Assisti dois filmes muito bons do espanhol Carlos Saura, entre ontem e hoje. O Carlos Saura é daquela geração mais antiga dos cineastas e artistas espanhóis, como Buñuel, Lorca, Dali, mas um pouco posterior, mas marcado como todos pela Guerra Civil Espanhola. No primeiro filme, mamãe faz cem anos, é uma daquelas matriarcas espanholas bem debochadas, uma comédia, uma mãe que tem alguns ataques epiléticos, precisa tomar remédio, com três filhos gananciosos, que querem apenas suas terras e seu casarão, netas ninfomaníacas que atacam o tio, e um nora em quem ela confia para que a salve das garras dos próprios filhos.
O segundo, Elisa Vida mia, é um pouco cansativo, mas se você tiver paciência, aborda a vida do pai de Elisa, Dom Luís, um escritor que vive há tempos solitário no campo. Certa vez, duas de suas filhas vão visitá-lo, uma delas, representada pela Chaplin, fica para pensar um pouco na vida, já que acabara um casamento de sete anos. O velho pai conta a história bem estranha de uma mulher de vestido branco que fora assassinada na estrada, cujo suposto assassino, um homem de chapeú que esconde a face, todo ano volta de bicicleta para limpar a pedra branca e colocar flores. O bom é que o pai é um escritor, e não se acha mais importante por isso do que alguém que varre a rua, e a sua filha lê trechos, até contribui com pensamentos para a obra do pai, tem sonhos com crânios ensanguentados dos carneiros do campo. Um tanto surreal e mórbido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário