quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada"

Desconfio de seres artísticos que pensam ter um dom. Todo ser humano pode ser e é um poeta, se trabalhar nisso. Não compartilho do elitismo do sentimento. Parece até um bocado de excesso de preciosimo todo esse rame-rame de quem pensa de que tem algo a mais que os outros. O que acontece é que as pessoas estragam sua percepção ou são atrofiadas por imensas baboseiras, e não a exercitam. Mas que são capazes, todos são, desde que trabalhem com sua imaginação, com seus textos ou sua arte.
Conheço apenas alguns humanos que olharam fundo demais para o abismo, como Schopenhauer, Nietzsche, Pascal, Pessoa, Kafka, Doistoievski, Mann, Hesse, talvez até o Buka e alguns outros escritores. De resto, é só um excesso de preciosismo e narcisismo, só tomam superdimensões de seu ego, projetado na escrita, e não conseguem se diluir no carnaval. Talvez o Fela Kuti, Robert Jonhson, Miles Davis, John Coltrane, Charlie Parker, Scott la Faro, Jaco Pastorius, Wagner, entre outros, tenham conseguido chegar ao fundo do abismo também. O caminho é sempre da caverna solitária para o mundo. Não gosto de confetes e serpentinas na vida artística, só no carnaval. O corporativismo (no pior sentido possível) de alguns artistas me assusta. Não faço parte de nenhum esquema, mas consigo dar pulos mesmo assim, e nem estou preocupado. Detesto puxa-sacos, nem preciso me submeter e desprezo todo puxa-saquismo para ser publicado e lido.



Compartilho de pensamentos sobre o Buk e o Kafka sobre o artista da fome, cada um em seu sentido. Nenhum artista é melhor semanas comendo barras de caramelo, ao invés de um bom filé e um whisky. Não há nenhum sinal ou prova de que sua produção será melhor ou mais profunda. Há algo de doentio ou ascético naquele que se mata pela sua arte, que quer vê-la santificada no altar dos deuses do Olimpo, levando uma vida ascética apenas para levá-la adiante. Amo aqueles que se lançam ao abismo, que fazem disso sua vida e seu ganha pão, mas eu gosto de poder provar sempre uma carne nova, uma maminha ou um petisco e um bom trago. Se for pra ser artista só para bancar apenas minha arte e comer caramelos, tô fora. Prefiro ficar bem quieto no meu canto, levar uma vida ordinária, dar uns pulos de vez em quando no reino do ser, a linguagem, como dizia o Heiddeger, o filósofo que aderiu ao nazismo, e como o fizeram Joyce e o Guimarães Rosa. No final das contas, as prostitutas do universo se dão melhor, como diria o véio China.

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