quinta-feira, 3 de junho de 2010

Tocando a vida como posso


Feriadão frio, gelado. Feriado é bom em São Paulo porque um monte de gente sai, especialmente a classe-média-neuras, que leva suas neuras e vais às compras no interior ou para o litoral, ou quando não vai para o exterior. É só assim que a cidade passa a pertencer àqueles que nela habitam, trabalham e ralam para construir. A barulheira pára um bocado, a agitação e o stress. Daí podermos dar uma volta pelo frio noturno e gelado, apenas para conversar, tomar um quente pro tempo passar mais devagar. Como eu trampo amanhã, vamos levar a molecada de trem até o bairro da Luz no museu da língua, e ainda  tô pegando o rescaldo do desconto da greve, então, pra minha pessoa, feriado ou não, tanto faz.
Aproveitamos- eu e a índia potiguar -para dar um trato na casa que nem nossa é, alugada, mas tá valendo. Jogamos um bocado de papel fora, algumas dessas estantes de montar de ferro, arrastamos uns móveis.  Eu fiz uns consertos para fazer a ligação de uns cabos em casa, estou ficando muito bom nestes serviços pequenos em casa, com a caixa de ferramentas, além de fazer o rango, uns filés de frango com alho, um arroz, refoguei na mesma frigideira couve-flor, e comemos com fava e pimenta. Pra sobremesa, romeu e julieta, goiabada cascão e muito queijo minas.
Estou curtindo um bocado escutar alguns sons que consegui baixar, o primeiro solo do Jon Anderson, Il Balleto de Brono, o primeirão do Jeronimo, Quaterna requiem, o Módulo 1000, o disco do Andromeda, consegui reencontrar o Jacula, uma vez que no e-mula vinham partes apenas (execelente álbum, tem um baita clima de filmes de terror), ainda tem mais descendo um bocado de coisa, Captain Beefheart (um próprio, pois já conheço aquele que eles tocam com o Zappa). Tem som que não acaba mais, é uma benção estes blogs que disponibilizam o maior garimpo de música possível, já achei de tudo, desde Elomar Figueira de Melo, Asterix (antes do Lucifers Friend) encontrei vários bootlegs do Dio, Camel, Mezquita, L´uovo di Colombo. É coisa que não acaba mais
Também pra variar estou lendo alguns bons livros. Já dei uma repassada do Benjamin e no Adorno, agora tô relendo o Que é a Literatura? do Sartre, é um ensaio muito bom sobre escrever. Também estou lendo, quando não é no trem, é um pouco em casa, o Dom Quixote. Estou me divertindo um bocado com as lutas do fidalgo e seu escudeiro Sancho Pança contra os moinhos de vento. Foi muito familiar com a greve dos professores e as cabeçadas que deram alguns dirigentes.
Consegui encontrar ontem o Satori em Paris, li umas trinta páginas enquanto esperava a índia potiguar ontem a noite, até parece ser bom. Apesar de eu não ser sovina, a gente começa a valorizar cada centavo quando passa um mês durango pra burro, e aprende a viver com bem pouco mesmo. SEmpre fico duro no final das contas mesmo, pois a grana nunca dá para pagar mesmo as contas e dívidas, mas quando se tem menos ainda é que se aprende. Só contando with a little help from my friends, que na hora do aperto são bem poucos mesmo, todo mundo desaparece, só ficam os autênticos. 
Daí que você vê que dá para viver com bem pouco mesmo, em um momento de uma pós greve, em que foi esmagado, e ainda como punição descontam seu salário em duas vezes. Há uma aperto de cintos, você aprende a descartar o que é supérfluo, abster-se de alguns luxos, e tocar para frente, ver que ainda haverá mais um longo mês pela frente em que a mesma situação perdurará, mesmo sabendo que você já ralou o saco de tanto repor aulas, e elas ainda não serão pagas neste mês, uma vez que a impessoalidade e o paquiderme do estado que arrasta sua bunda flácida pelos corredores não estão nem para você, seu patinho feio grevista.

Um comentário:

Pirro disse...

É a crônica realista do homem moderno na metrópole Piratininga. Bem a imagem simples do cotiano semelhante a "uns filés de frango com alho". E a Índia Potiguar quem é? Você a raptou quando esteve no Norte. Então seja feliz. É o velho instinto bandeirante mais vivo do nunca... Agora a quebradeira é foda. Eu também passo por esses caminhos estreitos. Valeu o retrato de si mesmo, no devir de Heráclito.

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