Sou um agnóstico secular, tenho meus pés atrás quanto à metafísica e religião, desconfio nos do consumismo frenético ianque que transformou o velho batuta num velhote sacana que só beneficia os ricos e cospe nos pobres no natal, que é o nascimento, a geração, a vida nova.
Mas também procuro entender as coisas, as tradições, com menos chavões, mais consciência. A preocupação com o nascimento se demonstra em milenares pinheirinhos, árvores de natal, uma tradição profunda, preocupada com este nascimento que vai além da simples identificação do consumismo, de indigenas que presenteavam as crianças, como um rito de passagem e de iniciação, que demonstravam as regras e costumes sociais, segundo o pensamento e alma selvagens. Pensamento que ajuda compreender o nosso próprio e a tradição ocidental, como estudou o velhinho que este entre os tristes trópicos, Levi-Strauss, que a partir da queima do boneco da santa claus em Dijon 1951, escreveu O suplício do papai noel, a partir do seu método de antropologia estrutural. Ele chegou a uma tradição pagã, rural e agrária, seja ela germânica ou nórdica, ou mesmo identificada com as saturnais romanas, que ocorriam entre 17 e 24 de dezembro. Eis que portanto, o papai noel é mais uma crença dos adultos, uma necessidade de acreditar nas crianças. Pouco tem a haver com o ícone atual representante ocidental da sociedade de consumo, um dos ícones do capitalismo que se transformou.
Fizemos uma comemoração do aniversário de JC para os íntimos no apê do meu cunhado cordelista fernando na Marques de Paranaguá com a Augusta lá embaixo no centro. JC foi o santo maluco, mor pois os malucos são santos que sangram, passam por tentações e provações e pelo seu próprio calvário. Nada de idealizações metafísicas estúpidas, ele foi de carne e osso, sangrava, fedia, suava. Nasceu pobre numa manjedoura. Ele pode ser identificado muito mais com um motoqueiro nas estradas, um Che guevara dos acostamentos, revolucionário desafiando o império, como pintaram o Sá, rodrix e guarabyra, do que um santo chato e careta enfurnado em uma igreja sacaneando os pobres. JC esteve entre nós cantando músicas conosco na roda e cantando poemas enquanto Também estavam presentes iansã, iemanjá e todos os orixás da umbanda, dançando e cantando e declamando poesias, pois são corpóreos e naturais e dançam. Desconfie de todo deus velho e rabugento que não dança, já nos alertava Nietzsche.
Eis que foram lidos poemas, tocado violão, percussão, tomamos uma seleta que estava uma delícia, a cerveja congelou, pra fazer as vezes com a pinga, alguns ainda tomavam vinho ou uísque. E dá-lhe cantoria , muita música brasileira, nordestina, samba, e um pouco de tudo, poetagem até cinco e quinze da manhã. Depois demos ainda uma volta pelo Bixiga, pois ali estávamos perto, e fomos pra casa dormir seis da manhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário