Capitães do além
Sempre gostei muito de apreciar um bom vinho. Como um bom vinho, também aprecio muito a música. "A música é a alma do universo", diria Platão. Dioníso é o deus da música, na Tragédia grega. Para aliviar a nossa tragédia da vida, dilacerada e fodida, só mesmo uma boa música, de preferência um bom rock, para animá-la.
Para minha pessoa, sempre foi bom curtir a sonoridade do Sabbath, Led Zeppelin, Purple, Uriah Heep. Todos os guitarristas, como Page, Clapton no Cream, Blind Faith e no Derek; Iommi, Blackmore e outros, que beberam das fontes do Mississipi, direto de Dixon, de Johnson e outros pais do Blues (e mães também, como aquele vinil duplo da Bessie Smith, Billie Holiday, caindo mais para o Jazz).
Também sempre fui muito curioso. Sempre quis ir além, procurar coisas que estes caras faziam antes ou depois destes grandes medalhões. antes eu buscava uns cds raros "genéricos", mas de um ano pra cá, aprendi a baixar algumas coisas no tal do e-mule, o burrico, e achei um bocado de coisas (nem todas na integra, mas deu pra conhecer um monte de coisa, saciar a sede um pouco).
Capa do Star of India, demo do Seventh Star
Nem vou me alongar muito sobre os primeiros, aquele trecho que escutamos do Earth, o pré-Sabbath, uma música chamada "The Rebel". Se for para falar de Sabbath, eu curto até a versão com letras e nomes diferentes gravadas pelo Jeff Fenholt, uma demo do que viria a ser o Seventh Star, conhecido como "Star of India". Este vocal gravou o musical opera rock Jesus Christ superstar, era um cristão no Sabbath que depois partiu até para tocar Gospel. Este disco forneceria as bases para o Seventh Star, com o Glenn Hughes.
Dave Walker, nos 3 dias que durou entre Iommi e Butler
E isto foi assim desde o tempo de ficar procurando especiais no rádio e gravar o show da turnê do Born Again em uma fitinha véia de guerra. Hoje em dia, com estas maravilhas, posso curtir (e barato demais ainda, só a mídia) até uma versão de "Junior´s Eyes" cantada pelo Dave Walker (ex-Fleetwood Mac), após a saída do Ozzy, versões diferentes da War pigs, com letras diferentes (Walpuigs), até o Sabbath tocando "blue suede shoes". E dai por diante: bootlegs com o Ray Gillen, com Ian Gillan, Dio, ou qualquer outro como o Hughes e mesmo o Halford. A lista é imensa. É pena que tem gente que, com toda esta parnafenália toda, não saiba procurar e encontrar estas pérolas.
Se for para continuar no assunto, foi uma perda imensa para a comunidade Black Sabbath Letras, pois eu fiz um monte de resenhas e interepretações que os caras curiam por lá (Desde a associação do Sabbath bloody Sabbath ao neonazismo; o medievalismo presente em Mob Rules e assim por diante). Meu perfil foi excluido, e todos posts. Foi uma perda irrecuperável. Ao menos, sai daquela droga do orkut, ainda que expulso hehehe.
Podemos mesmo recorrer ainda ao Yardbirds ou Armaggendon, que teve integrantes do Led ou do primeiro mesmo, que dispensa qualquer comentário ou não ajuda em nada mesmo, como Keith Relf, que montaria o Renaissance. O The Firm também, com o Paul Rogers, o Cris Slade na batera, é show de bola, dispensa comentários os dois bolachões rodam direto aqui em casa, além de um cd genérico ao vivo, que eles tocam "You´ve lost that loving feeling", também tocada pelo Johnny Rivers.
Uma destas coisas que sempre me intrigaram muito, por exemplo, foi o trio do Trapeze do Glenn Hughes, do falecido Mel Galley e o Dave Holland, que iria parao Priest depois. Talvez mais conhecido no Purple, no entanto, o Trapeze me fez encomendar uma fita cassete daquelas lá na Galeria do Rock, na loja do Moby Dick. aqueles vocais a la gravadoras Motown e Stax, funky, soul, bluesy do Glenn sempre me fissuravam. Não é à toa que sempre curti Getting Tighter desde a primeira audição, mesmo contrariado por amigos, dizendo que não era a melhor do disco. Mas sempre foi, eu tinha certeza disto. Assim como a sonoridade imprimida pelo Tommy Bolin, que casou bem com a do Hughes. Do qual também curto a sua passagem pelo James Gang, no disco Bang e Miami.
