quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Coração de pudim

Foto deste Natal, na casa dos meus pais: minhas mãos; meu velho; nando; manoel e cleo; (ao lado que não aparece), meus "sobrinhos",  irmãs, mãe, tia e mais um bocado de gente


Posso até parecer o comunista-ateu-durão-comedor de criancinhas

Sou duro com os inimigos na batalha

Mas também sei ser romântico

sei endurecer, pero sin perder la ternura, diria o comandante Che

Sem isto parecer piegas ou ser clichê

Curto muito meu velho careca e minha velhinha

Fizemos um Natal mestiço

Miscigenado, mameluca, negro e branco

Cheio de gente, como deve ser, tudo misturado

E ainda depois os mais animados foram beber

A vida não deve ser de ressentimento

Vida é alegria, não teme felicidade

não ter medo de nada, do novo, da revolução

a classe operária só tem a ganhar o paraiso

No nascimento do Jesus Cristo, o crucificado e Dioniso esquartejado

Fizemos da ceia um banquete dos mendigos

todos tem que ter do bom e do melhor

muita fartura, sem miséria ou sovinimo

na verdade, é o nascimento do novo homem, liberto

revolucionário, que ameaçou os poderosos

Como pregava a Teologia da Libertação na América Latina

execrada pelos papas reacionários Dom Paulo II e Bento XVI

Que unia a fé e política, palavra e ação, praxis

como os padres e poetas fizeram na revolução sandinista

iam aos campos ensinar

a revolução das crianças nicaraguenses

visitada e defendida pelo poeta Ferlinghetti

não o verbo-oco alienante e mistificante

não palavras sem ação, que são só verborragia

mas palavra comprometida com a mudança da vida

como diria Rimbaud, a prova histórica pela ação

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Vagabundos autênticos e aqueles que nunca dormem no ponto



Ontem estive no CDHU perto de Piraporinha em Diadema, era aniversário de alguns moleques, filhos de uma amiga da Cléia, que resolveu fazer uma festinha lá. Eles foram criados por uma mulher da creche de lá. Eles têm mais condições que o resto da molecada do CDHU, com certeza. Num segundo, me vi preparando cachorros-quentes e sanduíches de carne louca para toda a molecada, de diversos prédios do conjunto. Eles ficavam tímidos, mas eu falava pra eles pegarem, Era uma diversão que só, até brincar com a molecada, brinquei. Eu me dou e sempre me dei bem com criançada, de todo e qualquer lugar.

Relembrei-me uma vez, que estava com um camarada, o tocão, na frente da casa de meu velho avô Augusto. Era começo de uma noite quente interiorana. Eis que se aproxegaram dois vagabundos, fedidos, sem tomar banho há alguns dias no mínimo. Também cheirava a cachaça, e parecia que vinham na caminhada na bota. Rumavam para Tambaú, uma distância de uns 20 quilômetros, metade terra, metade asfalto. A terra do Padre Donizete, das romarias até Aparecida. Simpatizei com os dois e fui lá dentro da casa buscar algum rango. Busquei uma polenta cozida, com queijo, molho de tomate à bolonhesa que sobraram do almoço. Levei. Pude ver a felicidade nos olhos daqueles dois vagabundos, o brilho nos seus olhos. Eles nos abraçavam, ficaram contentes, fizeram promessas de nos dar uma paranga que eu sabia que não cumpririam, mas nunca pedi que cumprissem também. Eles sempre alegres partiram, rumo a Tambaú, na descida da casa do meu avô.

Relembrei disso revisitando o velho lobo do mar, de Vagões e Vagabundos, Jack London, velho lobo solitário e escritor socialista, radical, como se deve ser um lobo, que nunca vacila na boca da noite da luta de classes e é sempre solidário com sua família ampliada, que não são só laços de sangue, também importantes, mas muitas vezes há amigos que são mais nossa família que nossa própria família consanguínea. Nunca espera algo em troca, cargo, dinheiro ou fama.

Pois socialismo digno deste nome é a democracia ampliada entre @s trabalhadores/as. É radicalmente democrático, ou não é socialismo. Também não acredita nas deturpações que a grande imprensa da burguesia faz do socialismo, na sua versão totalitária, burocrática, na verdade, mais um capitalismo de estado, como a via asiática ou do leste europeu. Há mais chacinas da polícia em paraisópolis e no rio de janeiro, repressão do tráfico de drogas e armas nas favelas que em qualquer lugar do mundo. Se mata trabalhadores e crianças-aviõezinhos a rodo, como máquina de moer carne e ninguém faz porra nenhuma. Como se um menininho da favela também sonhasse pro seu futuro ser "aviãozinho"... ou uma menininha ter que se prostituir por uma cachorro quente... é muita besteira irrefletida o que leio e escuto...
Ainda mais um inglês, como podia esquecer a guerra do ópio e o passado colonial da China? os chinas não se esquecem, são um povo que sabe sua história na ponta da língua. Vacilou, dormiu no ponto, já era, não tem dó, nem tem piedade, e isto não é apenas força, mas cultural, contra o que o ocidente levou para eles.
Só ao se matar um filho da burguesia ou pequena burguesia, classe média, que se levantam "protestos" farisaicos e oportunistas no rio ou em sampa. Os EUA, democracia liberal por excelência, mantém a pena de morte em estados, a vergonha da prisão de Guantánamo, no Iraque e Afeganistão, vergonha mundial em relação aos direitos humanos.
O lobo nunca se ilude com ela e sua sociedade capitalista, que mata lentamente com a fome, com o desemprego em massa, a guerra imperialista e o fascismo-chauvinista que ela produz. Ao menos, se pode ler em um cartaz em Cuba: "Hoje, milhões de crianças dormirão nas ruas no mundo. Nenhuma delas é cubana". Não queremos a repetição de nenhuma Candelária, do Carandirú ou massacre de moradores de rua. A democracia e o combate à violação dos direitos humanos fazem parte da luta pela igualdade e justiça social, não há nenhuma contradição.
Sigo seus passos de lobo solitário e incompreendido por essa floresta de pedra, Mr. London.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Blues do abandono



Esta madrugada após o Natal foi uma madrugada blues
madrugada endiabrada, vida atribulada
tava pra um Robert Johnson tomando uisque com estrecnina
estou para além dos maniqueísmos de bem e mal
deus e o diabo, mas confesso que o diabo é mais real
porque a safadeza predomina no mundo, a maldade é palpável
Fui abandonado por deus (se é que alguma vez ele realmente existiu)
ele nunca me acompanhou, sempre foi um pai ausente
suspendo o juízo em relação a estas questões
meu ceticismo, meu agnosticismo impede uma fé ou crença
prefiro escutar a Volta do boêmio do Nelson Gonçalves ou Um velho ateu do Gudin
não preciso de nenhum consolo metafísico para provar minha existência
consolos são para fracos ou pra quem quer algo no rabo
Aguento a barra sozinho, enfrento tudo de cara
Ontem passei no largo da Batata
estava a maior fuzarca nos risca facas, carro de polícia
Num canto da obra do metrô uma negona (ou seria um negão?) chupava o pau de um cara
Coloquei uma ficha na Jukebox daquele bar pra ouvir Belchior
Nenhuma marca de batom, estava solitário pacas
só a mesma lua crescente sobre o prédio, não havia o Maurão dos hot-dogs
a louca de cabelos brancos também não resmungou sob minha janela
nem os curiangos e os morcegos ficaram pra falar comigo
só se ouviam meus passos pelas ruas escuras e cheias de árvores
o gato filósofo Benjamin foi o único a me esperar no portão
Cantei como o Martinho da Vila na jukebox pra minha nega
vem logo curar seu nego que chegou de porre lá da boemia
agora posso dormir em paz

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Jogos de moleques


Foto de Mai 1989, de alguma festinha, pois estávamos vestidos um pouco melhor - Direita pra esquerda: Jefferson, Pinico, Jorge, Fábio, eu, (os debaixo, que me deixavam apanhar sozinho: Fabinho, Carlitos e Douglas)

 
Nós éramos o terror da vizinhança. As velhas senhoras e senhores nos odiavam, tratavam-nos como moleques desordeiros, na rua aprotávamos de montão. Havia um portuga de meia idade, este era o mais mal humorado. Certa vez ele pegou a bola de capotão com que tirávamos nossos rachas e deu uma bica pra bem longe. Só por causa de nossa inocência e ingenuidade. Ela várias vezes batia nos portões das casas, pra raiva de muitos, pois os portões eram nossas traves e gols. Geralmente os nervosos conosco eram os que menos se socializavam nas festas de rua que costumávamos fazer, festas juninas.

