REBENTOS DO CELSO: Poemas, causos, memórias, resenhas e crônicas do Celso, poeteiro não-punheteiro, aquariano-canceriano. O Celso é professor de Filosofia numa Escola e na Alcova. Não é profissional da literatura, não se casou com ela: é seu amante fogoso e casual. Quando têm vontade, dão uma bimbadinha sem compromisso. Ela prefere assim, ele também: já basta ser casado com a profissão de professar, dá muito trabalho. Escreve para gerar o kaos, discordia-ou-concórdia, nunca indiferença.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Poema de Natal
Jogo garrafas ao mar mandando telegramas telepáticos às musas e deusas que amo
Enquanto espero a chapa esquentar no boteco da esquina
o fio do cortador de frios está cego
enquanto homens bebem em suas casas
procuro pelo último lugar aberto
São cinco e meia da manhã
estou batendo no supermercado
procurando pela última cerveja
Um cachorro latia deseperado
Para a lua minguante amarela no alto de um prédio
no início da noite retrasada
O gato Benjamin, vadio e filósofo,
esperava no portão ronronando e roçando nas minhas pernas
esmaguei uma barata no corredor ao chegar em casa
elas ficam ouriçadas com o calor
sobem pelos ralos até o terceiro andar
Vejo um velho tomar sua cerva na porta do bar
escolho aleatoriamente os anúncios do orelhão
procuro umas coxas boas de uma dançarina stripper
Telefono para o além, em vão, ninguém atende
Não consigo nem socar uma punheta, a casa tá cheia
Lanço uns caramelos e dadinhos
pros moleques artistas de circo dos semáforos
Os paulistanos se embasbacam vendo os enfeites da Avenida Paulista
os banqueiros usam o dinheiro que parasitam deles próprios
enquanto uma família inteira na sarjeta da Teodoro não terá perú na ceia de natal
não porque podem escolher não querer, mas porque não têm nada
A chuva do mormaço corta mais ainda o coração vadio
No meu coração de poeta vagabundo ainda cabe você
Passarei meu natal com as vadias, os bêbados, os mendigos
as prostitutas, os desajustados, o Condicionado,
a louca de cabelos brancos das vilas das irmãs
discute e briga sozinha sob a minha janela
eles são a minha verdadeira família
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário