Para quem não tem argumentos, política e religião, não se discute:
"Religião não se discute
Aceita-se
amém" (Clark Bruno)
Sujeitos e indivíduos pensam pairar sobre a luta de classes
Doidivanos, puros tolos só prestam atenção e só reclamam
Quando a política está botando nos seus cus
Quando o pau já atolou mais de meio metro nos seus rabos
Vivem a plainar, são os eternos ensimesmados
Em cima do muro, chauvinistas de plantão
Outros também, são oportunistas que só querem tirar proveito pessoal da política
Não entrar ou negar a luta de classe é que é a pior traição de pelegos
Para outros, sua vida não passa de uma bela canção de infância colorida dos Beatles
Tudo não passa para eles de psicologismo de uma infância "pobrezinha e mal amada" coitadinhos
Insistem em fingir, não sei para quem pois já não enganam mais a ninguém
Ao cometer o engano de criticar trabalhadores que fazem passeatas
o movimento obreiro é mais avançado que reaças pensam
pois não tem boas ou más intenções, mas apenas intenções:
a bandeira histórica da redução da jornada de trabalho
são eles que compram seus livros e querem ter mais tempo para lerem estas bobagens e poderem escrever outras também
Contra a Ditadura do relógio, da fábrica, da escola, do hospital e do manicômio pelo Direito à Preguiça e pela morte do Deus Trabalho assalariado alienado e coisificado
que nos fará superar o reino da necessidade e saltarmos para o da liberdade
para todos poderem desfrutar e desenvolverem-se por inteiro em todas as funções
ser um escritor, um jardineiro ou qualquer outras mas não somente uma
Fascistas são piolhos que vivem de esmolas e querem perpetuar o status quo
a divisão do trabalho só para viver do jeito em que eles possam se esconder
para que só eles escrevam e possam continuar a viver com apenas algumas migalhas
"Ele morava com a mãe. Ao entrarmos, a velha senhoraergue os olhos de seu jornal:
-Hank, não vá embebedar o Timmy.
-Como vai, sra. Hunter
-Da última vez que você e Timmy saíram juntos, os dois acabaram na cadeia." Buk, Factótum.
Não, nunca tive vocação para ser um herói solitário
Nunca fui um herói destes clowns, destes kamikazes que se jogam de cabeça
Não, sempre tive amor aos meus dentes e várias mulheres também os acharam lindos
E é para elas que interessa tudo, não esfalfar-me ou engalfinhar-me com machos
Quando era moleque eu até bancava, mas várias vezes deixaram-me sozinho
como aquela em frente de casa, que cai no chão, o moleque deu uma bica no meu rosto meu nariz era só sangue e os outros que tiravam o moleque só ficaram assitindo a luta
Até ameaças de morte, por telefone, recebia. Nunca quis isto para meus velhos
Cresci e amadurei rápido com tombos tomados, comecei a sacar a nuance das coisas
A artimanha, o diálogo entre as diferenças, o uso dos argumentos
pois sou racional ao ser humano, prudente e prefiro o caminho da moderação
Descobri que bile, tripas, vísceras e brigas são coisas de moleques mal resolvidos com crise de identidade, insegurança e falta de personalidade
Que fizeram troca-troca e gostaram de se agarrar com homens em lutas sem sentido
Aprendi a ser um bom negociador e que lutas não fazem alguém mais ou menos homem
Pois o homem é um animal político e pode negociar até com o diabo
I´m dealing with the devil
Aprendi que não era sensato entrar quando vi que a barca já tava furada
E se não fui eu que furei ou pedi para furar, não comprava brigas que não as minhas
E até avisei para teimosos que insistiram em quebrar a cara
Pois se fossem minhas tretas, sempre me garanti e segurei a onda sozinho
Nunca pedi ajuda se eu fazia uma cagada, assumia meu erro
Pagava brabo para não entrar para não depois não ter que pagar para sair
aprendi que ser ligeiro é ter arte dos mineiros
Nunca tive a pretensão de ser o heróico brado retumbante do hino nacional
Ou como diria o Raulzito: eu não sou besta pra tirar onda de herói
Muito menos sou Jesus para morrer dependurado numa cruz.
Descobri que não há working class heroes, nem um Lula,
nem ninguém pode emancipar a classe trabalhadora a não ser ela mesma,
quando assim ela desejar
e que não basta ser da classe trabalhadora em si tem que ser para si
ter atitude de guerreiros lutadores contra a classe burguesa exploradora
desprender-se de interesses e deixar de lado picuinhas pessoais como brigas
Sempre fui o primeiro a chamar para a greve e paralisações
até no tempo em que eu era estudante parei aulas de professores reacionários
Paramos a escola e professores, falar com pais e estudantes
Fui a outras escolas com outros mestres e paramos todos juntos
nunca tirei o meu da reta na luta contra o patrão-Governo desde que comecei
Mas quando conquistamos, sempre estava com a moral no alto
pois eu tinha parado e conquistado, não era covarde como pelegos que não pararam
Eu podia olhá-los no olho e falar: você ganhou porque nós paramos!