Todas as questões da rua eram resolvidas nela própria. As divididas das peladas de futebol, as pernas que torci ou quebrei, os arranhões, machucados, levávamos para nossa casa. Mas todas as brigas ficavam lá, e logo estávamos conversando novamente. Cuzão era quem a mãe intervinha ou quem ia contar. O dedo duro levava umas coças e era tirado ainda se contasse sobre alguma arte que aprontássemos. Como a vez que um colega subiu num telhado de amianto de um vizinho pra apanhar uma bola e acabou despencando junto com um pedaço da telha. Todos ficaram com as bocas costuradas. Era uma cumplicidade de ferro no crime.

Às vezes, jogávamos também taco. colocávamos umas latas de óleo ou armações de madeira, as bases, e jogávamos com uma bolinha de borracha. Ganhava quem mandava a bola pro inferno e corria até a base do inimigo algumas vezes. Era tudo tão inocente, desde as brincadeiras de esconde-esconde pela rua de baixo, em um caminhão sempre estacionado por ali, na esquina. Apanhávamos algumas goiabas no terreno da petrobrás, uns terrenos baldios que propiciavam alguma fuga ou alguns moleques corriam riscos, como o fabinho japonês, que foi perseguido por um tarado com a benga na mão. Brincávamos de mãe da rua, cada macaco no seu galho na frente de casa. Muitas gurias eram nossas paixões, pelo que aprontávamos, e também gostávamos de umas pencas.

Éramos as gangues das ruas, formávamos e deixávamos nossas marcas e sinais nas paredes das redondezas. Encontrávamos para festinhas e bailes noturnos. Só até alguns dedo-duros nos estregarem e cortarem nosso barato.


Foto na Cachoeira das Emas, Pirassununga-SP

Os mergulhos na lagoa azul também eram apenas para aqueles que eram durões, que tinham culhões de pular. Sempre fui dividido entre o urbano e o rural até certa idade, meus tios maternos ensinaram-me brincadeiras, como armar arapucas, rodar pião, jogar bolinhas de gude no quintal do meu avô. E também ensinaram-me a nadar na Cachoeira das Emas, na cidade vizinha de Pirassununga-SP. Na cidade grande eu também me aventurava com carros de rolimã na descida, pipas, entre outras bicicletas mais urbanas.

Mas nadar era algo ligado ao rural. Sempre curti mais nadar em lagoas, açudes, rios ou mar do que em piscinas. Sempre foi mais excitante e arriscado, dai eu curtir mais. No caso do lago azul em Casa Branca, eu tinha maior coragem pra encarar os pulos do altão. Haviam três níveis: o razinho, o médio e o altão. Só valia todo esforço de ralar pra chegar lá de bicicletas se fosse para pular do altão, ouvir o zunido do próprio corpo caindo pelo ar até se espatifar no poço de água lá no fundo. outra coisa doida eram as escaladas e o jogo de equilibrista por paredes finíssimas das boçorocas. O menor vacilo, levaria ao chão, ao hospital, ou quem sabe, à morte. Era muito sangue frio e cabeça fresca. Só para os mais loucos.

Poema de Natal



Jogo garrafas ao mar mandando telegramas telepáticos às musas e deusas que amo
Enquanto espero a chapa esquentar no boteco da esquina
o fio do cortador de frios está cego
enquanto homens bebem em suas casas
procuro pelo último lugar aberto
São cinco e meia da manhã
estou batendo no supermercado
procurando pela última cerveja
Um cachorro latia deseperado
Para a lua minguante amarela no alto de um prédio
no início da noite retrasada
O gato Benjamin, vadio e filósofo,
esperava no portão ronronando e roçando nas minhas pernas
esmaguei uma barata no corredor ao chegar em casa
elas ficam ouriçadas com o calor
sobem pelos ralos até o terceiro andar
Vejo um velho tomar sua cerva na porta do bar
escolho aleatoriamente os anúncios do orelhão
procuro umas coxas boas de uma dançarina stripper
Telefono para o além, em vão, ninguém atende
Não consigo nem socar uma punheta, a casa tá cheia
Lanço uns caramelos e dadinhos
pros moleques artistas de circo dos semáforos
Os paulistanos se embasbacam vendo os enfeites da Avenida Paulista
os banqueiros usam o dinheiro que parasitam deles próprios
enquanto uma família inteira na sarjeta da Teodoro não terá perú na ceia de natal
não porque podem escolher não querer, mas porque não têm nada
A chuva do mormaço corta mais ainda o coração vadio
No meu coração de poeta vagabundo ainda cabe você
Passarei meu natal com as vadias, os bêbados, os mendigos
as prostitutas, os desajustados, o Condicionado,
a louca de cabelos brancos das vilas das irmãs
discute e briga sozinha sob a minha janela
eles são a minha verdadeira família

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

domingo, 20 de dezembro de 2009

O diabo, o Blues e o rock and roll




Desconfio de todos os doidões e dos professorais
Dos falsos profetas e pessimistas
prenunciadores do fim do mundo
Os que falam do degelo das calotas polares
e da subida do nível do mar
os pobres são fodidos e sempre souberam disso
Desconfio daqueles que me dizem que não posso
comer isso ou aquilo, que terei infarto
que não posso fumar, beber ou me drogar
bem como daqueles que dizem que isto é pecado
Há outras drogas no mundo
como a propaganda e a publicidade
estas lícitas e aprovadas
que me enchem o saco todos os dias no rádio
e com panfletos nas ruas
nunca comprei livros de auto-ajuda
não assisto a seus programas de TV
muito menos chorarei sobre suas bíblias
ou livros sagrados

*

Enquanto pastores babam, vociferam suas pregações
ou realizam suas danças carismáticas e pentecostais
Eu escuto um blues no meu quarto
Blue Öyster Cult ou Led Zeppelin
Aprendi faz tempo que os bluesman e rockers
tinham coisa com o Tinhoso e não com Deus
ele é mais engraçado e divertido
o demônio não é tão feio como o pintam os cristãos
na verdade, é só mais um guia como os outros
quem tem um bom daimon, tem um guia
ter um guia como o diabo, o blues e o rock and roll
passou a ser uma perspectiva interessante
não a da culpa, a do pecado, da caretice
do Deus vingativo e punitivo dos cristãos
mas o da experiência e da vivência
dos sentidos,
do toque

Trechos em Minas



Os caronas nunca desanimam frente às dificuldades. Certa vez, nos metemos numa viagem, ela passava pela Fernão Dias, e o mais curioso foi que fomos com um casal de amigos, a Bibiana e o Alexandre, e tinha também o seu bebê. Cortamos os pedágios pela Fernão dias, até o Circuito das Águas e adentramos o das malhas, em Jacutinga, e já em minas chegamos em Ouro Fino, Monte Sião, entre outras da região. A viagem era só regada a alambiques e doses de pinga, estrada de terra, sendo que uma delas era um barro só molhado que o carro quase atolava e deslizava o fiatinho véio de guerra.
Aquele pedaço de Minas Gerais ficava bonito à noite, era uma céu estrelado em Guaranésia e em Muzambinho, em Guaxupé, mas a viagem já tava se prolongando a beça, por meio do mato e pela estrada de terra. O guri até deu um vomitão no banco de trás, pra entrar pra galeria dos vomitões. Quando chegamos a Passos de Minas, resolvemos dar uma espichada. Lá era bom que só vendo, muitas mineiras bonitas fazendo bico de garçonete nas férias da faculdade, muita prosa no bar da cidade central, que resolvemos ficar por ali mesmo numa pensão e tomar uma. Na manhã seguinte, faríamos com o casal o resto da viagem até o Vale do Céu, em São João Batista do Glória.
O Glória é um lugar muito bonito, com um poço para mergulhar, dar uns pulos e sentir calafrio na barriga. A Distância até a queda na água é considerável. É de fato um vale próximo do céu. Na virada do ano, passamos com o garrafão de vinho e fizemos arroz com a água da cachoeira, e abrimos umas feiju em latas. Foi a melhor virada dos últimos anos. Cedo eles preparavam um pão de queijo muito gostoso naquele barzinho do dono das terras, que servia o café da manhã.

