sábado, 18 de dezembro de 2010

O delírio cotidiano com coisas reais

Começo  este post fazendo uma sincera e merecida homenagem ao cantor Captain BeefHeart, nascido em 1941 e que faleceu hoje com esclerose múltipla. Ele gravou discaços, como o Bongo Fury: Live en El Paso, com um dos maiores músicos, o Frank Zappa´s Mothers, que é um disco que eu sempre toco.  E também nos seus próprios discos, Safe As milk, Trout Mask Replica, Bluejeans e Moonbeans  entre tantos outros. Já o título é um verso de uma canção do Belchior, e serve pras coisas que vem ocorrendo na paulicéia desvairada.
É meus caros, a roda gira, tudo muda e se movimenta rapidamente, na intensidade das ideias e de um belo e suculento filé assando numa grelha de churraqueira, muitas cervas e cachaças entre companheiros. numa tarde de sábado tocando uma viola no bairro provinciano de Presidente Altino  na terra do mágico de Oz. Ontem foi uma noitada final do trampo, confraternizarmos entre  nós  merecidamente, depois de tanta luta e encheção de saco de uma mala veia sem alça o ano inteiro, vamos tomar nossas biritas sem empulhação. Só isso salva, assim como escutar boa música.
Mais tarde ainda fui rever alguns camaradas antigueiras, uns até do interior, que não via há anos. Mandamos pra drento várias  doses de uma garrafa de tequila com limão que um camarada pôs na banca  Foi uma ótima, num buteco de um véio que fica numa esquina do Paraíso, não o do Dante, mas o bairro Paulistano, e eis que me fudi pois pensei em voltar um pouco mais tarde, e esta cidade vem piorando e ficando cada vez mais abandonada.
Cidades no mundo funcionam a noite toda, pois tem gente trampando a toda hora, o metrô rola, busão rola, só aqui que não. É um atraso e um retrocesso e diminuiu o tempo e a quantidade de vezes que posso usar o bilhete único. Fazia tempo que não dava uns rolês de busão, e eis que fui usar uma linha que antigamente, há uns 15 ou mais quando vinha do Bixiga bixiguento pela Paulista pro Rio Pequeno era mais eficiente do que hoje em dia, ou haviam outras que ao menos nos deixavam mais na frente pra pegar outras. E também quando ia no Gera, o Cearense dono de bar rocker mais gente fina, eu pegava o Sacomã-Ceasa. e descia em Pinheiros. Hoje até fumei um careta cedido trocando ideia no ponto da estação Brigadeiro na Paulist enquanto quase dormia pendurado trocando ideia com um ajudante de prefeito. Eles já sacaram esta parada  faz tempo, que está mais do que na cara, demorou, é hora de tirar este fascistinha do poder municipal.


Esse final de ano tá bem maluco aqui, chuvas, panes no trem e metrô, prefeito metralhado em Jandira, sindicalista dos camelôs ou condutores  assassinado. E também tem artistas apanhando na paulista e pensando em fazer manifestação no MASP segunda-feira dia 20, demorou, quero ver quem estará lá ao meio dia. Estarei lá, ainda mais em uma cidade em que é proibido ficar em buteco de pois da uma, é proibido fumar, placas são retiradas, ônibus fretado proibido, inferninhos são lacrados, ora pois, tudo é proibido nessa cidade. E tudo precarizado e péssimos serviços oferecidos pro povão que trampa, sem contar o preço do busão que subirá mais uma vez, sem contar as enchentes alagando barracos. É só na base da ação que as coisas se resolvem, e não com choramingos.
Se camelô se organiza, por que artistas também não podem se organizam também contra o fascismo imperante hoje na prefeitura? só porque tem origem de classe diferente, são de uma classe média decadente anarca e apolítica que se define como indigente, marginal ou qualquer dessas porras. E que se diz pura (enquanto que é cheia de preconceitos, principalmente o preconceito contra a política, diria a veia judia Arendt) e não quer se meter com política. É uma espécie de excesso de preciosismo (outro nome para baitolagem) esse tipo que fazem alguns artistas, pois arte também é um trabalho, ainda que simbólico, ideológico, cultural ou intelectual.  E sendo um tipo de trabalho, quer ser vendido  no mercado sim senhor, não me venha com arte pela arte: artista metafísico, tente pagar suas contas, pingas ou cigarros com sua alma, e veja no que dá. A arte está submetida a mercantilização na sociedade capitalista. Não há nenhum purismo nisso, tudo se lambuza  e se mistura na mesma lama. Metafísicos, platônicos ou propagadores da aura perdida, vá de retro com suas visões punheteiras das sombras da realidade.
Em Londres ou Paris, são atração a parte, em São Paulo, a vanguarda do atraso que elege um Kassamba ou o Picolé de chuchu do Alckmin, acontece isso. E nem venham me dizer que é tudo igual, tem nojo da política ,pois essa é a cara e  a postura política de quem deixa esses caras chegarem ao poder (herdaram isso do adhemarismo, malufismo, janismo e quercismo, tudo num balaio de gato.
Ara, se esses caboclos vivem na cidade, se fazem parte, não me venha com  a desculpa ou o papo furado de apolítica. Onde há duas pessoas, ela, a política, existe. Se quer ser radical por inteiro, rasgue seu  RG, vá viver no meio do mato comer grama, entre lobos da estepe, que é mais honesto do que continuar jogando o jogo desta sociedade e ficar chorando pitangas ou destilando suas lamúrias. Ficções funcionam bem no papel, quando se lida com a realidade, tem um quê ou um ar quixotesco.
Reclamar não adianta porra nenhuma. Aqui tem de ser feito política, pois é na pólis, na cidade que cidadão se exercita e se faz como tal. Quem cala consente que o poste entre no seu cú. Não me venham com a ficção burguesa dos direito a ficar-de-fora-estando-dentro isso é conto da corochinha que nenhum aprendiz cai mais nessa.  A arapuca está armada, e não adianta de fora protestar. Quando se quer entrar num buraco de rato, de rato você tem que transar. A little more conversation, a little more action. Mexam-se e libertem-se com todos, artistas metafísicos platônicos ou kantianos punheteiros.

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