REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
domingo, 29 de novembro de 2009
Nada que um blues e a chuva não possam resolver
No meio da pauleira de uma eleição sindical, em que somos triturados e esmagados por rolos compressores, ficamos cheios de dívidas, mas sem arregar do pau, um Domingo com chuva e um bom Blues são um bom remédio para um homem. Ainda mais se em boa companhia e cercado de velhos amigos, no lugar onde Dom Pedro, quando estava com caganeira, dizem os livros mentirosos de história, proclamou a independência do Brasil.
É bom sentir-se feito um pinto molhado, debaixo de uma chuva e sol, depois um arco-iris e a lua já aparecendo, ao som de um Buddy Guy arregaçando Right Sally, Hoochie Koochie Man ou mesmo um Hendrix e Clapton com uma chuva pra esfriar minha cabeça. Só blues mesmo e o rock para salvar a alma e tirar as preocupações da cabeça.
Eu estava reparando a incrível semelhança dos temas presentes nas modas caipiras de violas e o blues. Tudo começou no meio rural, com as canções de trabalho. As modas tem finais trágicos, o menino que morre atropelado pela boiada, a mula preta que morre, o pai abandonado. No blues também, bluseiros assassinados pelos maridos traídos. Pactos com o tinhoso. Nada de modas ou ecletismos, apenas escuto modas de viola desde moleque, por escutar. É que minha mãe foi criada na roça, com meu véio avô lavrador, o Augusto, o primeiro, ao menos, o original, que cantava quado eu era pequeno, e depois quando ele morreu peguei o costume de vê-la ouvindo seu radinho, desde cedo, quando fazia o café, as mais antigas modas, como a da mula preta, do chico mineiro, do menino da porteira, das duas caveiras que se amavam, das irmãs galvão, entre outros tantos, que fazem dois anos que baixei umas músicas e montei dois ou três cedês com música caipira, fiz cópias e dei pra minha velhinha, e escuto até furar. E torno a frisar: como é semelhante a um bom blues.
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