*

Houve certa ocasião que corri um trecho solitário até Carrancas. Desci em Lavras, e o resto foi ou na bota ou em caronas. Lavras à noite é muito bonita, uma noite tranquila, com aquele cheiro de mato molhado e de chuva no ar. Eu estava partido para encontrar uns camaradas acampados em Carrancas, uma cidade minúscula, mas rodeada por mais de duzentas cachoeiras que tentamos ir na bota, mas algumas, só de carona mesmo. A partir de Lavras, peguei a estrada a pé, aquela que vai dar em São João del Rei. A estrada estava escura. Consegui uma carona até de manhã, para entrar na porta da vila que dava para o único ônibus pra Carrancas. Chegando lá, eu topo logo pela manhã com um casal de amigos. O ônibus já tinha partido. Pegamos a estrada, que era muito bonita, de pedregulhos e areia batida. Foi muito bom encontrar com um senhor, uma figura. Ele dirigia uma brasília que não tinha freios, mas como estavamos mangueando e ficamos sabendo depois que estávamos dentro, isto não tinha muita importância. Só na hora da Serra que a coisa complicaria. O importante foi chegar lá e assar um pouco até despelar em Carrancas, curtindo as cachoeiras e a noite da cidade.

*

O busão que me levaria até Ouro Preto viajaria à noite. Levei minha garrafinha de cachaça, um livro do Bakunin e outro do Reich na mochila pra me distrair em alguns momentos. Logo pela manhã, eu chegava na terra dos arcadistas, de Dirceu, de Gonzaga, regado a pingas amarelinhas de alambique e muito Aleijadinho e Atayde na visão. Foi uma curtição solitária, de andar por todas aquelas igrejas barrocas, cheias de ouro. À noite eu subia até a igreja mais alta com meu copo de pinguinha de alambique, ficava degustando a paisagem e reparando na névoa que caia sobre a cidade. Conheci de tudo mesmo, até as pensões, comia tutu, bisteca de porco, couve, que conseguia nuns lugares baratos. Eu fui até Mariana, naquela Igreja do órgão, aquela que pegou fogo.
Tive de ir até Belorizonte para poder voltar pro interior de São Paulo, até são Sebastião do Paraíso. Tive como companheiro de conversa de funão de ônibusum rapaz mais novo, ele foi conversando sobre os livros e sobre a guria que ele também tinha deixado lá, daí a razão de sua partida. A minha estava esperando para depois por fim às coisas, e pra eu depois tomar um porre daqueles. A viagem era longa, a noite inteira pra cruzar as Minas Gerais, passando pela represa de Furnas a noite, cheia de luzes e descidas.
Eu ainda teria que dormir naquela rodoviária de São Sebastião até de manhã, não tinha mais ônibus e nem movimento, mais nada, a não ser um pedaço de merda no chão da sala de espera que alguém deixou ali propositalmente. Dormi cabreiro, um olho aberto outro fechado, temendo aprontarem alguma comigo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Derrotados, surrados, vencidos e banidos
É assim que estamos
mas jamais nos rendemos ou nos vendemos
Rifados e até batidos estamos
Quando os esquerdas nos chamaram
para suas reuniões pró-forma
desconfiei que só queriam nos usar
Preferi desta vez ficar em casa a ver
Pela décima milésima vez
A crônica do amor louco em que estou metido
Encarando os olhos no escuro e
sentindo as coxas da minha Ornella Mutti
Com minha cara de bebum alegre regado à cervas
A dor e a agonia do Gazarra transformadas em lirismo
Tinha muito mais sentimento e sinceridade
que os pequenos burgueses dito esquerdistas
Mandei-os todos para o espaço, assim como o coletivo
estes ditos comunistas e socialistas de araque
Os mesmos que nos deixaram na mão, e nos foderam legal
Muita gente usa símbolos e rótulos de fachada
no fundo só pensam no seu umbigo e na sua conta bancária
tiram o seu da reta quando o pau tá comendo solto
deixam os trabalhadores se foderem sozinhos

sábado, 5 de dezembro de 2009

É preciso estar atento pra não ser fisgado

É preciso estar atento para o conselho dado
primeiro pelo Baudelaire, repetido depois pelo Drummond
de que é preciso estar sempre bêbado
"Embriagai-vos" de vinho e de narcóticos
a embriaguês varia conforme o que se ingere
Pode ser a embriaguês do tesão ou da tara
Pode ser um baseado mal bolado,
repartido entre um homem e uma mulher
na maioria das vezes um dreher sem gelo
uma maria mole ou dividimos uma caipira
Sempre são as melhores pedidas
acompanhadas por umas cervas
pra cortar e contrabalancear com o quente
Numa dessas bebedeiras de narcóticos
Trombou com uma cabrocha nordestina,
verdadeira baiana de Paulo Afonso
uma criatura divina, ainda que diabólica
essa moça derrubou a porra da seriedade
deixou na maior da loucura de um lobo tarado
quando viu seu olhar agateado
as carnes duras e macias de suas coxas
como um caju e com micropelos de um pêssego
descendo em um ferro de um modo provocante
Dançava feito uma diva doidivana
Provou da sua carne, mais parecia
moqueca de caranguejo, de lagosta ou de camarão
carne de fruto do mar, gosto do sal do mar
Ficou maluco de tesão, pirou o cabeção
ficou de pica dura, gozava nas cuecas todo dia
Da sua barriguinha magra saltava um piercing no umbigo
O sorriso revela seu pequenos dentes de romãs
o suor e a lubrificação do sexo lembravam o dendê
que baianas da praia do rio vermelho fritam seus acarajés
Uma velha cigana leu a mão em Itaparica
falou sobre o destino e pediu em troca uns trocado
ralhando, dizendo pra não brincar com o destino
Ele é que anda pregando peças a doidado no coração vadio
Bahia, encontrou a cocada, o docinho de coco queimado
morena, sertaneza, arredia
deixa qualquer caboclo tesudo
cheio de amor bandido, amor de pica
amor de tesão e de paixão, de picadura



“Há uma famosa lei da física que diz que um corpo tem que ocupar um lugar no espaço”.
O condicionado, filósofo da professor Fonseca Rodrigues, Pinheiros

Alguém pode enlouquecer pela noite de paixão
perder as estribeiras por causa de uma pequena
alguém pode endoidecer e perder o rumo
alguém pode se foder legal por ai
E esse alguém pode ser eu
Como disse o Carlos Careqa, enquanto esperava pelo Tom
tentação, eu não resisto
Enquanto tento dormir ou estou sem sono
tomando uma caninha pra espantar o frio
e pra ele, o sono, chegar
a velha atriz de cabelos brancos, a louca senhora
peregrina, ambulante com suas coisas
perambula pela Vila Madalena, Ida ou Beatriz
discutindo com seus parceiros invisíveis
gritando alto na rua seu impropérios
Pode ser também o velho senhor Raimundo, o condicionado
embaixo de seus cobertores, sua casa, escrevendo seus manuscritos
improvisada sobre árvores da Professor Fonseca Rodrigues
escrevendo seus pensamentos em francês e outras línguas
enquanto passa uma limusine ao seu lado
não é de brincadeirinha passageira
Não é como está escrito nos livros
A psiquiatria e o aparato policial
escravizam o seu ser, seu corpo
que tem que continuar a ocupar um lugar
no espaço

Escola sem mestre e professor



Passou já a pauleira das eleições sindicais, aguentamos os estresses de alguns pequenos ditadores com tons professorais, a simpatia de uma grande parte, errar, erramos, e os de cima erraram mais ainda do que nós, nós conseguimos um bocado de coisas com nossas próprias pernas, lábia e convencimento. Mais estropiados, mais fodidos, mais duros, porém, se você entra numa briga, tem que sair com os olhos roxos, alguns arranhões, cicatrizes e sangue. Do contrário, não aprende nada, não brigou, não teve graça.

O nosso pessoal tá legal, nossa galerinha de professores tá mais entrosada possível, tamo mandando ver, crescemos bastante, um dia ainda chegamos lá e vamos fazer a diferença. Amanhã ainda apuraremos e veremos o saldo. Quem sabe depois ainda eu darei um rolê para ver a vanguarda de Lira, quem sabe o que será daqui pra frente, posso até ver o Hughes pra desbaratinar daqui uns dias, ele virá aqui em Pinheiros também.

