sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Classe mérdia



"no fundo a poesia de maior aceitação hoje em dia ocupa uma redoma de vidro, vistosa e escorregadia,e aquecida pelo sol ali dentro existe uma junção de palavras formando um todo meio metálico e desumano ou um ângulo semi-escondido. é uma poesia pra milionários e gordos desocupados, e portanto sempre conta com mecenas e sobrevive, pois o segredo consiste em reunir um bando de eleitos e o resto que se foda. mas é uma poesia sem vida, chatérrima, a tal ponto que a sua insipidez é interpretada como possuindo um significado oculto - o significado está oculto, evidentemente, e de maneira tão perfeita que é o mesmo que se não existisse. mas se VOCÊ não consegue descobri-lo, é por falta de alama, sensibilidade e não sei mais o que, portanto TRATE DE DESCOBRIR SENÂO VAI SE SENTIR HUMILHADO. e se por acaso não descobrir, então BICO CALADO." Charles Bukowski, Fabulário Geral do delírio cotidiano

A classe mérdia é farisaica. A classe vilipendiada, que se fode, paga imposto a doidado, alienada, massa de manobra, cai ora para a direita, ora para a esquerda. Flerta com os dois lados, mas acaba no colo da Direita sempre. Nunca consegue ter opinião própria, nem encabeçar algo por sua própria iniciativa, sempre nas mãos dos outros, como um inocente útil.

Nem curto esta alegação do Presidente Lula do crescimento da classe média. Claro que houve um crescimento objetivo, das condições econômicas. Mas nem por isso concordo que deixaram de ser classe trabalhadora. Esta é a disputa correta, tem que falar em classe que vive do trabalho, pra avançar na consciência. E não fazer com que esse povo tenha uma cabeça de burguês mais ainda.

Mesmo os hipster ou beats do nosso tempo também, mesmo com seu todo dandismo, não conseguem sair de um reles capitalismo, de juntar sua graninha, produzir mais-valia, o que quer que seja que vendam, seus artesanatos, livros, discos, cds, ou o que quer que sejam. E são uns puta de uns merda a organização enquanto categoria, individualistas que só pensam no seu, mas corporativos de merda quando e trata do clubinho do "cita que te cito", conforme expresão do Ulisses Tavares. É uma verdadeira panelinha, uma verdadeira fogueira das vaidades. Na hora de fazer militância mesmo, pegar no breu, pra além de faturar seu troco, todos tiram o seu da reta, como qualquer cagão de mérdia.

Nem tô falando para ser o ultrarevolucionário, não tem nada a haver, cada um faz o que bem entender, a arte engajada me enche o saco, não tem nada com partidarização. Ô epocazinha de merda. Ao menos, deixa em paz quem faz algo além de seu trabalho, além de ganhar grana. Só isso é fácil. Agora, quero ver algo além disso. O que tá difícil de acontecer.

Mesmo os artistas não possuem nenhuma aura especial, é tudo uma grande e mesma bosta, comem do mesmo pão que o diabo amassou. Pois a entrada tem que ser cara ou financiada pela Prefeitura, pelo Estado ou pela privada (cheia de merda pra bancar0, para bancar pelo menos o arroz com feijão. E geralmente quem banca é a pseudo-burguesia.

Pois o que vejo são os pretensos bandidos, os ditos marginais, só que eles tem os mesmos costumes da classe mérdia, é só uma fachada, e esse filme eu já vi, não pago a entrada duas vezes, não. Podem até usar máscaras, de lumpen, de artista, de bebum, de junkie, dizer que não é classe, é vagabundo etc e tal, mas pra tudo há tempo, pra vadiagem e pro trabalho, mas duvido que não precisam de grana pra comprar suas cachaças, sua TV a cabo, sua internet, seus carros e casas própria e o caralho a quatro, só enganam os desavisados.

São na verdade igual a comerciantes, pequenos, médios, ou grandes, o mesmo que os burgueses das feiras dos fins da Idade média feudal. Não há diferença alguma, até no ponto de vista dos feudos. E não há nenhum problema ou rancor em ser comerciantes, desde que se assumam com tal, e não se julguem mais ou menos que ninguém por isso.

Também usam das mãos e dos pés, da voz ou da cabeça para trabalhar, são também trabalhadores, operárias, a questão é que tem uma renda um pouco maior que os outr. A diferença é que sempre tem inveja, sempre tem rancor e ódio da grande burguesia, mas colabora com ela, chupa e puxa o saco dela sempre que pode, querendo diferenciar-se dos trabalhadores. E a questão não é pessoal, muito menos individual. Alguns deles até se entregam com a má-consciência, com a consciência culpada, e ficam se justificando não sei pra quem.

Eu conheço muito peão, fodido, que bancava de ser trabalhador, radical, sindicalista, mas no primeiro momento, já dá um pulinho e se acha o bom burguês. É só se cercar de algumas parafernálias, de som, de dvd, de tv a cabo, um carro, uma casa própria que se aburguesam do mesmo modo.

São os novos ricos, os verdadeiros bárbaros, máquinas de fazer e ganhar dinheiro, não importando se tem que rasgar seus cús e sacos, mas a cuca está sempre fundida, e se acham o máximo.

Taí uma tiração de onda com a classe mérdia, de uma grupo que curto pacas, "Aeroporto de congonhas", do Joelho de Porco. Aperta no título que tem outra tiração do Max Gonzaga: http://www.youtube.com/watch?v=GdCXVmX6Myo

Triste comédia
a familia paulistana
não tem fim de semana
não tem praia nem montanha

No aeroporto de congonhas
passa todos os domingos
só pra ver avião descendo
só pra ver avião subindo

Que tragédia
sexta feira aluga a kombe
vai lotada pra emigrantes
num pic-nic em praia grande
que é gigante

No aeroporto de congonhas
passa todos os domingos
só pra ver avião descendo
só pra ver avião subindo

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