segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Vagabundos autênticos e aqueles que nunca dormem no ponto



Ontem estive no CDHU perto de Piraporinha em Diadema, era aniversário de alguns moleques, filhos de uma amiga da Cléia, que resolveu fazer uma festinha lá. Eles foram criados por uma mulher da creche de lá. Eles têm mais condições que o resto da molecada do CDHU, com certeza. Num segundo, me vi preparando cachorros-quentes e sanduíches de carne louca para toda a molecada, de diversos prédios do conjunto. Eles ficavam tímidos, mas eu falava pra eles pegarem, Era uma diversão que só, até brincar com a molecada, brinquei. Eu me dou e sempre me dei bem com criançada, de todo e qualquer lugar.

Relembrei-me uma vez, que estava com um camarada, o tocão, na frente da casa de meu velho avô Augusto. Era começo de uma noite quente interiorana. Eis que se aproxegaram dois vagabundos, fedidos, sem tomar banho há alguns dias no mínimo. Também cheirava a cachaça, e parecia que vinham na caminhada na bota. Rumavam para Tambaú, uma distância de uns 20 quilômetros, metade terra, metade asfalto. A terra do Padre Donizete, das romarias até Aparecida. Simpatizei com os dois e fui lá dentro da casa buscar algum rango. Busquei uma polenta cozida, com queijo, molho de tomate à bolonhesa que sobraram do almoço. Levei. Pude ver a felicidade nos olhos daqueles dois vagabundos, o brilho nos seus olhos. Eles nos abraçavam, ficaram contentes, fizeram promessas de nos dar uma paranga que eu sabia que não cumpririam, mas nunca pedi que cumprissem também. Eles sempre alegres partiram, rumo a Tambaú, na descida da casa do meu avô.

Relembrei disso revisitando o velho lobo do mar, de Vagões e Vagabundos, Jack London, velho lobo solitário e escritor socialista, radical, como se deve ser um lobo, que nunca vacila na boca da noite da luta de classes e é sempre solidário com sua família ampliada, que não são só laços de sangue, também importantes, mas muitas vezes há amigos que são mais nossa família que nossa própria família consanguínea. Nunca espera algo em troca, cargo, dinheiro ou fama.

Pois socialismo digno deste nome é a democracia ampliada entre @s trabalhadores/as. É radicalmente democrático, ou não é socialismo. Também não acredita nas deturpações que a grande imprensa da burguesia faz do socialismo, na sua versão totalitária, burocrática, na verdade, mais um capitalismo de estado, como a via asiática ou do leste europeu. Há mais chacinas da polícia em paraisópolis e no rio de janeiro, repressão do tráfico de drogas e armas nas favelas que em qualquer lugar do mundo. Se mata trabalhadores e crianças-aviõezinhos a rodo, como máquina de moer carne e ninguém faz porra nenhuma. Como se um menininho da favela também sonhasse pro seu futuro ser "aviãozinho"... ou uma menininha ter que se prostituir por uma cachorro quente... é muita besteira irrefletida o que leio e escuto...
Ainda mais um inglês, como podia esquecer a guerra do ópio e o passado colonial da China? os chinas não se esquecem, são um povo que sabe sua história na ponta da língua. Vacilou, dormiu no ponto, já era, não tem dó, nem tem piedade, e isto não é apenas força, mas cultural, contra o que o ocidente levou para eles.
Só ao se matar um filho da burguesia ou pequena burguesia, classe média, que se levantam "protestos" farisaicos e oportunistas no rio ou em sampa. Os EUA, democracia liberal por excelência, mantém a pena de morte em estados, a vergonha da prisão de Guantánamo, no Iraque e Afeganistão, vergonha mundial em relação aos direitos humanos.
O lobo nunca se ilude com ela e sua sociedade capitalista, que mata lentamente com a fome, com o desemprego em massa, a guerra imperialista e o fascismo-chauvinista que ela produz. Ao menos, se pode ler em um cartaz em Cuba: "Hoje, milhões de crianças dormirão nas ruas no mundo. Nenhuma delas é cubana". Não queremos a repetição de nenhuma Candelária, do Carandirú ou massacre de moradores de rua. A democracia e o combate à violação dos direitos humanos fazem parte da luta pela igualdade e justiça social, não há nenhuma contradição.
Sigo seus passos de lobo solitário e incompreendido por essa floresta de pedra, Mr. London.

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