Passado o cansaço, penso como é bom correr o risco, como é bom ousar fazer as coisas, não são todos que passam por esta lição e por esta escola. O legal e o importante é que está crescendo, o que aprendemos, não há aprendizes nem professores nesta escola, ninguém é mais que ninguém, mas a experiência e o aprendizado, se meditado, fazem uma enorme diferença nessa coisa.

É que meu velho tentou ensinar-me matemática de uma forma que não entrava na minha cabeça de forma alguma, na marra, na mesa da cozinha, após a janta que minha velhinha preparava carinhosamente para nós.E eu não digeria bem as lições da marra do meu velho pai, com seus cigarros, pós de guaraná e milhares de ídolos, deuses e falsos profetas que ele se apegava para acalmar seu estresse e sua profunda depressão.

Eu aprendi a matemática na paulada, fazendo as contas com a política, no sindicato, para fazer e aprender a definir qual é a melhor estratégia para dar o rumo. E isso faz uma grande diferença, o aprender na prática, e como disse o cantor, as cacetadas desses anos todos me deixou mais velho que meu velho pai. Só assim para tornar-me uma puta véia da política. Ainda bem que não segui o caminho que meu véio queria para minha pessoa, eu mesmo fiz meu caminho e fui meu próprio mestre.

domingo, 29 de novembro de 2009

Nada que um blues e a chuva não possam resolver



No meio da pauleira de uma eleição sindical, em que somos triturados e esmagados por rolos compressores, ficamos cheios de dívidas, mas sem arregar do pau, um Domingo com chuva e um bom Blues são um bom remédio para um homem. Ainda mais se em boa companhia e cercado de velhos amigos, no lugar onde Dom Pedro, quando estava com caganeira, dizem os livros mentirosos de história, proclamou a independência do Brasil.

É bom sentir-se feito um pinto molhado, debaixo de uma chuva e sol, depois um arco-iris e a lua já aparecendo, ao som de um Buddy Guy arregaçando Right Sally, Hoochie Koochie Man ou mesmo um Hendrix e Clapton com uma chuva pra esfriar minha cabeça. Só blues mesmo e o rock para salvar a alma e tirar as preocupações da cabeça.



Eu estava reparando a incrível semelhança dos temas presentes nas modas caipiras de violas e o blues. Tudo começou no meio rural, com as canções de trabalho. As modas tem finais trágicos, o menino que morre atropelado pela boiada, a mula preta que morre, o pai abandonado. No blues também, bluseiros assassinados pelos maridos traídos. Pactos com o tinhoso. Nada de modas ou ecletismos, apenas escuto modas de viola desde moleque, por escutar. É que minha mãe foi criada na roça, com meu véio avô lavrador, o Augusto, o primeiro, ao menos, o original, que cantava quado eu era pequeno, e depois quando ele morreu peguei o costume de vê-la ouvindo seu radinho, desde cedo, quando fazia o café, as mais antigas modas, como a da mula preta, do chico mineiro, do menino da porteira, das duas caveiras que se amavam, das irmãs galvão, entre outros tantos, que fazem dois anos que baixei umas músicas e montei dois ou três cedês com música caipira, fiz cópias e dei pra minha velhinha, e escuto até furar. E torno a frisar: como é semelhante a um bom blues.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Kamikaze



Sou mais um pistoleiro do que um poeta
não tenho tempo para profundezas da alma
sigo a vida dando tiros
À sangue frio, à palo seco
sou um franco atirador, pistoleiro
lançador de coquetéis molotov
Não tenho tempo para o feeling
o meu feeling é o fio da navalha
que faz minha barba mal feita
E as convocações da Justiça pelos engabelamentos que já fiz
só nesses tempos foram duas enrascadas
que chegarm na minha goma pra me infernizar
sempre a Ordem e A Justiça de mãos dadas com a Lei
prontas pra surrupiar a grana que nem tenho
Daí você vem me falar em sentimento?
Nem me venha com histórias
sou um fora-da-lei, um bandido de verdade
se eu tivesse uma vida certa, regrada
muita grana e fosse um bon vivant
comendo caviar ou tomando champagne francês
ainda poderias dizer qualquer coisa
mas ando no fio da navalha, baby
lutando contra dragões nada imaginários
e tratores de esteiras prontos para me esmagar
minha única diversão é junto minhas primas pistoleiras
fumando uns becks regados à conhaque
Dando uns tiros numa noite perdida
qualquer dessas, por ai

sábado, 14 de novembro de 2009

Crise existencial? não tenho tempo



Quando escuto alguém falar em uma situação de crise existencial, de depressão, eu recomendo que vá lavar umas roupas sujas, ou louças sujas, que passa rapidinho.

Pois isso é coisa para gente frescurenta, que tem tempo para estas coisas. Eu não tenho tempo para isto, é só dar umas esfregadas nas minhas cuecas, para ver o trampo que dá, que rapidinho passa.

Geralmente quem escreve estes clichês ignora o que foi a profundidade da Náusea, da angústia Sartreana; ou do absurdo de Camus, ou ainda de Kafka e Soren Kierkgaard e seu desepero. Depois deles, ninguém mais conseguiu traduzir isto, só que eles colocavam em situação, não ficavam embromando.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Resenha de Deus e o diabo apresentado no cineclube dos professores de Osasco



Deus e o diabo na terra de Glauber:um transe barroco na terra do sol.

I. Introdução

Deus e o diabo, o maniqueísmo, a dualidade de um Deus negro, Sebastião, e um Daibo loiro, corisco. Já expressa no título uma referência aos poetas paulistas (porque São Paulo é terra de ninguém), Jorge Mautner, filho de um judeu austpiaco e de um padrasto alemão, imigrado ele próprio, escrevera em 1962 o livro “Deus da Chuva e da Morte”, citado posteriormente por Caetano na própria “Sampa”.
O filme de Glauber é o barroco, com suas imagens dialéticas À la eiseinstein, do discurso revolucionário, mesmo com uma distância de mais de 40 anos e tiradas da nouvelle vague francesa. Há toda uma ética na estética de Glauber, uma repulsa À violência da opressão social, pela justiça social. Glauber estetiza o Sertão nordestino do Brasil, traduz para o cinema a linguagem do cordel, do Brasil do Sol, de beatos e cangaceiros, do Sertão x Mar, de Deus x Diabo, lavradores e latifundiários.
Não é possível ignorar a crítica social e conjuntural imanentes a este filme. O filme é herdeiro do cinema novo, gerado na década de 1950, da Revolução cultural da Bossa nova, do concretismo, das Artes, da Tropicália, e foi lançado no ano da contra-revolução, do golpe Militar de Abril de 1964, em meio à tensão social e da ditadura militar. Como já fora citado sobre o movimento que o gerou, o cinema novo, que rompe com uma estética hollywoodiana, de orçamentos caros, as referências são filmes como “O cangaceiro”, de Lira Barreto, 1953, que influenciam Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, o próprio Glauber, apoiados no cinema eiseinsteineano, na nouvelle vague, no neo-realismo italiano, contando com poucos recursos e pouco orçamento – uma câmera na mão, uma idéia na cabeça” para revolucionar as artes brasileiras, fazer a crítica da realidade social do país, o que parece ser retomado no último cinema brasileiro, com a mesma miséria cultural doutrora
O filme contém basicamente três partes, podendo ser esquematicamente desse modo compreendido como uma referência aos Canudos de Euclides da Cunha e ao Cangaço: O sol, o homem: a morte cotidiana de um vaqueiro Manuel (1a parte) a terra de Deus: Deus preto: beatos, padres, critica aos dogmas das “Igrejas” (2a parte); e a Luta: o diabo, Corisco: o cangaço (3a parte).
II: O homem da Terra do sol

O filme enfoca o Plano do Sertão nordestino um modo de produção para lá de rústico: a produção agrícola, artesanal e manual de milho, mandioca, de subsistência e de manufaturas.A questão fundiária ou agrária é o enfoque central do filme. Há cenas riquíssimas que indicam isto: o céu de poucas nuvens e o chão seco; Manuel olha para a rês morta no chão, SUA ESPOSA MOENDO O MILHO.
Todas as imagens mostram um Brasil subdesenvolvido, uma Colônia do Sul, dos impérios, a dependência da chuva, as condições climáticas, da exploração do latifúndio. Manuel é um personagem, o vaqueiro, que individualiza seus problemas, pensando que podem se resolver na esfera privada. Já sua esposa, rosa, traz o Marido Manuel de seus delírios para a realidade concreta, para a condição de explorados que são. Rosa parece encarnar a primeira pessoa, o narrador-Glauber, críticos das condições de vida dos proletários, lumpen e camponeses pobres, bem como de todos políticos sectários e utopistas de esquerda e direita.
Ha uma cena extremamente dialética a la eiseinstein, que expressa a luta de classes entre vaqueiros e latifundiários Moraes (o Senhor) passa a chicotear Manoel o vaqueiro (o Escravo, o trabalhador), devido este ter perdido doze cabeças de rês pelas condições climáticas, da seca do sertão. Há uma luta entre forte e fraco, e Glauber mostra a alienação do proletário, que é maioria na sociedade, tem as melhores armas, mas é persuadido pelo patrão (facão contra chicote). Nesta luta dialética À la Hegel entre o Senhor e o Escravo, o Escravo vence, mas é obrigado a fugir, para não ser preso. E foge para companhia do beato Deus negro Sebastião e seu reino e igreja invisível.

