegou o moleque num braço, prendendo-o no pescoço, enquanto dava cacetadas com a direita.
O segundo, foi na própria pracinha da matriz. Este foi fácil, resolver correr e ele deu uma bica das pernas dele e ele esborrachou no chão.
O último foi o mais legal. Era alto, mas um magrelo podrão. Este até que tentou reagir, mas ele deu uma voadora e chutes, o moleque começou a chorar e ele parei.
No final, o Baiano ainda tentou ir atrás dele. Ele nem tinha nada com a história. Soube que ele tinha uma faca, mas não teve coragem de usar, ficou só agitando.

*

Mas nem tudo foram glórias. Também já apanhou, levou muita porrada também, acho que mais do que bateu. As vezes que socou, foi porque teve muita raiva, tinham deixado-o muito puto com alguma coisa que aprontaram.
Algumas vezes que apanhou, nem sempre foram justas. Teve vez que pegaram de um bando, cuzões, só para apavorar, dai não teve como reagir, senão apanharia mais. Isto porque foi um dos moleques que tinha provocado e começado toda a parada.
Teve ma que talvez ele estivesse errado, ou que todos estivessem em conjunto, mas quem pagou a conta fui ele, sozinho. Estavam na rua, era dia da feira ele e uns moleques da rua, o Japa, o japaguaio, entre outros pirralhos. Era dia de feira, Domingo se não engano. Passou um moleque cabeção, que morava em uma das ruas, mais para baixo.
Todos começaram a zuar com o moleque, tirar de "Pirulito" (depois descobriu que seu apelido era este mesmo), e de Cabeção. Na volta, o moleque veio tirar as satisfações com ele, que, do grupo, era o maior. Só sei que começaram a se engalfinhar. A luta foi rápida: o moleque deu um murro no meio da boca. Ele fiquei meio desnorteado, mas reagiu, dando uma bicuda no fígado do moleque.
Nesta, foi seu erro, pois não lembra se ele segurou ou se desequilibrou e caiu. Lembrou de ver um pé se aproximando da sua cara, mais exatamente do nariz, e dai o moleque saiu correndo.Chegaram as minas da rua gritando com os outros moleques, seus 'amigos´: "por que vocês não fizeram nada"?, seus cuzões, etc.
O nariz ficou inchadaço, sangrava em bicas, pacas.
Nestas foi aprendendo a não meter sozinho o bedelhos aonde não é chamado, muito menos comprar brigas dos outros, quando nem os outros seguravam sua própria barra.

Nenhum comentário:

Seguidores

Pilotando a banheira do Manoel nas dunas

Pilotando a banheira do Manoel nas dunas
seguindo após Pitangui até Muriú-RN

Tatoo you

Tatoo you
Woman of night; Strange kind of woman; Lady in black; Lady evil; Princess of the night; Black country woman; Gipsy; Country Girl

Caricatus in 3X4

Caricatus in 3X4

Outra caricatus

Outra caricatus
Desenhista do bar e restaurante Salada Record

Mix, podi mandá "uma" aí?