Bom, coisas boas destes caras não faltam, mesmo depois que fizeram outras coisas. Do Purple mesmo, os "Capitães do Além", uma junção do Rod Evans, primeiro vocal, com os caras do Iron Butterfly, Lee Dorman e Rhyno. Os dois bolachões sempre rodam na minha casa sem falta. Lembro até hoje de gravar para o Geraldinho, camarada mais simpático do bar, por volta de 2002, 2003, uma fita que continha "Armwhort", que sempre rolava por lá no Bixiga. E o que falar da banda do Nick simper, primeiro Baixista, o Warhorse? O disco Red Sea? Dispensa todos comentários, é uma beleza.
O Rainbow é uma banda que dispensa comentários. Sempre curti desde o "Long Live Rock and roll", passando por uma fitinha do Rising, que é o melhor, tem Tarot Womam e Stargazer. Lembro-me de sair para várias noitadas com a primeira música e alguma mulher na cabeça. Sem contar a fitinha que alguns camaradas rolavam do On Stage, que muito me marcaram, principalmente vendo Dio cantar sua versão de "Mistreated", mais bluesy ainda que o Coverdale. "Catch the Rainbown", que sempre rolava no finado Chopp Halls", na Santo Antão, já descrita antes por minha pessoa em outro causo.
Pra falar do trampo do ELF, banda em que o Dio, o baixinho, era o vocal e tocava baixo. Elf sempre tocou no Gera também, uma música, "I´m coming back for you", que coloquei numa fita de 90 minutos de coletânea e lancei parao Gera lá para os idos de 2001. Além de "Nevermore", na qual ele já dava pistas do que faria no futuro. Ou até coisas mais antigas dele no REd Caps, The prophets The elves, Eletric Elves, por ai vai, de 1958, quando Dio cantava rock and roll básico.
Continuando na linhagem do Deep Purple, um som que só tenho uma música (baixei do burrico, e-mula, agora não consigo usar mais este troço) é o Episode Six, o Gillan e o Glover, uma guitarra bem seca, crua de efeitos, pesadona, repetindo um riff memorável em "I can see through you", de 1967. Além da "Love is All", "Homeward" e "Sitting on a dream", com a voz do Baixinho, Dio de Novo, no projeto do Roger Glover, o Butterfly Ball, com o John Lawton (Lucifer´s friend, Uriah depois). Tem também coisas finas, como Screaming Lords Sutch´s & The Savages (banda que contava com o Ritchie Blackmore em 1966) cantando "Jack the Ripper"; ou ainda "I´m so glad", numa versão do The maze, do Rod Evans e Ian Paice, antes do próprio gravá-la no disco "Shades of", de 1968.
Sempre curti tudo o que os caras do Uriah fizeram, antes mesmo do próprio e depois. O Toe Fat do Ken Hensley, que bandassa, que puta sentimento! E o Lucifer´s Friend aquela entrada que todos acusam de plágio de Immigrant Song em "Ride the sky?" Os discos solos do David Byron, não tem coisa igual de tão boa, até mesmo African Breeze, que tem uma levada dançante. Achei até uma versão do The stalkers e o Spice, antigas bandas pelas quais passaram.
Hawkwind e Geordie também são de primeira, boas bandas antes de Brian Johnsons AC/DC e do Lemmy do Motorhead, depois mais cru e pauleira. Hope you like it, disco muito fodido do primeiro! e Do re mi sol la ti do, o do segundo. Sem falar no Budgie, Jeronimo, Stalk Forest Group (antiga versão do Blue Oyster Cult) senão a lista vai longe.
Várias eu tive oportunidade de conhecer mais por meio do Marcão, um camarada que trampava no Cultural e sempre levava as fitinhas no Gera, no Bixiga, depois ele passou a levar cds também, do Baker Gurvitz army, 2066 and then , no disco "Reflections!": um som que lembra um hardão com progressivo, flautas a la Ian Anderson e outras coias que caem para este lado, que ele dizia que eu curtiria pra valer. E curti mesmo, valeu camarada!
Além do Buffalo, do Freedom, Jeronimo e outras heranças do Gera. Faço questão de ouvir tudinho com muita atenção, desde o início ao fim das fitas, várias vezes. E isto me faz sair da rotina, da correria do cotidiano. E também fazia com que encontrássemos alguma tranquilidade e camaradagem.
Escrevo isto lembrando dos amigos Manoel e do Marião, caras véio de guerra que curtiram nos idos dos 1960, fazia música, mostraram uma pá de coisa boa, de KC, de Jazz, Weather Report até o diabo a quatro. Foi uma perda fechar aquele bar tão rock, tão musical. Em que as idéias fluíam a milhão e podia-se conversar e conhecer pessoas de verdade, com música de verdade e uma boa cachaça de alambique.
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