III A terra do céu

Nesta parte, observaremos uma crítica tanto a corrupção e o egoísmo da direita, ao poder burguês, bem como À incompetência da esquerda em transformar e apresentar projeto alternativo ao país. Sebastião, que é apresentado com as Magnitudes afetivas de Villa-Lobos, é a réplica do Conselheiro e Manuel do povo de canudos, que acha ter encontyrado a salvação no Monte Belo.
Rosa, Yoná Magalhães, que é a voz da conciêncoia glauberiana no filme, é a luta contra a alienação dogmática e a pregação religiosa. Sebastião é como Antônio conselheiro, um pregador “populista” que acreditou viver à marge da República e da Igreja Católica, realizando um discurso sobre o poder divino de que o sertão viraria mar e o mar viraria sertão, ou seja, transformaria as relações sociais do sErtão, transformaria a aridez em fertilidade, conseguindo levar consigo um séqüito de pobres, convencidos de que há um lugar, uma utopia, em que não há desigualdades de classe, contrário ao latifúndio, e que este local é o invisível, por que está “dentro das pessoas”. Nesta passagem encontra-se a crítica glauberiana às três posturas: às esquerdas dogmáticas, prepotentes; À direita individualista, egoísta (Gigante da Maldade, República e Imperialismo) e ao público alienado igualmente explorado, que não se reconhece com e como explorados e farrapos humanos. Glauber avisa que não há saídas fáceis, simplista e milagrosas. Suas lições são válidas e muito úteis para a conjuntura atual.
A cena da contradição da pregação moralista do Deus negro como Sacrifico produz mais uma claridade de Rosa, o Glauber no filme, para provar o dogmatismo do beato, em querer matar um inocente, enrola-lo e apunhala-lo ( a cena da cruz e da espada são emblemáticas). Manuel vai percebendo-se explorado, carregando pedras e realizar provas sacrifíciaos que não condizem com uma utopia de uma sociedade emancipadora. Rosa apunhala o beato para provar a Manuel que está no caminho errado, um Deus maligno, diabólico, que mata inocentes para seus objetivos e para convencer e arrastar consigo uma legião de anjos guerreiros. Assemelha-se à uma crítica de a todos totalitarismos, inclusive o de esquerda à la paredon, desumano e antihumanista.
Por fim, nova fuga de Manuel e rosa, desta vez com o massacre do povo de Sebastião, do Sebastianismo do Sertão que virá mar, opostos ao Sebastianismo português, que o povo espera voltar do mar à terra. O matador é Antônio das mortes, personagem que reaparecerá no filme “Dragão da Maldade contra o santo guerreiro”. O personagem, um capataz, que mata o povo santo cobrando caro, com medo do castigo divino. Antônio das Mortes é um capataz, um mercenário, lacaio do imperialismo, capitão do mato, encarregado pelos latifundiários a por fim na imaginária canudos e todos os pobres e bandidos cangaceiros do Sertão. No filme “Dragão da Maldade”, Antônio das mortes adquirirá consciÊncia de classe e perceberá como errou até então, servido ao latifúndio e ao Dragão da maldade do imperialismo, passando a lutar ao lado dos oprimidos.
IV A luta: batalha do diabo vingador

Por fim, aos moldes dos Sertões de Euclides da cunha, o homem, ou melhor, os homens, as classes lutam em guerrilhas, demonstrando a impossibilidade de saídas individuais para problemas coletivos. Nesta cena, o cego cantador leva Antônio das Mortes ao Diabo lorio Corisco. A curiosidade é que o Diabo, figura maldita pelos cristãos, aqui é apresentado como um bandido cangaceiro no sertão, branco, em oposição ao Deus-santo negro, Sebastião.Ao som do Cantor Sérgio Ricardo, autor da música do filme, lutam ambos, Antônio das Mortes e o cangaceiro Corisco, luta que termina com a morte deste.
Nova crítica de Glauber à políticas e políticos de esquerda e direita, que devem governar pensando no bem comum, e não na corrupção, a sua “cegueira lança todos ao covil das feras.a Direita, ignomínia, ignorante, egocêntrica, “cega”; a “esquerda” são cegos, pois não vem a saída, são etapistas como o PCB que aliou-se À burguesia nacional: sendo o inferno um local cheio de boas “intenções”, estes seriam “aliados, e não capachos na luta contra o dragão da maldade do imperialismo. Nesta última parte, Corisco, um diabo, faz as vezes de um beato que discursa contra o demônio do latifúndio e da pobreza, da ignorância do sertão: o Gigante da maldade, inimigo do povo, o imperialismo. O filme contém propriedades únicas sobre a revolução e a contra-revolução em curso, qualitativo, profundo, radical, sem ser panfletário. Após o assassinato do diabo Corisco e suas cabezas cortadas, a música propõe a dialética entre o sertão e o mar, Deuz e o diabo, e Manuel e Rosa correm em direção ao mar.

V Conclusão

Glauber Rocha encerra o filme deixando-nos sem respostas, interrompendo em um momento enigmático, colocando o problema a todos. Por que Manuel não voltou e acode Rosa, quando esta caiu? Por que o filme não termina com a chegada de Manuel e Rosa ao Litoral? Rocha prefere deixar as questões em aberto, reafirmando que não existem saídas fáceis para o Brasil, e criando um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos, filme que traz a história de literatura de cordel e um filme barroco, dualista, entre deus e o diabo, o Sertão e o Mar, em que reinam os vaqueiros, os cangaceiros, beatos e matadores.

Professor Celso Augusto Torrano (EE Profa Alice Velho Teixeira/CENEART)

Muito barulho por nada


O caso da estudante da Uniban, Geisy, de SBC, me fez pensar seriamente em deixar este estado. Tô pensando ir lá para a roça ou pro Nordeste pois penso que há mais pessoas evoluidas e com menos hipocrisia. Ao menos tem votado corretamente nas últimas eleições (e não tem nos ferrado como esse Kassamba, que, dentre outras coisas, acabou com a isenção de IPTU), e também curtem música boa. E eu quando eu andar pela rua, certamente não matarei ninguém, como diz uma revista numa banca de jornal dizendo-me "Quem cheira, mata!"

Pois não é este estado que mantém em sua capital a lei do psiu, que fecha bares a partir das 1h, a lei anti-boates, que andou fechando casas noturnas no ano passado, a lei anti-fumo, quem cheira, mata e toda a sorte de proibições. Agora também temos a TFP (Tradição, Família e Propriedade) para universitários, no caso de uma estudante vestir uma saia justa ou curta? Chegaram até a expulsá-la, depois, voltaram atrás.

E qual o problema? No meu tempo, todos achariam é bom, não fariam escândalo, muito menos a turba furiosa não se reuniria para linchá-la ou estuprá-la. Muito pelo contrário, ficariam apreciando, comendo quieto; se desse para ver a perseguida ou a priquita então, ai que ficariam mais quietos ainda, para poder desfrutar sem perder a graça da brincadeira. Esse mundo tá é ficando careta demais.

Consciente ou inconscientemente, acabaram dando alguns minutos de fama, ou quem sabe, até mais, pois ela pode sair na próxima revista pornô, Playboy, Sexy, Trip, ou quem sabe ser convidada para o próximo Big Brother?

