Uma estadia carioca nada metafísica
Sem espírito sem idealizações sem o romantismo Nem garotas de Ipanema
Apenas tardes de sol em Niterói e noites no Rio
Com aquele cheiro de tripas de peixe e moluscos e outros frutos do mar
Misturados com o cheiro da gordura das padarias da Peixoto Gavião
Passam coxas e bundas e peitos Carne de sol à milanesa
De todas as cores tamanhos e formatos E sotaques com remelexo
Coxudas, como um vinho tinto outras como um rose e outras com gosto de vinho seco
Sorvo o vinho da minha existência, não ao som de um tango nem de um blues
Mas na dor de cotovelo de um samba de Nelson Goncalves, Cartola, Lupicinio e muita seresta na vitrola
Na praia de Piratininga a piriguete barrigudinha mascava chiclete
enquanto uma loira me perguntava as horas Naquele bar Itaipava
tomei uma cerveja com os mendigos de Icarai a beiramar
Eu curti o jogo do Flamengo em que o Avai jogou mais Em pleno Maracanã,
vi a estátua do Mané Garrinha todos passavam e davam uma peba em sua cabeça
Tirei uma trincha e andei no bonde em Santa Teresa
Tomei muitas loiras geladas no paço imperial antes de pegar a balsa
Cheiro de hambúrguer e calabresa à vinagrete nos carrinhos da praça de Niterói
Noitadas na Lapa embaixo dos arcos e dos trilhos dos bondes de Santa Teresa
Não passam mais malandros vestidos de branco Com sapato branco no fio da navalha.
Celso Torrano, Julho 2010
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