REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
domingo, 2 de novembro de 2008
Terceiro poema de memória (12/02/2007)
Minha memória
é tão viva
como as coisas que toco
Posso sentir o cheiro do feijão
Cozinhando nas casas
Interior paulista ou mineiro
Enquanto caminho
sob jaboticabeiras e mangueiras
Tomo uma cana para abrir o apetite
A cachaça traz-me a memória
o mesmo gosto
bebida nos botecos
com camaradas
Enquanto pegavam o cigarro de palha
As lembranças são de carne
Tão vívidas
Os discos emprestados, perdidos
Alguns, ganhos, os rolos, as fitas
Os livros, achados e perdidos
Também me lembro do beijo
e nos apertos e pegadas
em moças púberes, que roubava
Arranjados, sofridos, caçados
lutados e suados
Lembro que era necessário
dormir nas rodoviárias
esperar ônibus
por horas e horas
de trem
às vezes um violão acompanhava
velhas canções
Um moleque que aprendeu
O Dia em que a terra parou
no trem, conosco
Tudo isto faz parte do meu corpo
do meu ser, do viver
do meu eu.
Transbordo de alegria
ao revivê-los
As frutas provadas
os doces, os venenos
os alcoois, licores
narcóticos
vinhos, mulheres
Não me arrependo de nada
Quando corríamos
bicicletas, sob trovoadas e raios
nos campos e pastos
nadávamos em açudes e rios
mergulhávamos
de vários metros de altura
Sem os medos
dos jovens de hoje em dia
Machucávamos-nos, cortávamo-nos
caíamos
Mas continuávamos
inteiros, íntegros
e ainda damos
boas risadas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário