domingo, 4 de julho de 2010

Lá se foi mais um grande cara da nossa poesia: Roberto Piva faleceu ontem, 3/7/2010


Morreu em São Paulo neste sábado (3), aos 72 anos, o poeta Roberto Piva. Ele estava internado no Incor (Instituto do Coraçao) desde o dia 13 de maio. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos em decorrência de uma insuficiência renal. O velório será realizado a partir das 22h30 no Cemitério do Araçá e o corpo será cremado no domingo (4), às 11h, no crematório da Vila Alpina.
Piva nasceu em São Paulo, e, aos 22 anos já era poeta reconhecido. Foi descoberto pelo editor Massao Ohno, e aos 23 publicou sua obra-prima, Paranóia (1963). O livro se esgotou em duas semanas e hoje é artigo de luxo entre colecionadores. Depois disso, a obra Piazzas (1980), confirmou seu talento. Quem perdeu aquela edição, hoje pode encontrar esse e outros livros do poeta em uma compilação da editora Globo de três volumes. O último deles, Estranhos Sinais de Saturno, foi lançado em 2008.
O poeta tinha a alma inquieta. Nadou incansavelmente contra a corrente e por isso é o principal nome - junto com seu parceiro e amigo Cláudio Willer - da poesia marginal. Para sobreviver, ele deu aulas de filosofia e produziu shows de rock.

Fonte: http://www.terra.com.br/

Link da matéria pra quem quer saber mais sobre o Piva, na Agulha: http://www.revista.agulha.nom.br/ag38piva.htm

Claudio Willer homenageia Roberto Piva:
http://www.lpm-editores.com.br/blog/?p=1690

Adiós, Piva (Blog da L&PM):
http://www.lpm-editores.com.br/blog/?p=1733



Tem gente que se diz anarquista mas precisa dar as credenciais na porta de entrada. Para estes, mando que o próprio Piva fez faculdade, fazer poesia na época em que ele fez, em que se havia mais analfabetos era algo mais difícil aind, mas que isto nada quer dizer em sua proposta de poesia e vida, poesia e experiência. E lembra-se, Gregory Corso conheceu Kerouac e Allen Ginsberg nos bares próximos à Universidade de Columbia. Há aquele fato presente na obra de ambos, de que Ginsberg escondeu Kerouac em seu quarto na universidade, lembram-se? Mas aquilo era a década de 1950 nos EU, as questões hoje, num país como o Brasil são outras muito diferentes.
Esta colocação de que só tem o nível básico é ridícula, além de demagoga num país como o nosso, que ainda tem analfabetos e indigentes culturais. Além disso, pra poesia ensino básico, médio, superior, nada significa. Um poeta Cartola fez no máximo o primário e escreveu as letras que escreveu. E este nem teve oportunidade nenhuma de estudar mais que isso, uma vez que morreu lavando carros no morro da mangueira.  Sem contar Patativa do Assaré, repentistas e sambistas cegos e analfabetos, como os bluesman.
Estes nunca fizeram oposição entre trabalho manual e intelectual, como alguns poetas e escritores metafísicos baitolas com excesso de preciosismo fazem hoje. São idealistas que desconhecem que escrever é um trabalho também, ainda que intelectual, mas que isso integra e faz parte da organização da cultura. E choram de barriga cheia, pois tem plenas condições de cursar uma faculdade, pós e o escambau, ganham grana com o que escrevem e ficam com suas eternas lamúrias.

Conheci Piva fora da faculdade. Tudo o que mais gosto, foi porque busquei por conta própria e continuo buscando, é pra vida toda o dilema faustiano. Todo povo tem que ter acesso e direito a continuar os estudos, o que tem sido ampliado, a não ser que não queira fazer, o que não é o caso da maioria do povo, só de alguns. Conheci-o através de uma oficina que fizemos com Eunice Arruda, entre 1997 e 1998. Desde o ano anterior, já tive contato com alguns dos que participaram da antologia dos novíssimos, como Carlos Felipe Moisés, Claudio Willer, que pintaram na Casa de Cultura do Butantã, juntamente com Mautner e outros, em 1996. Daí foi só um passo pras demais livros que achei em sebos o Piazzas, o Quizumba, entre outras coisas que li avulsas por ai afora até hoje. Defendo e pratico  o que penso sem frescuras. O que nunca vi ao meu redor é algum anarquista consequente mesmo. Anarquista de discurso já vi de monte.

Foi um dos que primeiro introduziram o Zaratustra nos anos 1960 no Brasil, além das leituras de Hegel, que fazia e nas discussão com outras figurinhas carimbadas, como Mautner e Jacobina. Sua poesia dialoga com Jorge de Lima, com o simbolismo, com o surrealismo francês, com o xamanismo, com a beat e com uma porrada de outras coisas. Até do Bosch o cara fala, um pintor pré-surrealista renascentista. O cara foi professor e produtor de rock pra sobreviver, pois se for da escrita, no Brasil, só se o cara cafetina a própria mulher, é traficante ou é dono de casa bancado pela mulher, para conseguir pagar suas contas com o que ganha escrevendo. Curto e grosso, fim de papo e de boiolagem preciosista de metafísicos idealistas.

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