REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
terça-feira, 14 de julho de 2009
hai-kai encontrado no fundo do baú
Encontrei mas algumas coisas que fiz, no meio dos livros. Eis ai alguma mostra delas. São algumas tentativas de haicais, esta arte que dominava muito bem o Leminski, o polaco-curitibano-louco-lutador de judô e ainda por cima trotskista e sua companheira Alice Ruiz, e também da Teruko Oda ou de uma Olga Savary também.
Que depende muito do desprendimento do eu, do ego, deste racionalismo embotado em que estamos e muitos se deixam tomar: o personalismo. Muita síntese, conseguir objetivar, traduzir um imagem. Devemos sair deste nosso egoísmo e nos projetarmos para fora, expandir-nos em direção ao Mundo e ao Outro. Afinal, "o caminho mais pra fora é o caminho mais para dentro", como diria o pai do haiku, Bashô.
Tem outras coisas que, embora antigas, continuam valendo atualmente.
Não acho grande coisa, nunca achei. Nunca tive aspiração à perfeição. Só quis escrever e escrevo: nunca me submeti ao ponto de "pedir licença" ou autorização para alguém ou uma camarilha "supostamente melhor" para escrever. Ponto final.
Nisso concordo com o que diz o velho Ulisses Tavares, da Editora Pindaíba: não peço licença "aos feudos dos suplementos lítero-compadristas “(do tu me citas, que eu te cito”).
Seguem alguns hai kus urbanos:
Lugar asfaltado
tempo de chuva vai e vem
um grilo a cricrilar
*
drosófilas filam
os frutos oferecidos
fruteira natural
*
formigas famintas
exércitos de Davis
levam a geléia
comida com pernas
dezenas centenas delas
sobem paredes
*
chuva na calçada
um caldeirão borbulhante
fervendo no chão
24 e 27/9/1998
I
sacos e caixotes
noite úmida paulistana
mendigos nas ruas
II
nas ruas paulistanas
primavera úmida e cálida
e o lixo humano
29/10/1998.
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