Via o que é o medo como ele torna as pessoas cuzonas de fato, desumanizadas
Perdendo ou ganhando, vencendo ou derrotado, sofrendo corte de grana
enquanto o sindicato tava cheio da grana mas não fez fundo de greve
mas mesmo assim sempre estarei na luta do lado dos meus companheiros até o fim
Dai descobrindo o que era o significado de hombridade, de ser um humano em processo
e não estes estereótipos inventados para masculinidade que nos ossificam
Nunca tive vergonha nem me escondi ao andar em minha "limusine conversível”
Ou será que era a "Ferrari"? ou um "Porsche"? Ou a "Lamborghini"? não era uma perua
Muito menos deixei de falar que morava em um "palacete nobre"
Mas sempre conheci, conheço, ando e converso com camaradas duros e pobres de verdade
Já fui a várias favelas e npucleos em Osasco, Diadema, participei de assembléias do povo sem teto entrei em seus acampamentos e vi suas crianças cantando
Que nunca precisaram fingir ser ou se passar pelo que não eram, pois eram e são mesmo
não se dão ao luxo de "posar de pobre" só porque trampava e comprava suas coisinhas
mas a família também tinha casa e carro próprios, estudava em cursinho e algo mais
Preferia sempre conquistar as mulheres a ter que comprá-las com o vil metal,
não que eu pregue alguma moral mas eu nunca tinha dinheiro para isso mesmo
Como disse o Dedão, a dureza da conquista compensava e dava mais gosto à foda
E se não conquistei alguma sempre haviam tantas e tantas passaram e se foram e outras vieram
Não, eles trabalhavam e trabalham por necessidade imposta não se dão a luxos
Antes e depois, ontem e hoje sou respeitado pela rapaziada e pela moçada
Mas nunca pensei ou muito menos eles acham que é bonito ser pobre
Nunca tiveram orgulho, sabiam e sabem que podem ser mais
E trabalhador de verdade não quer ser pobre e muito menos posar como tal
Pois tem direito a ter e a querer o do bom e o do melhor
Conheci analfabetos das letras mais politizados que analfabetos políticos literatos
Sempre preferi desde cedo a voltar pra casa sozinho, pacifico, ainda que louco
Ao invés de dar trabalho para a mama de qualquer doido de levar-me em casa de fusca que Cheio de pinga nas idéias bancava o valentão galinho de briga teimoso não me escutava ou consultava nas ações e acabava por levar sovas e surras homéricas
Não, eu nunca fui vacilão ao tal ponto, se eu tomava ou entrava em minhas canas
Dormia no meu canto, depois levantava e saia andando, sem dar trabalho a ninguém
Ou quando tinha -quem não tem problemas?- não fazia alarde, eu mesmo os resolvia
Pois o lema que aprendi em casa foi: se não agüentou, pois que beba leite
Nunca quis levar os problemas da rua pra casa: já bastavam os que eu já tinha
Fazia tudo para não levar uma carcada em casa ao perceberem minha tempora inchada
Não, já não bastasse um desvio de septo causado por aquele chute no nariz
Que até hoje carrego sem consertar e me rendeu uma rinite que EU tratei no Servidor
Eu não poderia me dar ao luxo de fazer o papel de pobretão fajuto e mal disfarçado
Não, se eu vacilasse, teria que pagar por uma cirurgia dentária
e eu nem teria grana para fazer estas extravagâncias, muito menos coragem de pedir
muito menos correria o risco de dar trabalho ou ter que fazer bicos para tanto
os velhos me matariam, mas não davam, o que aprendi a ter como certo e justo
Pois quem pariu Mateus que o balance: esse valor me ensinaram, sou muito grato
Preferia ficar na minha, andar na linha no bairro onde morava, a conviver
a respeitar e dialogar com a rapaziada, na escola e na noite
Pois com certeza eu não teria o dinheiro para pagar o conserto do estrago
e não teria a cara lavada de pedir pra uma treta que eu arrumasse e não resolvesse
Preferia gastar o pouco que conquistava dando meus pulos com outras coisas boas e úteis
Sempre ajudei em casa com o que podia e tinha: devo, não nego, pago quando posso
Mas nunca senti nenhuma culpa ou ressentimento cristãos em existir, estudar, curtir a vida e a noite ou gerar despesas
Só não podia me dar ao luxo de posar de street fighter heróico desastrado
Andei muito e ando às vezes na bota, isto nunca foi sinal de pobreza riqueza ou classe
Ao menos aprendi a nunca bater no rosto de uma companheira ou de mulher qualquer
isso sim é covardia: homem que bate em mulher deve ir pra cadeia virar boneca
Muito menos fui noinha de farinha que, ao acabar a grana, corre pra casa de mainha
Muito menos fiz chantagem com a brodagem por causa de uma parada que eu fiz
Mas aprendi que ser contrário a passeatas de trabalhadore/as, reacionário, pelego, em cima do muro, traidor de classe ou oportunista é a pior traição que existe para um trabalhador na face da terra.
REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
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