E daí, quel é o problema? só se for o dela, pra mim é um colírio para meus olhos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Prefiro ser sátiro a ser santo" Friedrich Nietzsche



Eu poso de santo tirando uma onda
mas sou o mais malandro, o cínico,
aquele que disfarça
o cara de pau, o que come quieto
na minha mineirice
Faço, fuço e forço
Tenho a coragem
de atirar para todos os lados
posando de santo
mas sendo o maior sátiro

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Umas do Escher antes de eu sumir por aqui




Esfera refletora


Relatividade


Côncavo e convexo


Queda d´água


Ar e água


Dia e noite


Infinito



I love the dead



Estava escutando a fitinha K7 da Tia Alice, o "Billion Dollar Babies". Tenho esta fita e escuto faz uns 17 anos, 16 no mínimo, com certeza, pois foi gravei de um vinil de um colega de escola, o Fábio, entre 1992 ou 1993. E ela continua inteiraça do mesmo jeito: olha que é uma Basf daquelas antigonas, dos anos 1970 ou inícios dos 80. E o legal é que eu pude conferir a tia Alice núma época em que as apresentações eram baratas pacas, e você via shows a rodo, bem diferente de hoje, que tem que penhorar as cuecas pra assitir alguma coisa que você curta. Para ver o Twisted sisters e o AC/DC, por exemplo, no mesmo mês, terei que fazer algum rolo. Confira o que pude ver ao vivo, mesmo dizendo que ama a morte. O curioso é que eu lembrei, ao escutar "I love the dead", a última faixa deste disco do Vincent Furnier e que hoje é feriado de finados. Coincidências a parte, não preciso dizer mais nada.

Filme Planeta terror: striper a go-go



Eu estava assistindo só por lazer, isso em Janeiro do ano passado, na casa de Manoel e Cleonice lá em Pitangui, num DVD do Tadeu, o primeiro filme da Série Planeta Terror. O Tarantino tá na parada, desta vez como ator, eu saco este cara desde o Cães de aluguel, o Pulp fiction (quem não se lembra de "Girl, you´ll be a woman", do Urge Overkill, que rola durante o filme, antes da overdose da guria?), desde mais ou menos 1995, 1996. Depois ainda mandou o Kill Bill, vingança pura na certa.

Logo na abertura do filme tem uma cena de uma dançarina de boate, a atriz Rose Mc Gowan, mandando bem no papel de uma dançarina a Go go. Ela tem implantada na sua perna uma metranca depois, para matar uns zumbis. Me surpreendi, pois não esperava por aquilo logo de cara, ainda mais com aquele som bizarro ao fundo de metais. É a minha preferida.


Estes caras manjam pacas, o mesmo cara que mandou o Sin City- Cidade do Pecado, do desenhista Frank Miller, que já mandou muito bem coisas como o 300 também.



Todos estes filmes de histórias em Quadrinhos que tem saido ultimamente são bons pacas, se eu me lembro de alguns, além desses, Constantine, V de vingança, dos irmãos Warshosky, o Hellboy, são fodões. Eu pelo menos curto bastante, pois conseguem contar uma boa história, são boas narrativas, por isso conseguem permanecer por um bom tempo na memória, sem tornarem-se obsoletas.



sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quando eu dou uma sumida de uns três dias por aqui, é que estou aprontando bastante. Pode ter certeza, eu sou mais um detonador, um armador, uma bomba prestes a explodir do que tenho talentos para escrevinhador.
E nossa gangue tem feito uns estragos bem legais, tem dado trabalho para os bem comportados e endinheirados. Estamos preocupando os poderosos.
Vamos para cima deles, fazer estragos, lutando contra grandes tratores e rolos compressores, embora essa vida seja de fato realmente um grande saco. Só quem é um bocado louco mesmo pra aturar e gostar.
Tô indo para o interior, em Catanduva-SP, amanhã, pra costurar, pra amarrar uma transação e depois voltarei, mas a noite.
E se prepara que eu darei uma sumida novamente esta semana, rodarei em Embu, Jandira, todos os dias. Só estarei disponível no próximo final de semana.
*
Hoje eu iria ajudar um companheiro, o Rítalo, mas furou tudo. Começou pela bomba d´água do fiatinho, que deu bucha. Tive que ir arrumar no Butantã, num chegado do meu pai, o Valderes, um alagoano muito gente boa, como o Rítalo. Os caras da mecânica são muito zoeiros, ficam falando das xotas, das mulheres, eu dei um toque para um deles que lá a proporção é de três para um. O sujeito irá para Uberlândia trampar por lá e gostou da informação.
Passando na avenida do São Domingos, eu vi um moleque que fazia uma cara que não via, o filho do dono de um boteco, um gordo palmeirense. Aquele moleque era um bocado folgado e parecia um porco gordo. Continua do mesmo jeito, deve enfiar o dedo no cú e cheirar.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Estamos quase no final do ano. As reposições estão acabando. Quanto mais trabalhamos, mais ficamos sem dinheiro. Duros, sem grana, fodidos e mal pagos.
Depois que fui dar um rolê no centro, comprar umas mídias de cd e dvd na Santa efigênia, passei pela liberdade, no glicério. Entrei num buteco pra tomar uma cerveja e uma caninha. Lá estão os bucaneiros. Eles julgam saber tudo sobre fórmula 1, sobre futebol e outras coisas. Com certeza é uma arte, eles sabem o que falam. Eu prefiro ficar com meus devaneios. Eles rodopiam, vão longe. Sentado, sorvendo o levedo de cerveja, intercalando com bicadas na cachaça. Procuro esquecer que estou duro, do contrário, acabaria metendo uma bala na cabeça ou tomaria veneno.
Mas seria arregar da briga. SEria como fugir da guerra, e eu não sou nem um pouco cuzão. E eu vejo passar as coxas de moças, tá calor pacas, e a grana da bagana tá acabando, e eu nem consigo mais me divertir.
Eu me arrebento, continuo insistindo, teimoso e marrudo que sou. E eu faço o jogo, pois sou um amarrador, um armador, aquele que negocia. Tenho ficado durango, isso tem me enchido o saco.

domingo, 25 de outubro de 2009

Fellinianas


Outro diretor cujos filmes são sempre uma boa pedida é o Federico Fellini. O cara que aprendeu com os mestre do Neo-realismo italiano, como Roberto Rosselini, do "Roma, cidade aberta" e Luchino Visconti, "Ladrões de Bicicleta". Curto filmes em branco e preto, como eles tinham bem menos recursos, como o Grifith, nos EUA, e usavam lentes coloridas, azul, vermelha, para dar tons diferentes, de acordo com a tensão e emoção do filme.
Voltando ao Fellini, seus primeiros filmes, como O Sheik Branco, sobre recém casados que se desencontram, A estrada da vida, em que mostram os atores do circo mambembe,entre eles sua esposa, Giulietta Masini, que manda muitíssimo bem neste filme, conseguiram introduzir o bom humor, a comédia e poesia ao realismo italiano. Sempre com aquela ingenuidade, como os Boas vidas, uns vagabundos que passam a vida na bebedeira, não se casam e sempre enrolam suas namoradas, ficam no carnaval eterno da vida.
O Fellini representou também a prostituição Nas noites de Cabíria, com a atriz-esposa Julietta Masini. Em outros filmes, o Fellini consegue colocar um toque de fantasia e de surrealismo, tais como o Julieta dos Espíritos, a sua versão para "Nunca aposte sua cabeça com o diabo", conto de Edgar Allan Poe, "As tentações de Santo Antão", que fez para o Boccacio, entre muitos outros.
Com certeza estou deixando muitos de fora, como Roma, Amacord, Os Palhaços, Oito e meio (aquela cena em que o homem chicoteia em torno, para as mulheres demoníacas que tentam possuí-lo), A doce Vida, neste em que aparece a cantora Nico e tem um bocado ainda mais, como os músicos grevistas do Ensaio de Orquestra, Cidade das mulheres, entre outros. O que mestre fez foi excelente, na maioria absoluta das vezes. Só vendo mesmo para falar, quem conhece, pode comprovar.

