sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Camarada de tombos de carrinho de rolemã



Na época de moleque, na rua de casa, eu tinha um camarada, ele era um bocado mais velho. Ele morava na esquina do quarteirão de casa. Eu tenho uma baita de uma memória, mas ela tem falhado ultimamente, não lembro de seu nome. Lembro que ele trampava como cobrador de ônibus da CMTC. Nessa época eu era um molecão, ia da escola pra casa, gostava de sair na rua, chutar uma bola com os colegas nos portões dos vizinhos, tirar uma chinfra, perambular brincando de esconde-esconde pelos terrenos de óleo e gás perto de casa, de mãe-da-rua e dar rolês de bicicleta pelos arredores. Também tinham as festinhas nas casas de arredores, na avenida, além das juninas, que eram fechadas as ruas, e todos participavam, com doces, comida, pipoca, vinho qente, quentão. Como era menos frescurenta aquela época, todos se conheciam, saim na rua sem medo e sem frescura, saiam, conviviam com o povo da caramaçal, e não tinha problema nenhum.
Não sinto culpa ou remorso nenhum por isso, aprendi muito cedo a conviver com diferenças, esse camarada por exemplo, muito cedo um proleta, entre outros que conhecia, mas nunca pensei que o trabalho "enobrece" o homem. Pelo contrário, só empobrece mais, só fiquei mais pobre a partir dos dezesseis, dezessete começando por entregar bolos, pães, brigadeiros caseiros. Até foi tarde em relação a muitos e a grande maioria, mas daí nunca mais consegui parar, para minha infelicidade, pois venero muito mais a preguiça, sou muito preguiçoso. Gostaria de ser um vagabundo por inteiro, completo. Eu tento, mas não consigo, não aprendi a ganhar dinheiro sem ter que trabalhar, infelizmente.
Mas voltando ao colega, Ele zuava um bocado, mijava na rua quando estava sentado na calçada, falava das meninas que pretensamente tinha atacado, babou na vez que eu tava na casa da argentina e seu biquini tinha afastado, seus peitinhos recém formados aparecendo, na casa da esquina lá da rua, ela dentro da piscina, e eu sem conseguir tirar os olhos daquela maravilha, quieto, e o irmão dela riu ao perceber que eu tinha grudado os olhos.
Ele falava palavrão adoidado, ficava comendo banana, jogado as cascas. Sempre ele passava em casa, vestido com seu uniforme da CMTC, e me chamava pra trocar idéias, com seu irmão também na frente de sua casa. E era na descida, a curva na frente da sua casa que eu caira do carro de rolemã e ralara o joelho várias vezes

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