Vou morrer logo sinto no meu coração a batida lenta
Só porque sou louco dos sentidos, ninguém compreende
porque tenho a pança cheia de cachaça e cerveja e a vida ociosa e sedentária
A minha loucura lúcida, ao ver as cenas plúmbeas de Eisenstein
Ou Hilda obscena, que disse ser a puta uma deusa grega
que se vulgarizou em fiadaputa ou deputado ou ao falar dos dentes do cú, no rego
Outro dia vi uma cigana alagoana, ela era descendente de ciganos
Era magra, peituda, um hálito ruim, cabelos lisos, sorriso malicioso
Mas o que chamava atenção, prendia mesmo, eram seus olhos
Olhos pintados escuros, ao mesmo tempo uma sombra azulada
Um olhar demoníaco, maligna, misteriosa, mística
Queria seduzir-me, enfeitiçar-me, de longe ela fixava
Saiu na escuridão enquanto sua boca sorridente de uma doidivana
suas pintas e olhos seguiram-me por toda parte
fixos, pregando-me na parede como um Cristo
Fiquei com eles na minha memória pela noite afora, perseguindo-me
Deixando-me apavorado, procurei pelo anjo de olhos esverdeados
com a pele macia que arrepia ao menor toque, arredia
Que ao menos me acalmou um pouco meu coração
Embora às vezes meu anjo me humilhe
pise forte no coração, ao me fazer sentir o último homem
o menos desejado de todos, o que não pode sentir nada
aprende a ter um autocontrole e não se apegar a nada
entende que isto é apenas um teste para sua autoestima
escrever seus poemas e dizer:"a poesia e a paixão torna-nos humanos
menos máquinas, menos coisas" e que seja muito feliz
E ainda dei-lhe uma rosa vermelha da cor da minha agonia
Todas arrancam um pedaço da minha carne, alimentando-se do meu sangue
Tem dias que é melhor ficar a sós, refletindo num canto
REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
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