sábado, 24 de outubro de 2009

Eisensteineanas



Eu tava assitindo uns filmões do caramba, na verdade, reassitindo uma fita VHS e tirando as teias do vídeo-cassete. Curto muito a sacada do Eiseinstein, o cara soube utilizar uma câmara na mão, poucos recursos, os atores eram o próprio povo, e não havia muita frescura.
Por exemplo, a Greve, O encouraçado Potemkin, tudo começa com o motim, a rebelião por conta dos marinheiros que se recusaram a comer carne podre.
Tem uma sacada de uma cena, uma das mais famosas, a da escadaria de Odessa.
Eiseinstein fez filmes também como o Outubro, dez anos após a revolução de 1917 na Rússia, com os próprios soldados, camponeses e trabalhadores. Sem atores famosos, o ator era o próprio povo. Tá tudo lá nesta fita, estes três filmes.
Tem outros filmes menos conhecidos, mas que são muito bons, como Ivan, o terrível, o czar que conseguiu unificar a Rússia. Os atores deste filme, principalmente o Ivan, tem uma sacada teatral, o olhar do czar, e como representou o próprio Stalin, e este censurou o Eisenstei por isso. Alexander Nevski também, simbolizando o pacto entre Hitler e Stalin. Mas sempre utilizando-se de fatos históricos do passado da Rússia medieval e feudal.
O último filme, inacabado, só consegui faz tempo em VHS, o Que viva méxico!, é excelente, até a configuração da morte, as celebrações dos mexicanos, o documentário tratou. Os filmes de Eiseinstein tem imagens de chumbo, o preto e branco é mais denso, é mais pesado como a indústria soviética desenvolvendo-se à milhão em sua época.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Tiranossaurus rex


Nâo tô nem um pouco preocupado em ser tachado de dinossauro ou de nostálgico. Um verdadeiro tiranossaurus rex. Se é isso que se referem quando pensam me ofender, como comunista, socialista ou qualquer coisa do tipo, tô pouco me lixando. Eu não curto a antiguidade pela estética, mas sim pela durabilidade, pela longeividade e qualidade das coisas que eram feitas. Nostalgia pouca é bobagem. Sou um aquariano futurista com ascendente em Câncer, que olha para o passado, e é mais família. A própria contradição, metamorfose, dialética em pessoa. Um caceriano sem lar, diria o Raul.

Por exemplo, muitos sapatos duravam muito mais. Máquinas de lavar roupas, temos uma antigona, Às vezes trava, mas é só consertar. E o vídeo cassete então? Bem antigão, mas funciona melhor que o DVD. A minha vitrola é mais véia que eu, mas tá inteiraça e funciona muito bem.
Hoje as coisas são descartáveis. E também nem sou pela jogada fora do bebê com a água suja do banho de tudo que está ai. O lado do acesso foi inegávelmente superior, mas tem que se superar na longeividade. A questão principal é facilitar o acesso e manter qualidade.

Não sou nada retrô, nem um pouquinho avesso às vantagens que a tecnologia pode nos proporcionar, muito menos acredito na hipocrisia da pirataria, um jogo das multi só pra enganar otários. Do contrário, não teria baixado Moody Blues, Los Canarios, Banco del Mutuo Scorso, uma seleção de músicas caipiras que encheram 3 cds e dei uma para minha mãe e uma pá de outras coisas boas que em LP no mínimo dariam uns 200, 300 paus cada

Meu salário nem dá direito para o aluguel, contas, comida, minhas baganas e canas. Isso é falsa polêmica, bazófia pra quem quer encontrar pelo em ovo. Bora discutir conteúdo, quero discutir o recheio do bolo, não os acessórios.

Hoje vejo adultos infantilizados, desaprenderam como conversar, como numa música antiga do Sá, Rodrix e Guarabyra. A tendência é a infantilização e a bestialização geral da sociedade, pois assim nos querem. E também uma parafernália de coisas inúteis, mas que o fetiche promove como a última novidade, tais como um celular com foto, com rádio e TV.

Só não tem o que é mais básico: um saca-rolhas e um abridor de garrafas. Até os canivetes multifuncionais eram mais úteis. Mp3,4..., celulares e mais engenhocas, aparelhos eu vejo todo dia na mão da gurizada. Nem faço como a molecada geração zap na sala de aula, que precisam chupar cana e assoviar. Fazem lição, veem TV, com foe de ouvido e ainda falam n celulr ao esmo tempo. Dai os resulado que obtemos. Para absorver bem um livro, um filme ou um disco, o melhor é curtir um de cada vez, se você quer ir na raiz da coisas e não ficar só na superficie, papagaiando uma falsa consciência.

Eu vejo quais são os moleques mais desandados, os mais bandidinhos, que vão para a escola com a cara que irão tocar fogo no barraco, eu sei qual é a desses moleques. Não são os piores não, pois eles é que dão os ares da graça das coisas, mostram quão fuleiro é o futuro para os mesmos. Gosto dos perigoso,é com eles que me dou melhor. Serão os futros assaltants de bancos, terroristaa que roubam os ricos. Será mesmo? Ou ficarão roubando os pobres e trabalhadores?

E também vejo as meninas que virarão santas ou putas, e são sempre as mais pobres que pagam o pato. E depois tem gente que não sabe o que fala vir me dizer sobre futuro bem planejado... Futuro bem planejado uma merda, uma ova, se nem o presente conseguimos planejar, não sobra grana nem para a bagana.

Só se for um babaca mesmo, pois tudo ruiu depois da queda de Wall Street, seu crash foi a última bomba, a queda do muro de Berlim do mercado financeiro, que sempre se recicla, é uma fenix o capitalismo. No entanto, que não consegue desenrolar em algo diferente.

Estou curtindo Time of the Seasons, do The Zombies, lembrando do Stephen King, ele também é um dinossauro. E estou lembrando do último show do Zé Geraldo no dia 2 de Outubro, lá na Conferênia Nacional de Educação, etapa estadual de São Paulo, o Zé é um dinossauro por estar lá com os educadores. A cabeça dele é um ninho de sonhos, assim como a minha e a de alguns que estavam lá.

Classe mérdia



"no fundo a poesia de maior aceitação hoje em dia ocupa uma redoma de vidro, vistosa e escorregadia,e aquecida pelo sol ali dentro existe uma junção de palavras formando um todo meio metálico e desumano ou um ângulo semi-escondido. é uma poesia pra milionários e gordos desocupados, e portanto sempre conta com mecenas e sobrevive, pois o segredo consiste em reunir um bando de eleitos e o resto que se foda. mas é uma poesia sem vida, chatérrima, a tal ponto que a sua insipidez é interpretada como possuindo um significado oculto - o significado está oculto, evidentemente, e de maneira tão perfeita que é o mesmo que se não existisse. mas se VOCÊ não consegue descobri-lo, é por falta de alama, sensibilidade e não sei mais o que, portanto TRATE DE DESCOBRIR SENÂO VAI SE SENTIR HUMILHADO. e se por acaso não descobrir, então BICO CALADO." Charles Bukowski, Fabulário Geral do delírio cotidiano

A classe mérdia é farisaica. A classe vilipendiada, que se fode, paga imposto a doidado, alienada, massa de manobra, cai ora para a direita, ora para a esquerda. Flerta com os dois lados, mas acaba no colo da Direita sempre. Nunca consegue ter opinião própria, nem encabeçar algo por sua própria iniciativa, sempre nas mãos dos outros, como um inocente útil.

Nem curto esta alegação do Presidente Lula do crescimento da classe média. Claro que houve um crescimento objetivo, das condições econômicas. Mas nem por isso concordo que deixaram de ser classe trabalhadora. Esta é a disputa correta, tem que falar em classe que vive do trabalho, pra avançar na consciência. E não fazer com que esse povo tenha uma cabeça de burguês mais ainda.

Mesmo os hipster ou beats do nosso tempo também, mesmo com seu todo dandismo, não conseguem sair de um reles capitalismo, de juntar sua graninha, produzir mais-valia, o que quer que seja que vendam, seus artesanatos, livros, discos, cds, ou o que quer que sejam. E são uns puta de uns merda a organização enquanto categoria, individualistas que só pensam no seu, mas corporativos de merda quando e trata do clubinho do "cita que te cito", conforme expresão do Ulisses Tavares. É uma verdadeira panelinha, uma verdadeira fogueira das vaidades. Na hora de fazer militância mesmo, pegar no breu, pra além de faturar seu troco, todos tiram o seu da reta, como qualquer cagão de mérdia.

Nem tô falando para ser o ultrarevolucionário, não tem nada a haver, cada um faz o que bem entender, a arte engajada me enche o saco, não tem nada com partidarização. Ô epocazinha de merda. Ao menos, deixa em paz quem faz algo além de seu trabalho, além de ganhar grana. Só isso é fácil. Agora, quero ver algo além disso. O que tá difícil de acontecer.

Mesmo os artistas não possuem nenhuma aura especial, é tudo uma grande e mesma bosta, comem do mesmo pão que o diabo amassou. Pois a entrada tem que ser cara ou financiada pela Prefeitura, pelo Estado ou pela privada (cheia de merda pra bancar0, para bancar pelo menos o arroz com feijão. E geralmente quem banca é a pseudo-burguesia.

