quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Immanuel Kant, o filósofo monástico, onanista e "desinteressado"

Não consigo ser desinteressado nos meus escritos. Sou apegado mesmo às coisas e pessoas, e não sei se o que escrevo é "belo em si" ou feio. Com certeza minha escrita quando olha para estátuas de Vênus de Milo não é de modo algum desinteressada: interessa-se demais por elas. Não é de modo algum ars por ars.


"Não podemos conhecer a coisa (vulva) em si", frase do filósofo punheteiro solitário Kant, autor das Críticas

"Belo é aquilo que agrada sem interesse" Immanuel Kant, Crítica do Juízo

"Schopenhauer fez uso da concepção kantiana do problema estético - embora certamente não o contemplasse com olhos kantianos. Kant imaginava prestar honras à arte, ao dar preferência e proeminência, entre os predicados do belo, àqueles que constituem a honra do conhecimento: impessoalidade e universalidade. Este não é o lugar de discutir se isto não foi essencialmente um erro; quero apenas sublinhar que Kant, corno todos os filósofos, em vez de encarar o problema estético a partir da experiência do artista (do criador), refletiu sobre a arte e o belo apenas do ponto de vista do "espectador", e assim incluiu, sem perceber, o próprio "espectador" no conceito de "belo". Se ao menos esse "espectador" fosse bem conhecido dos filósofos do belo! - conhecido corno uma grande realidade e experiência pessoal, como urna ple-tora de vivências fortes e singularíssimas, de desejos, surpresas, deleites no âmbito do belo! Mas receio que sempre ocorreu o contrário; e assim recebemos deles, desde o início, definições em que, como na famosa definição que Kant oferece do belo, a falta de uma mais sutil experiência pessoal aparece na forma de um grande verme de erro. "Belo", disse Kant, "é o que agrada sem interesse." Sem interesse! Compare-se esta definição com uma outra, de um verdadeiro "espectador" e artista - Stendhal, que em um momento chama o belo, de une promesse de bonheur[uma promessa de felicidade]. Nisso é rejeitado e eliminado precisamente aquilo que Kant enfatiza na condição estética: le désintéressement. Quem tem razão, Kant ou Stendhal? - É certo que se nossos estetas não se cansam de argumentar, em favor de Kant, que sob o fascínio da beleza podemos contemplar "sem interesse" até mesmo estátuas femininas despidas, então nos será permitido rir um pouco à sua custa - as experiências dos artistas são, neste ponto delicado, mais "interessantes", e Pigmalião, em todo caso, não foi necessariamente um "homem inestético". Tenhamos uma opinião mais alta da inocência de nossos estetas que é refletida em tais argumentos; creditemos em honra de Kant, por exemplo, o que nos ensina sobre a peculiaridade do tato, com a ingenuidade de um pastor de aldeia! - E aqui voltamos a Schopenhauer, que teve com as artes uma aproximação maior do que Kant, e no entanto permaneceu na órbita da definição kantiana: como aconteceu isto? O fato é bem curioso: ele interpretou a expressão "sem interesse" da maneira mais pessoal, a partir de uma experiência que para ele devia ser das mais regulares. Sobre poucas coisas Schopenhauer fala de modo tão seguro como sobre o efeito da contemplação estética: para ele, ela age precisamente contra o interesse sexual, assim como lupulina e cânfora; ele nunca se cansou de exaltar esta libertação da "vontade" como a grande vantagem e utilidade do estado estético. Seríamos mesmo tentados a perguntar se a sua concepção básica de "vontade e representação", o pensamento de que uma salvação da "vontade" é possível somente através da "representação", não teve origem numa generalização dessa experiência sexual. (Em todas as questões relativas à filosofia de Schopenhauer, diga-se de passagem, não se deve perder de vista que ela é concepção de um jovem de 26 anos; de sorte que não participa apenas do que é específico de Schopenhauer, mas também do que é específico dessa idade da vida.) Escutemos, por exemplo, uma das mais explícitas passagens, entre as muitas que escreveu em louvor do estado estético (O mundo como vontade e representação, III, seção 38), escutemos o tom, o sofrimento, a felicidade, a gratidão com que foram ditas estas palavras: "Esse é o estado sem dor que Epicuro louvava como bem supremo e estado dos deuses; por um momento nos subtraímos à odiosa pressão da vontade, celebramos o sabá da servidão do querer, a roda de Íxion se detém...". Que veemência das palavras! Que imagens de tormenta e de longo desgosto! Que contraposição quase patológica entre "um momento" e a "roda de Íxion", a "servidão do querer", a "odiosa pressão da vontade"! - Mas supondo que Schopenhauer tivesse mil vezes razão no que toca à sua pessoa, que se ganharia com isso para a compreensão da natureza do belo? Schopenhauer descreveu um efeito do belo, o efeito acalmador da vontade - será ele regular? Stendhal, como vimos, natureza não menos sensual, mas de constituição mais feliz que Schopenhauer, destaca outro efeito do belo: "o belo promete felicidade"; para ele, o que ocorre pare-ce ser precisamente a excitação da vontade ("do interesse") através do belo. E não se poderia, por fim, objetar a Schopenhauer mesmo que ele errou em se considerar kantiano neste ponto, que de modo algum compreendeu kantianamente a definição kantiana do belo - que também a ele lhe agrada o belo por "interesse", inclusive pelo mais forte e mais pessoal interesse, o do torturado que se livra de sua tortura? E, para voltar à nossa primeira questão, "que significa um filósofo render homenagem ao ideal ascético?", eis aqui ao menos uma primeira indicação: ele quer livrar-se de uma tortura." NIETZSCHE, Friederich. Genealogia da moral - uma polêmica. Terceira dissertação, # 6.

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