Profetiza os traços da vida na palma da mão - uma cigana
Enquanto o senhor Xangô dá a linha dos búzios com Oxum
O exu meia noite vem trazendo tudo o que é bom
Encontros inusitados com a dama da meia-noite
O vento sopra entre árvores tristes, sangrando lágrimas em seivas
São brigas seculares de amor, passeando pela paulicéia
Praça da República com suas estátuas e Álvares de Azevedo no largo São Francisco
Continuas a ser a grande musa dos encontros fantasmagóricos, casuais, instigantes
Se vacilas o charme de pai Xangô traz outras deusas e damas e musas
Deixando-a ciumenta, mas sempre és a predileta
O tempo parece ficar no Absurdo paralisado
Voltamos a ser crianças azuis, perdida no devir espiral
As ruas ficam encantadas, árvores choram, estátuas mórbidas ganham olhos
passeando pelo Bixiga ou no grito da independência do Ipiranga
Arremessado ao vento o coração de um errante andante da noite
perdido, sem vela, sem nau, sem leme e mesmo sem rumo
Procurando por alguma batalha de alguma guerra que ainda valha à pena
Deitando uma ficha na Jukebox atrás daquela velha canção de Rod Stewart
Inundando as estações lunares da percepção
Incursões noturnas do caminhante pela paisagem da velha Roosvelt e baixo Augusta
Passeando de ônibus da República, Paulista até Pinheiros
Ruas esburacadas pelas obras do "Progresso"
Levando passageiros madrugada adentro, noites de insônia e uísque
Repletas de bruxuleantes morganas circulando pela imaginação
As idéias dos vencidos, as ilusões vem de metrô
Inundam como afluentes -
amor e ódio são fluentes em uma paixão violenta
Procurando por aqueles que ainda estão vivos
Por quem ainda tem sague nas veias dos olhos
Por quem não se enredou nas engrenagens da burrocracia
desumanizante feito um processo em tribunal da santa inquisição
Por homens e mulheres que sangram, choram, transpiram
tem raiva e seus momentos de fúria e explosão
Os que não se entregaram ao absurdo da rotina cotidiana da máquina de moer carne
E ainda procuram pela beleza e simplicidade das coisas
A jovenzinha que vem instigando e empurrando com a fúria de sua paixão
A madura e experiente sedução, com seu intelecto me completam
Só me completo com as duas - com a rebeldia e a fúria da juventude, o seu turbilhão me arrastando
junto à maturidade, a experiência e a sapiência da mulher balzaquiana
O poeta atrevido, cara de pau, malandro Zé Pelintra, poeta bandido, banido
Macunaíma, poeta da noite e da boemia, procurando por algum sorriso
e um bom par de coxas para secar no metrô às cinco da matina
Aguardando ansiosamente por alguma mensagem sua, que venha fluindo em ondas magnéticas
do alento, do encanto, da esperança romântica
Aguardando alguma notícia sua, escutando Don´t let me be misunderstood
Pedindo pelos restos de sua compreensão ou mesmo alguma mensagem desaforada sua
alguma ofensa, um xingamento ou mesmo a sua braveza significa ainda reconhecimento
Continuo o mesmo garotão com a mochila ou a sacola à tiracolo
sonhando contigo toda gordinha das faces, passeando pela casa de interior
Nenhum comentário:
Postar um comentário