Pois o que vejo são os pretensos bandidos, os ditos marginais, só que eles tem os mesmos costumes da classe mérdia, é só uma fachada, e esse filme eu já vi, não pago a entrada duas vezes, não. Podem até usar máscaras, de lumpen, de artista, de bebum, de junkie, dizer que não é classe, é vagabundo etc e tal, mas pra tudo há tempo, pra vadiagem e pro trabalho, mas duvido que não precisam de grana pra comprar suas cachaças, sua TV a cabo, sua internet, seus carros e casas própria e o caralho a quatro, só enganam os desavisados.

São na verdade igual a comerciantes, pequenos, médios, ou grandes, o mesmo que os burgueses das feiras dos fins da Idade média feudal. Não há diferença alguma, até no ponto de vista dos feudos. E não há nenhum problema ou rancor em ser comerciantes, desde que se assumam com tal, e não se julguem mais ou menos que ninguém por isso.

Também usam das mãos e dos pés, da voz ou da cabeça para trabalhar, são também trabalhadores, operárias, a questão é que tem uma renda um pouco maior que os outr. A diferença é que sempre tem inveja, sempre tem rancor e ódio da grande burguesia, mas colabora com ela, chupa e puxa o saco dela sempre que pode, querendo diferenciar-se dos trabalhadores. E a questão não é pessoal, muito menos individual. Alguns deles até se entregam com a má-consciência, com a consciência culpada, e ficam se justificando não sei pra quem.

Eu conheço muito peão, fodido, que bancava de ser trabalhador, radical, sindicalista, mas no primeiro momento, já dá um pulinho e se acha o bom burguês. É só se cercar de algumas parafernálias, de som, de dvd, de tv a cabo, um carro, uma casa própria que se aburguesam do mesmo modo.

São os novos ricos, os verdadeiros bárbaros, máquinas de fazer e ganhar dinheiro, não importando se tem que rasgar seus cús e sacos, mas a cuca está sempre fundida, e se acham o máximo.

Taí uma tiração de onda com a classe mérdia, de uma grupo que curto pacas, "Aeroporto de congonhas", do Joelho de Porco. Aperta no título que tem outra tiração do Max Gonzaga: http://www.youtube.com/watch?v=GdCXVmX6Myo

Triste comédia
a familia paulistana
não tem fim de semana
não tem praia nem montanha

No aeroporto de congonhas
passa todos os domingos
só pra ver avião descendo
só pra ver avião subindo

Que tragédia
sexta feira aluga a kombe
vai lotada pra emigrantes
num pic-nic em praia grande
que é gigante

No aeroporto de congonhas
passa todos os domingos
só pra ver avião descendo
só pra ver avião subindo

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Crente do rabo quente



Acabamos de ver o Judas Priest, estava a maior empolgação pelo rock, a rapaziada acabou por se desencontrar. Eu peguei um ônibus na Avenida, próximo da Santos Dumont. Encontrei os camaradas no bar do Gera, e ficamos conversando sobre a puta apresentação que tinhamos acabado de presenciar.
A noite foi passando, a conversa se empolgando, o bar do Gera até fechou. Fomos para o Alternativo, a única alternativa ali no local. Começamos a tomar aquelas pingas com mel, vodka e conhacões. Haviam uns caras cabeludões, que estavam por lá, o Alexandre também pintou na parada, e tinha também uma mulher.
Ficamos todos conversando numa roda, sobre todoas os assuntos. A mulher era o alvo de todos, mas como geralmente acontece, se muitos ficam em cima, não sobra pra ninguém. Ela falou uma coisa engraçada que lembro até hoje, de que era Católica, e que católicas como ela davam a buceta, diferentemente das crentes, que dão o cú para dizer que se casam virgens.
É, eu tive que concordar, pois não era a toa que eu fazia a associação desde moleque quando diziam "crente do rabo quente".
Só sei que os camaradas, Piki, Alexandre, todos acabaram por ir embora. Nós ainda mudamos de bar, fomos para umqe parece mais uma padaria na esquina da Santo Antonio com a Treze, quase saindo na nove de julho.
O dia raiou, era quase meio dia quando resolvemos ir embora. Eu só lembro de dormir no ônibus e quase passar do ponto, como era de costume.

Para negra-índia, em seu aniversário

Já passou das cinco horas da matina

A nega está em casa, dormindo

Ela terá que aturar para o café

A chegada do seu branco.

Ele está bêbado, com um bafo de onça

amanheceu e o mala do bebum de cana ainda está para chegar

Às vezes, ele é como um gato arredio, arisco na noite:

mais preso à casa do que à dona

Noutras, como um cão vira-lata que ama sua dona

Quando chega, ele passa pelas suas pernas

O gato dá trabalho pra sua nega

Pega nas tetas, alisa, amassa o corpo

Pega nos pêlos, agarra o cabelo

Não dá sossego para essa nega, que é muito valente

Pega duro no batente, paraíba, mulher macho, mais forte que muito homem, sim sinhô

Nega, índia, potiguar genuína socialista autêntica assistente social da habitação

Vai nas areas de Diadema lutar pelo direto à moradia do povo

Luta pela sociedade sem classes pelo fim da propriedade privada

Os homens e as mulheres são livres

Não possuem donos, não são coisas

Não pertence a ninguém, como o gado

Só levantei a mão para a nega para acariciar a sua face indígena

Apenas nos agarramos, nos atacamos

Apertamos, mordemos, arranhamos

Ela mostra os genes

Sua ascendência potiguar

Antropofágica

Canibal.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Os bandidos engravatados com o poder de votar as leis, estão votando neste instante o Projeto do Sade-Serra que foderá mais ainda com os professores e a Educação


Hoje a tarde fizemos um agito, com muito pouco tempo e recursos, conseguimos agitar alguns professores e professoras, que passaram lá na goma da subsede, e fomos para a Assembléia Legislativa. O dia não tava pra peixe, e a maioria ainda prefere ficar na escola, infelizmente, até entendo, pois a desmoralização e o desconto são imensos. Só deixarão de ser coitados (fodidos, pois coitado deriva de coito, foda) levantando a cabeça e derrubando estes pilantras. Tem o maior poder nas mãos, podem sacudir o mundo.
Logo no início fomos tratados como bandidos, a polícia e a tropa de choque impediam de entrar naquele elefante branco, das tetas da vaca sugadas do povo. Fomos dando nossos papeis, e sacando aquele marasmo.
Começou uma falação rápida, a oposição obstruiu, mas todos os puxa-sacos do Vampirão anêmico, o Senhor José Serra, ficaram calados e nada defenderam o projeto que foderá de vez com a carreira profissional dos mestres professores.
E esse verme nazista ainda quer ser o presidente e levar seu economista da educação para o ministério da Educação, para voltar a foder com a Escola pública, da básica à superior, e encher o bucho dos donos do ensino privado.

"Fora! Fu! Fora o bom burguês!..."(Mário de Andrade)

Você me Inveja e por isso me ataca... A cada ataque me sinto mais forte! ... a minha vontade de poder aumenta e eu cresço cada dia mais. ... (Friedrich Nietzsche)

Já convivi com vários sujeitos egocêntricos, que não sabem sair de seu mundo-ovo, sair para conhecer outros, pessoas sem capacidades de formular argumentos numa discussão. Apenas sabem trabalhar com a desqualificação do que os outros dizem, da fala dos outros, mas não dizem nada.
Os afetados pensam que sabem tudo, mas sua arrogância os cega, pois só sabem debater do ponto de vista pessoal, com ofensas, não sabem na verdade, debater. São os sem politicidade, no sentido mais amplo, de cidade, de ser cidadão do mundo, e de discutir as coisas com propriedade e com respeito.
São os verdadeiros trogloditas, só sabem jogar rugby, chutar a canela e dar golpes baixos na luta de boxe da discussão. A maioria pensa que discussão é uma briga. Só que não sou a maioria, não sou massa de manobra, sou o que sou. Se acham os verdadeiros porta-vozes da razão, mas não tem a vivência, muito menos a experiência de uma pá de coisas, só carregam pálidas imagens que papagaiam por ai, mundo afora, e acreditam que estão apavorando.

Deficientes dos sentidos



"A Pessoa bruta não liga pra nuance das coisas".

Jorge Mautner

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